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Pé na estrada

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Turismo rural: levamos a Toyota SW4 para uma festa no interior de SP

A bordo do popular SUV viajamos até Pardinho para participar da Festa do Porco, parceria entre a queijaria Pardinho Artesanal e o chef Jefferson Rueda

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 nov 2024, 16h41
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  • O conceito de luxo no mercado automotivo é bastante flexível. Pode ser entendido como exclusividade – modelos produzidos em pequena escala, de forma quase artesanal. Ou por esportividade – casos em que se paga pela performance, e não necessariamente por conforto. Mas também pode ser significar robustez e confiabilidade. Quem olha apenas o preço da SW4, maior SUV da Toyota disponível no Brasil, não compreende como o modelo tem tantos defensores. A versão mais barata, a SRX de 5 lugares, custa R$ 380 mil. A mais cara, Diamond, custa R$ 433,5 mil. É um valor semelhante a alguns dos principais esportivos. Mas bastam alguns momentos ao volante guiando esse colosso para entender porque ele é atrativo.

    De cara, a posição elevada de dirigir, com a boa visibilidade proporcionada pelos amplos vidros, cativa. Há potência de sobra – o motor 2.8L 16V turbo movido a diesel com potência de 204 cv e torque de 50,9 kgf.m é mais do que suficiente para impulsionar o colosso de mais de quase 2,2 toneladas. A cabine é silenciosa, o espaço é generoso. É ainda um daqueles carros que transmitem uma sensação de robustez e confiabilidade. Todo esse conjunto se traduz em prazer ao dirigir. É feito para encarar a estrada, embora seja capaz de enfrentar trechos acidentados. Mas, principalmente, um bom companheiro em longas viagens.

    A bordo da SW4, viajamos até a zona rural da cidade de Pardinho, no interior de São Paulo, para participar da primeira Festa do Porco organizada pela queijaria Pardinho Artesanal em parceria com o chef Jefferson Rueda, da Casa do Porco. A amizade entre Rueda e Bento Mineiro, proprietário da Pardinho, é antiga. Rueda usa os queijos da Pardinho em seu restaurante, e a queijaria cria porcos, que se alimentam do soro do leite e depois são usados pelo chef. Outros produtores da região, como a vinícola Refúgio, pioneira em usar as técnicas da colheita de inverno para produzir em Bofete, também participaram do evento.

    Jefferson Rueda finaliza os pratos que serão servidos durante a Festa do Porco
    Jefferson Rueda finaliza os pratos que serão servidos durante a Festa do Porco (André Sollitto/VEJA)

    A Festa do Porco é uma versão maior e mais completa do evento Deguste Pardinho, iniciativa da queijaria para mostrar seus produtos ao público. Tornou-se parada obrigatória para quem passa pela região, e vem trazendo pessoas de longe apenas para curtir um dia na fazenda. É um fenômeno que vem ganhando força pelo país. A presença do chef Jefferson Rueda, é claro, é um atrativo adicional.

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    Em fornos de tijolo montados no meio do campo, três porcos inteiros eram assados lentamente. a brasa fica longe da carne, para garantir a maciez. A pele fica por cima, e o animal é virado apenas no final do cozimento apenas para garantir a crocância. Jefferson circula pelos fornos, confere o processo, cumprimenta os visitantes, posa para fotos. Enquanto isso, seu irmão, Washington Rueda, cuida do preparo, junto com seus ajudantes. Lustra a pele, checa se é o momento de virar a carne. Enquanto todos esperam pelo momento principal, dá para provar outros quitutes tradicionais da Casa do Porco, como a Porcopoca e o torresmo, bem carnudo, servido com goiabada.

    Irmão de Jefferson, Washington cuida do preparo do Porco SanZé
    Irmão de Jefferson, Washington cuida do preparo do Porco SanZé (André Sollitto/VEJA)

    Ao lado, em um enorme tacho de cobre, o mineiro Glaucio Peron começa o longo preparo de seu tradicional doce de leite. Mistura os ingredientes, incluindo gelatina de porco trazida por Rueda, no recipiente e vai mexendo. Sorri, tira fotos, conta causos. E aproveita para compartilhar a história de sua família e da sua empresa, Doce da Roça. Os Peron vieram de Pádua, na Itália, no começo o século passado para trabalhar nas terras do Visconde do Rio Branco em Ouro Preto, Minas Gerais. Com o passar do tempo, continuaram batalhando para comprar um pedaço de terra na região, e para conseguir pagar as prestações recorriam à venda de doces caseiros em quermesses. Glaucio foi responsável por recuperar essa tradição. Nos últimos anos, passou a criar doces tradicionais em versões gigantes, como a enorme roda de doce de abóbora com coco de mais de duzentos quilos exposta ao lado do tacho de cobre. Segundo ele, é uma maneira de se diferenciar no mercado. E os doces são bons. Em 2010, por exemplo, foi eleito o melhor do país no Festival nacional de Gastronomia e Culinária Regional realizado em Belo Horizonte. Também abre as portas de sua propriedade, em Poços de Caldas, para visitação.

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    Glaucio Peron, da Doce da Roça, prepara um tradicional doce de leite no tacho de cobre
    Glaucio Peron, da Doce da Roça, prepara um tradicional doce de leite no tacho de cobre (André Sollitto/VEJA)

    Enquanto Glaucio continua preparando seu doce de leite, o Porco SanZé de Rueda fica pronto. O animal é cortado em pedaços maiores e depois, novamente, em porções individuais, com rapidez. A fila para se servir começa a crescer, enquanto o chef termina de montar os pratos com a facilidade adquirida após anos no comando de cozinhas profissionais. O clima é de descontração. Uma tarde dedicada à comida e bebida. Depois do Porco SanZé, o doce de leite fica pronto e é servido com outros doces e com os queijos da própria Pardinho.

    É um modelo de turismo rural que tem atraído muita gente que mora nos grandes centros urbanos, mas busca uma reconexão, mesmo que momentânea, com o interior. E, nesse cenário, a SW4 é o tipo de carro que faz a ponte entre cidade e campo de forma natural. Tem a robustez que se espera de um carro para as estradas de terra, mas com um pacote de tecnologias de assistência que facilita o uso no asfalto.

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    Embora versátil, a SW4 tem alguns pontos de atenção. Seu tamanho pode atrapalhar nos ambientes urbanos, especialmente na hora de entrar em estacionamentos mais baixos de shoppings, ou mesmo encontrar uma vaga larga o suficiente. No trânsito, principalmente em avenidas com faixas mais estreitas, há uma tensão constante de que alguma moto possa passar raspando ou que um motorista distraído faça algum estrago. E a conexão do celular com a central multimídia, feita por cabo, é bem instável. Em vários momentos, o percurso do GPS foi interrompido e foi preciso reconectá-lo.

    Mas são reclamações menores. A experiência ao volante é positiva. E dá vontade de pegar a estrada para curtir passeios como a Festa do Porco ou outros, por mais longe que seja o destino. No fim, passamos quase tantas horas ao volante quanto no evento. E tudo bem. É tudo parte da experiência.

    Tamano da SW4 atrapalha na cidade, mas é ponto forte em viagens longas
    Tamano da SW4 atrapalha na cidade, mas é ponto forte em viagens longas (André Sollitto/VEJA)
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