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‘Não quero entregar algo ruim’, diz Joss Stone, atração do Rock in Rio

Cantora já percorreu todos os países do mundo em turnê e desembarca no Brasil para apresentação no Rock in Rio, além de três shows solo

Por Mariana Carneiro 18 set 2024, 10h00
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  • Aos 37 anos e com uma longa carreira consolidada, Joss Stone já vendeu mais de 14 milhões de discos, rodou o mundo fazendo shows e agora desembarca no Brasil — pela sétima vez — para uma performance no Rock in Rio. A cantora inglesa sobe ao Palco Mundo na quinta-feira, 19, às 19h, e se apresenta também em Ribeirão Preto, Belo Horizonte e São Paulo nos dias 21, 22 e 24 de setembro, respectivamente. Em entrevista a VEJA, a artista falou sobre o que aprendeu através do contato com diferentes culturas, a celebração de seus 20 anos de carreira e seus projetos futuros. Confira a seguir os principais trechos:

    Você vem ao Brasil para se apresentar no Rock In Rio e também em São Paulo, Ribeirão Preto e Belo Horizonte. O que podemos esperar desses shows?
    Agora estamos em turnê com um show que criamos para celebrar os meus 20 anos de carreira, e vamos fazendo pequenos ajustes conforme avançamos. Antigamente, eu costumava escolher as músicas com base em como eu me sentia no dia de cada show, nunca tinha um plano preestabelecido. Mas eu decidi gravar um álbum ao vivo durante esta turnê, algo que eu nunca havia feito antes, então precisei montar um espetáculo coeso. E eu adorei, está sendo emocionante. Abrimos o show com uma música chamada Star, que escrevi sobre se sentir bem consigo mesmo e deixar sua luz brilhar. É uma canção muito positiva, eu até mesmo gravei com um coral infantil, então é ótimo começar o show com essa energia. Depois passamos por várias músicas antigas que eu não cantava há um bom tempo. Também há um momento disco no show, inspirado pelos meus filhos, que adoram dançar. Eu não costumava ouvir músicas dançantes antes de tê-los. É divertido para todos na plateia e na banda, os músicos têm a oportunidade de tocar seus próprios solos, nós rimos bastante.

    Você está comemorando 20 anos de carreira e incluiu músicas que não tocava há algum tempo no repertório da turnê. Como é revisitar essas últimas duas décadas de trabalho?
    É bem emocionante. Quando estava planejando a turnê, eu sentei no estúdio, escrevi o título de todas as minhas músicas em um papel, recortei cada uma e espalhei em uma mesa. Então passei horas movendo os papéis e pensando em quais músicas eu realmente queria cantar e quais eu não queria de jeito nenhum. Foi assim que condensei 20 anos de trabalho em uma única apresentação. Me senti um pouco pressionada para encaixar tudo, então, inicialmente, o show ficou com três horas e meia de duração, mas fizemos alguns medleys e conseguimos reduzir o tempo. Quero que qualquer um que assista ao show possa sentir que ouviu um pedacinho de cada momento da minha carreira, de cada disco. Então saímos em turnê, gravamos o álbum ao vivo, e quando escutei a mixagem final comecei a chorar. Me senti orgulhosa do quão bom aquilo ficou. Passei os últimos 20 anos trabalhando com música e gosto do que fiz, o que é um alívio, porque eu poderia sentir vergonha das minhas canções. É daí que vem o meu medo. Não quero sentir vergonha, não quero entregar algo ruim, não quero estragar tudo. Quero que meu trabalho seja bom, e sinto que consegui atingir essa meta nos últimos 20 anos. 

    Há alguns anos, você fez uma turnê que passou por todos os países do mundo. Poderia falar um pouco sobre essa experiência? 
    Eu realmente tentei visitar o máximo de lugares que podia. Fui a todos os países do mundo com a intenção de fazer um show, gravar uma colaboração musical com artistas locais e visitar instituições de caridade. E consegui cumprir essa meta, exceto no Irã, último lugar em que passei com a turnê. Cheguei lá e fui deportada, já que mulheres não podem fazer apresentações solo no país. De qualquer forma, a parte dessas viagens que mais me ensinou sobre diferentes culturas foi falar com as instituições de caridade e fazer as colaborações. Os shows foram muito divertidos, mas também foram a parte mais tediosa do projeto, porque era algo mecânico, repetitivo. Eu pensava “ok, vou cantar minhas músicas mais uma vez”. Mas tudo bem, porque foram essas músicas que abriram portas para que eu pudesse fazer minha turnê mundial. Cada país tem suas próprias regras, às vezes é bem difícil conseguir um visto para ir a certos lugares. Geralmente, se você for com boas intenções, eles te deixam entrar. “Você só vai tocar música? Claro, sem problemas.” Se minha intenção fosse abrir um negócio no país, por exemplo, a recepção seria outra. Aprendi bastante sobre as regras de cada local. E conhecer novas culturas foi incrível, percebi que as pessoas são muito, muito parecidas em qualquer lugar do mundo.

    Como assim?
    Todo mundo ama e todo mundo quer que seus filhos fiquem bem. A maioria das músicas que gravei nas colaborações falava sobre algum tipo de amor. Às vezes tratávamos de temas políticos, mas o amor era o tópico mais recorrente. Isso é uma coisa adorável de se lembrar, o mundo está cheio de pessoas e estamos todos muito alinhados. As únicas diferenças são a culinária, o estilo de roupa, a linguagem, mas, no fundo somos todos humanos. 

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    Quais países mais te marcaram? Gostaria de revisitar algum? 
    Adoraria voltar para a Zâmbia e o Essuatíni. Gostei muito de estar na África, o continente tem uma energia muito boa, musicalmente falando. Também adorei a Oceania, especialmente Samoa, que é um país maravilhoso. Quero muito voltar para lá, estou só esperando meus filhos ficarem mais velhos. São dois dias de viagem de avião partindo dos Estados Unidos, e viajar por tanto tempo com crianças pequenas deve ser estressante. Outro lugar que me marcou bastante foi a Antártida. Não precisávamos passar por lá com a turnê, porque tecnicamente a Antártida não é um país, é uma zona neutra administrada por vários países. Depois do show, eu fui em um barco turístico, vi pinguins e aprendi sobre Ernest Shackleton, um explorador britânico que conduziu várias expedições para a Antártida. A viagem me marcou tanto que, anos depois, eu decidi chamar meu filho de Shackleton. Foi uma visita rápida e avassaladora.

    Você lançou uma nova música em agosto, chamada Loving You, e está trabalhando em um álbum que será lançado em 2025. O que podemos esperar de seu próximo disco?
    Será um disco dançante, eu diria. Eu já fiz músicas de todos os tipos, gravei com pessoas do mundo inteiro, cantei reggae, hip-hop, jazz e rock, mas nunca havia explorado a dance music. Não estava na minha área de atuação, mas meus filhos amam dançar, e eu decidi gravar um álbum para eles. A forma que encontrei de fazer isso foi seguir o estilo da velha guarda, a cultura das discotecas dos anos 1970 me inspirou muito. Enfim, eu realmente quero que meus filhos gostem do meu trabalho. Eles ainda são pequenos, então acham que tudo que faço é incrível, mas quando chegarem aos 11, 12 anos, talvez não pensem mais assim.

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