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O Som e a Fúria

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Menudo: a maldição que assola o tenebroso submundo da fama precoce

Mortes, abusos sexuais e consumo de drogas: além do Menudo, integrantes de outras boy bands não suportaram o peso da fama, que agora atinge também o K-pop

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 jun 2022, 11h55

Suicídios, abusos sexuais, consumo de drogas e prisões. Apesar do sucesso estrondoso que a boy band portoriquenha Menudo fez nos anos 1980 e 1990, ela é um dos mais tristes exemplos do tenebroso submundo da fama precoce. Na semana passada, o músico Angelo Garcia, que integrou o grupo entre 1988 e 1990, revelou na série documental Menudo: Forever Young, que foi abusado sexualmente enquanto fez parte do grupo. “Tudo o que me lembro é que eu, tipo, desmaiei. Quando acordei, estava nu e sangrando, então sabia que havia sido penetrado. Eu tinha, tipo, essas marcas de queimadura do tapete no rosto… Fiquei muito confuso e não entendi”, diz ele no documentário.

O programa também revelou outros casos assustadores de abusos contra quase todos os 32 meninos que passaram pelo grupo, criado pelo produtor  Edgardo Diaz. Ao “fabricar” o Menudo, em 1977, Diaz planejava substituir os meninos sempre que eles atingissem 16 anos, mantendo uma espécie de “fonte da juventude”, mesmo sem oferecer nenhuma estrutura psicológica para os garotos enfrentarem a fama precoce. Outro que sofreu ataques sexuais foi Roy Rosselló. Em entrevista em 2017, ele afirmou que um desses abusos ocorreu no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, ele cogitou tirar a própria vida. Em 2020, o cantor venezuelano Anthony Galindo, o Papi Joe, que fez parte do Menudo nos anos 1990, morreu aos 41 anos após ter sido internado em estado grave por tentativa de suicídio. Segundo os familiares, ele sofria de depressão agravada pelo isolamento social da pandemia.

A maldição, no entanto, não é exclusividade do Menudo. Diversos artistas que começaram a carreira muito cedo também não tiveram à disposição uma estrutura psicológica para lidar com o showbiz. Um desses casos é do brasileiro Rafael Ilha, da boy band Polegar. Com o fim do grupo, ele começou a consumir cocaína, álcool e crack e chegou a viver nas ruas. Nesse período, foi preso duas vezes. Em 2009, ele tentou se matar fincando pedaços de vidro no pescoço. Há, ainda, um caso internacional famoso de ex boy band acossado pelo vício: AJ McLean, do Backstreet Boys. No início dos anos 2000, ele foi internado duas vezes em uma clínica de reabilitação para tratar a dependência química.

Atualmente, essa pressão pela fama foi direcionada para os grupos de K-Pop, na Coreia do Sul. Nos últimos anos, diversos artistas cometeram suicídio por não suportarem as cobranças. No ano passado, inclusive, o governo de lá iniciou uma ação para prevenir mortes de celebridades que não suportaram o bullying, as cobranças e a depressão, efeitos colaterais da busca pela fama.

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