Desde a morte de Renato Russo, em 1996, os integrantes remanescentes do Legião Urbana, Dado Villa-Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria), escutam dos fãs insistentes pedidos para saírem em turnê tocando as músicas da banda. Foi assim há dez anos, quando o ator Wagner Moura assumiu os vocais em um show tributo, e está sendo assim desde então, com André Frateschi, também nos vocais, em shows temáticos para celebrar 30 décadas dos lançamentos dos discos mais icônicos.
Nesta nova encarnação, a dupla retorna ao palco na turnê As V Estações, criada para celebrar os 30 anos de lançamento dos álbuns As Quatro Estações e V. O primeiro, de 1989, contou com clássicos como Há Tempos, Pais e Filhos e Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto. O segundo, de 1991, marcou o início do período mais sombrio da banda, com Renato Russo descobrindo estar contaminado com HIV, além de sucessivas internações do cantor em clínicas de desintoxicação contra álcool, com músicas como Metal Contra as Nuvens, O Teatro dos Vampiros e Vento no Litoral.
No próximo sábado, 11, Dado e Bonfá trazem a turnê As V Estações para o Vibra São Paulo, na Zona Sul de São Paulo, com ingressos à venda na plataforma Uhuu.com. A dupla será acompanhada André Frateschi (vocal), Lucas Vasconcellos (guitarra), Mauro Berman (diretor musical e baixista) e Pedro Augusto (teclados). Marcelo Bonfá conversou com a reportagem de VEJA sobre a turnê e explicou que eles fazem questão de dizer que esta não é uma turnê do Legião Urbana, e, sim, uma celebração dos álbuns do grupo. Parte desse cuidado é devido a imbróglio com a empresa Legião Urbana Produções, que pertence ao filho de Renato Russo, que proibia o uso do nome da banda. Em 2021, o STF decidiu que os ex-integrantes poderiam usar o nome da banda. Leia a seguir os principais trechos:
O álbum As Quatro Estações é um dos mais bem sucedidos da banda. E o V foi lançado logo após Renato Russo descobrir que estava contaminado com HIV. Como é fazer uma turnê misturando esses dois trabalhos? Todos os discos do Legião Urbana são emblemáticos. A gente nunca fez discos para vender. Começamos a fazer turnês comemorativas em 2015, com o aniversário de 30 anos do primeiro álbum. O Legião Urbana começou com uma banda punk, muito visceral. Aí veio o rock progressivo. A gente fez muito sucesso, começou a viajar de jatinho e entramos numa do rock progressivo. Nada foi premeditado. Olhando para trás, eu vejo que o V foi o começo do fim. Não sabíamos disso na época. Acho que não conseguiria subir mais no palco tocando as músicas que fizemos nos álbuns posteriores a esse. O disco Outra Estação [lançado nove meses após a morte de Renato Russo] é triste. Não tenho condições de tocá-lo. Acho que o repertório que tocamos agora está super legal.
Há um cuidado de vocês em não dizer que é a banda Legião Urbana e, sim, Dado e Marcelo tocando Legião Urbana. Por quê? A verdade é que a gente nunca quis retomar o nome da banda. Por mais que a gente tenha criado tudo isso junto, quando o Renato faleceu, a gente nunca quis voltar. Legião Urbana era eu, Dado e Renato e, em algum momento, o Renato Rocha. Eu já estou com 58 anos, e encaro a vida de maneira diferente. Quando subo no palco, eu toco as músicas como eu as criei na bateria e o Dado como ele as criou na guitarra. Acho uma coisa deliciosa estar na estrada, especialmente com esses músicos jovens, que são fãs do Legião, nos acompanhando.
Recentemente, os Beatles lançaram uma música inédita recuperando a voz do John Lennon de uma fita cassete. Há materiais assim do Legião Urbana que poderiam sair no futuro? Acho essa história dos Beatles muito divertida. Mas não tem música do Legião inédita. Todo mundo já conhece. Os fãs têm tudo por aí. Não tenho nenhum planejamento para isso. Existem fitas cassetes gravadas lá no início do Legião, em Brasília, num estudiozinho furreco. Tem Geração Coca-Cola, Ainda é Cedo e outras. Mas essas versões já são conhecidas. E tem uma coisa chata que tudo tem que passar por essa empresa que se chama Legião Urbana Produções, que não tem a menor noção do que é a banda Legião Urbana.
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