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Pepeu Correa, dono da produtora de shows 30e: ‘É um mercado sexy’

Vindo do mercado financeiro, o empresário criou a empresa em plena pandemia — e fez dela uma das maiores produtoras de espetáculos do Brasil

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 nov 2024, 08h00
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  • Dentro do clube fechado que costuma ser o mercado de produção de grandes shows no Brasil, um “intruso” começou a chamar a atenção. Vindo do mercado financeiro, o empresário Pepeu Correa, de 36 anos, tentou a sorte no ramo em 2021, fundando em São Paulo a 30e. Em poucos anos, ela se tornou uma das maiores forças no ramo, à frente de concorrente nacionais como a T4F e até o braço brasileiro da Live Nation. O salto da 30e veio com a turnê Titãs Encontro, que reuniu os sete músicos da banda em 2023 e se tornou a mais bem-sucedida daquele ano. “Após uma tentativa frustrada de reunir o Sepultura, eu pensei: ‘Qual outra banda poderia retornar?’. Os Titãs sempre foram grandes vendedores de ingressos”, afirma Pepeu. Apostar na nostalgia, aliás, foi uma boa sacada. Ele investiu em nomes que pareciam pálidos, mas se revelaram capazes de arrebanhar multidões, como Natiruts e NX Zero. Na seara internacional, trouxe Kendrick Lamar, Lana Del Rey e Mariah Carey. Até dezembro, a empresa se consolida de vez como a maior produtora de espetáculos internacionais neste ano no país com apresentações do rapper americano Chris Brown e do cantor Lenny Kravitz.

    A vida até parece uma festa: A história completa dos Titãs – Hérica Marmo e Luiz André Alzer

    A primeira investida na produção de show surgiu na adolescência, quando Pepeu enxergou o grupo Village People, um dos ícones da disco music dos anos 1970, como uma possível mina de ouro. Famosa por músicas como Macho Man, coreografada pelos integrantes vestidos como ícones da masculinidade, entre eles, um índio, um operário, um policial e um cowboy, a trupe cultuada pela cena gay havia acabado de retornar aos palcos. Sem experiência no mercado de entretenimento — mas com um providencial aporte financeiro de seu avô, o renomado publicitário Petrônio Correa (1928-2013) —, Pepeu contratou a banda para sete apresentações no Brasil em 2008. Na época com 19 anos, ele embarcou com a trupe em um ônibus e precisou lidar com empecilhos como um chilique de um dos cantores e uma tentativa de fuga da prisão em Tremembé, que quase cancelou uma apresentação.

    The Best Of Village People [Disco de vinil]

    Por essas e outras, o sonho de fazer carreira no showbiz ficou adormecida durante um bom tempo. Pepeu entrou para o mercado financeiro como sócio da gestora de investimentos Centuria, no coração da Faria Lima, em São Paulo, mas o interesse pelo mundo artístico permaneceu. O retorno aos shows ocorreu na pandemia, em 2021, quando ele apostou que poderia surfar na demanda reprimida por apresentações após a retomada dos eventos presenciais. Assim nasceu a 30e. “A sociedade passa por revoluções de trinta em trinta anos”, diz Pepeu, explicando o nome escolhido. Com a expertise do mercado financeiro, atraiu 270 milhões de reais em investimentos para iniciar a operação e, rapidamente, colocou a empresa entre as maiores do ramo no país. “Hoje temos investidores sobrando. É um mercado ‘sexy’”, garante.

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    LOTAÇÃO MÁXIMA - Turnê Titãs Encontro (acima); Mariah Carey (à esq.) e Lana Del Rey em São Paulo: apostas da empresa passam pelo apelo da nostalgia até a busca por astros internacionais com demanda nacional
    LOTAÇÃO MÁXIMA – Turnê Titãs Encontro (acima); Mariah Carey (à esq.) e Lana Del Rey em São Paulo: apostas da empresa passam pelo apelo da nostalgia até a busca por astros internacionais com demanda nacional (Marcos Hermes; @ju _/@pridiabr/Divulgação; Ariel Martini/Divulgação)

    No Centro do Poder: A Trajetória de Petrônio Corrêa – Regina Augusto

    O modelo de negócios da 30e é de produzir eventos em série. Nessa linha de produção, shows de grande sucesso acabam compensando as apostas menos rentáveis. A estratégia tem dado resultado. Desde 2022, já gerou receitas de 1,4 bilhão de reais. Devido a esse ritmo acelerado de produções, de palco em palco, alguns tropeços acabaram acontecendo. No início de 2024, Ivete Sangalo e Ludmilla romperam com a 30e, dizendo que a produtora não entregou o que prometeu: ambas planejavam giros gigantescos em estádios pelo país. “O planejamento foi mesmo muito otimista”, reconhece Pepeu. Também enfrentou uma tragédia que, infelizmente, ainda é comum no meio: no festival I Wanna Be Tour, um jovem morreu eletrocutado ao encostar em um food truck na chuva. Os protocolos de segurança da empresa, então, foram revistos, garante o criador e CEO da 30e.

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    Realce – Gilberto Gil [Disco de vinil]

    Para 2025, ele quer realizar 300 eventos para um público de aproximadamente 5 milhões de pessoas — plano a ser financiado por um fundo de 150 milhões de reais criado para ajudar fornecedores fora do eixo Rio-São Paulo. A grande aposta da companhia para o próximo ano será a turnê de despedida de Gilberto Gil. Com a bilheteria cada vez mais recheada, o show não pode parar mesmo.

    Publicado em VEJA de 8 de novembro de 2024, edição nº 2918

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