Um agente penitenciário é mantido refém por detentos rebelados da Casa de Custódia de Curitiba (CCC) por mais de 96 horas. A rebelião na unidade teve início por volta das 18h de domingo, 1º, quando um grupo de presos rendeu cinco agentes penitenciários que faziam a contagem de rotina em uma das galerias. Um deles foi liberado ainda no domingo. Outros três foram soltos na tarde desta quarta-feira,4. Todos tinham ferimentos leves, foram encaminhados para atendimento médico e passam bem. O agente que permanece no interior da unidade também passa bem.
Em nota, o Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) informou que as “negociações com os detentos avançaram” e que os amotinados prometeram liberar o último agente detido na manhã desta quinta-feira, 5. O governo do estado tem tentado passar uma imagem de tranquilidade diante da rebelião. Em entrevista, a governadora Cida Borghetti (PP) chegou a afirmar que o clima na Casa de Custódia era “pacífico e tranquilo”.
O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) rebate. “Acho que foi uma infelicidade da governadora dizer isso. Os presos tinham facas e armas. Não dá para assegurar o que vai acontecer, que vai ficar tudo bem. Uma rebelião é sempre uma rebelião”, diz Ricardo Miranda, presidente do Sindarspen. Para ele, o problema pode ocorrer em qualquer unidade prisional do Paraná. “Temos uma série de problemas estruturais no sistema todo. O número de detentos cresceu, mas não houve contratação de agentes e nem aumento de vagas.”
Máfia Paranaense
Vídeos obtidos por VEJA gravados entre terça, 3, e quarta-feira, 4, mostram dezenas de presos encapuzados e os agentes rendidos, com facas e estoques (facas improvisadas) no pescoço. Eles se identificam como integrantes da “Máfia Paranaense” e pedem que detentos da organização criminosa que estão presos em outras unidades prisionais “dominadas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) sejam transferidos de volta para a Casa de Custódia.
O pedido de transferência seria a causa inicial da rebelião, mas, ao longo dos dias, a exigência teria sido aceita pelos negociadores e novas exigências teriam sido feitas. “É uma demonstração de força deles. Essa organização é formada por detentos que foram excluídos da outra organização [PCC]. Eles se concentram basicamente na Casa de Custódia de Curitiba”, diz Ricardo.