O maior (e mais perigoso) erro do The Town
Evento chega ao final com erros e acertos, mas uma decisão se destacou como principal causadora de tumultos no festival paulistano
A primeira edição do The Town chega ao fim nesse domingo, 10, depois de cinco dias de atrações badaladas e uma série de erros e acertos. Entre as decisões equivocadas do festival, a maior delas é, sem dúvida, a distribuição (ou a falta dela) dos palcos, que causou tumulto e até situações perigosas para o público.
Seguindo na contramão do Lollapalooza, que espalha os palcos por todo o Autódromo de Interlagos, a organização do The Town escolheu montar as estruturas próximas umas às outras. O objetivo, na teoria, era diminuir o tempo de trajeto entre os palcos, mas o que aconteceu foi uma concentração de praticamente todo o público do festival em uma área pequena e apertada do autódromo. Isso porque, o Skyline e o The One, que concentram as principais atrações do evento, ficam um de frente para o outro, e o Factory, que também reuniu atrações disputadas, foi montado logo ao lado.
Com as atrações reunidas em uma única região, o público também não saiu dali. O resultado foi uma multidão de 100 mil pessoas abarrotadas como sardinhas em lata. Para piorar a situação, o palco principal fica em um beco sem saída. Para deixar o local, é preciso passar por um funil estreito que dá para o palco de The One, enfrentando também a fila do bar colocado logo à frente. De lá, outro afunilamento, com uma roda gigante e o Factory no caminho, leva até a saída. Com o escoamento mal planejado, transitar entre os palcos virou um verdadeiro martírio, com congestionamentos mais parados do que a marginal em horário de pico. É difícil imaginar deixar o local com agilidade em caso de mal-estar, e impossível projetar como a multidão seria evacuada sem riscos de pisoteamento em caso de imprevistos.
Outro ponto importante é que a má distribuição causou a falsa impressão de que o The Town tinha um público muito maior do que o Lollapalooza, como se o festival vendesse ingressos acima do limite que o local comporta. Os dois eventos, na verdade, tem números bem próximos, em torno de 100 mil pessoas por dia. A diferença é que o Lolla usa uma grande extensão do autódromo, enquanto no The Town a maior parte do terreno ficou praticamente vazia a medida que o público se concentrava no amontoado de palcos. A lição que fica é que às vezes é melhor repetir o que já deu certo.