Cresce a lista de empresas que cortaram relações com a Rússia após a invasão à Ucrânia. O movimento é puxado por gigantes como Apple, Google, Facebook, Adidas, Ford, BMW e várias outras companhias que se retiraram do país ou, no mínimo, suspenderam temporariamente as suas atividades. Nem as petrolíferas ficaram de fora, apesar das enormes reservas da região: Shell, BP e ExxonMobil, por exemplo, anunciaram o fim de parcerias com empresas russas, o desmonte de operações e a desistência de prosseguir com novos projetos.
Toda guerra é também uma empreitada econômica. Sabemos bem que sanções internacionais podem castigar um país tanto quanto tanques e bombas. Isso não é novidade. O que Putin parece ter se dado conta só agora é que, em um mundo crescentemente globalizado e conectado, a reação dos mercados e dos consumidores a uma clara violação de direitos humanos nunca foi tão instantânea e descentralizada.
A invasão da Ucrânia é uma guerra da era das redes sociais. Aqui no Brasil, posso assistir à live de um morador de Kiev, ou acompanhar pelo Instagram a jornada de um refugiado em direção à fronteira. O drama humano chega ao vivo e em primeira pessoa. As mesmas ferramentas que permitem essa conexão direta dão ao cidadão o poder de cobrar um posicionamento claro por parte de empresas e governantes: “Vocês concordam com isso?”
Marcas dependem de sua reputação e a pressão da opinião pública, amplificada pelas redes, tornou tóxico o ambiente de negócios da Rússia. A saída voluntária das empresas se soma a um conjunto de sanções políticas – o que deve se intensificar nos próximos dias – e à retirada de alguns dos maiores bancos russos do sistema Swift, responsável por transações financeiras internacionais. Com isso, o rublo caiu 30% e a Bolsa de Moscou precisou fechar. Em poucos dias, a taxa de juros saltou de 9,5% para 20%.
O custo econômico da guerra só cresce para Vladimir Putin. Internamente, o descontentamento da população russa tende a aumentar na mesma proporção em que aumenta o isolamento do país. O preço, para horror do autocrata instalado há mais de duas décadas no Kremlin, tem chance de ser cobrado nas urnas.
No conflito ucraniano, afinal, os cifrões podem ser munição mais eficaz do que bombas.