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O Som e a Fúria

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Novos Baianos: a volta da banda após morte de Moraes Moreira e Galvão

Baby, Pepeu e Paulinho contam como lidaram com o luto, falam da turnê comemorativa de 50 anos de 'Acabou Chorare' e do show no festival Coala

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 set 2024, 11h49 - Publicado em 15 set 2023, 15h25

Há alguns anos, as desavenças entre os integrantes dos Novos Baianos haviam tirado dos fãs qualquer esperança de um retorno do grupo, até que, em 2015, após 27 anos, Pepeu Gomes e Baby do Brasil fizeram as pazes e se apresentaram juntos em um histórico show no Rock in Rio daquele ano. Desde então, o grupo vinha fazendo apresentações esporádicas e concorridíssimas com sua formação clássica, com Baby, Pepeu, Moraes Moreira, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor.

O imponderável, com sempre, insiste em atrapalhar e em 2020 deu-se a grande tragédia. Moraes Moreira morreu, aos 72 anos, vítima de Covid-19. Dois anos depois, Luiz Galvão, o grande poeta e principal letrista do grupo, morreu aos 87, por problemas cardíacos. Neste sábado, 16, os Novos Baianos, com Pepeu, Baby e Paulinho, retornam aos palcos em um show no festival Coala, no Memorial da América Latina, em uma celebração dos 50 anos do lançamento histórico Acabou Chorare, turnê adiada pela pandemia e agora retomada para homenagear os colegas falecidos.

Na noite desta quinta-feira, 14, a reportagem de VEJA acompanhou o ensaio que o grupo fez antes do show, em um estúdio de São Paulo, e conversou com o trio. Bem-humorados, eles demonstraram um entrosamento que só uma amizade de longa data, forjada por anos vivendo juntos em um sítio no Rio de Janeiro, poderia proporcionar. Baby era a mais espontânea e ditava o ritmo das canções. “Quero Preta, Pretinha com um andamento mais rápido. Parece que estou cantando uma valsa”, brincou. Pepeu, concentradíssimo na guitarra, acatou a decisão e Paulinho não perdeu um compasso. Cria do rock and roll, Pepeu deu um jeito de incluir um solo de Fire, clássico de Jimi Hendrix, em uma das canções. Galvão e Moreira, no entanto, são insubstituíveis e a falta deles é sentida a todo momento pelo trio. Confira a seguir os principais trechos do bate-papo: 

Vocês apresentam neste sábado, 16, no festival Coala, a turnê comemorativa dos 50 anos do Acabou Chorare. Vocês vão fazer mais shows?

Baby do Brasil: Fizemos uma live durante a pandemia a pedido do Coala e agora os organizadores nos convidam novamente para um show ao vivo. Temos o maior carinho por esse festival. Embora nós três estejamos em apresentações-solo, abrimos uma brecha na agenda para realizar essa turnê. Estamos comemorando uma vitória porque a semeadura é opcional,
mas a colheita é obrigatória. Estamos no tempo de colheita. Depois do Coala, vamos fazer, pelo menos, outros cinco shows, mas não podemos contar tudo.

Pepeu Gomes: Eu conto. Estamos estudando shows no exterior também.

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Percebi que vocês estão bastante entrosados. A amizade continua muito forte?

Baby: Nossa base é feita de amor. A gente pode até cair nos tapas se a gente quiser, mas jamais deixaremos de nos amar e caminhar um com o outro. Por quê? Porque os laços que nos unem são verdadeiramente laços de amor. Novos Baianos é “forever”.

Como vocês estão lidando com o luto pela morte de Moraes Moreira e Luiz Galvão?

Baby: Eu não consigo lidar com o luto. Eu não consigo acreditar na morte deles. Fui lá no velório e orei, gritei, levei as cartas que Pepeu e Paulinho escreveram antes. Eles estão vivos na nossa arte. É como se eles estivessem conosco. Mas não é fácil. Na minha cabeça é como se eles estivessem viajando. Gosto de pensar desse jeito porque eu não gosto desse sofrimento. Eles estão aqui, estão presentes.

Pepeu: Eu não superei a morte deles. Moraes era meu braço esquerdo. É ele que fazia a base para mim.

Paulinho: Novos Baianos não é mais nosso. É do povo brasileiro. Sempre que eu subir no palco eu subirei para homenagear o Moraes Moreira e o poeta Galvão. E também todos que já passaram pelos Novos Baianos. Nos últimos anos, eu tinha um relacionamento tão próximo com o Moraes que a minha mulher brincava comigo quando o telefone tocava. Ela dizia: “Seu namorado está te ligando”. Ele me ligava dez vezes por dia. Ainda escuto a risada dele. Outro dia comecei a fazer uma letra sobre ele.

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