Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

O Som e a Fúria Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Felipe Branco Cruz
Pop, rock, jazz, black music ou MPB: tudo o que for notícia no mundo da música está na mira deste blog, para o bem ou para o mal
Continua após publicidade

Kondzilla explica como o funk se tornou o ritmo favorito do futebol

Midas do funk, Konrad Dantas produz a série 'Funkbol' que, às véspera da Copa do Mundo, explora a paixão do brasileiro pelo esporte e pela música

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 out 2022, 16h31 - Publicado em 11 out 2022, 15h08

Se a Copa do Mundo de 2002 ficou marcada pelas rodas de samba e de um animado Ronaldinho Gaúcho puxando o coro em Deixa a Vida Me Levar, de Zeca Pagodinho, neste ano, no Catar, o mundial tem tudo para ter o funk como trilha sonora favorita dos jogadores. O ritmo surgido nas periferias das grandes cidades brasileiras acompanha os jogadores nas playlists que eles escutam nos ônibus a caminho dos estádios até nas dancinhas que fazem ao comemorar um gol.

Nesta segunda-feira, 10, chegou ao serviço de streaming Paramount+ a série documental com cinco episódios de 30 minutos, Funkbol, que reúne essas duas paixões nacionais. A série de Konrad Dantas e KondZilla, o midas do funk na atualidade, reúne a cada episódio um jogador e um funkeiro para um bate-papo no qual relembram suas histórias de vida e como o esporte e a música foram importantes para eles. Entre os nomes estão os principais craques da atualidade, como Antony, Gabigol, Guilherme Arana, Tamires Dias, Matheus Cunha e Rodrygo Goes. Na música, foram convidados MC Guimê, MC Hariel, MC Kekel, MC Livinho, MC Menor MR e MC Poze do Rodo.

Em entrevista a VEJA, KondZilla falou da importância do ritmo e do esporte para os jovens da periferia onde não há espaço para o erro. “Um jovem com mais dinheiro não precisa alimentar a família e pode se dedicar a sua arte. Na periferia não. Se aquela pessoa não obter êxito por muito tempo, ele prejudica a estrutura da família que deposita nele a esperança”, conta. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

A relação entre música e futebol no Brasil sempre foi patente. Em 2002 era o samba e o pagode. Agora é o funk. Por que os ritmos populares sempre estiveram tão ligados ao esporte? Eu faço conteúdo de entretenimento para as massas. E a massa está na periferia. São essas pessoas que consomem muito conteúdo de funk. O interesse pelo funk de umas duas ou três Copas para cá se deu devido à ascensão do streaming. A música urbana não tinha lá atrás recursos para entrar na programação de uma rádio ou grande TV. Quando começamos a disponibilizar nossos conteúdos no digital, ganhamos força e hoje ele é um dos principais estilos de música – não só do Brasil – como do mundo. É por isso que o funk é tão importante para se conectar com o futebol.

Os principais ídolos do futebol e do funk surgiram na periferia. Vem daí também essa identificação? Sim. Se você olhar, uma pessoa com mais recursos às vezes é até menos talentosa do que alguém vindo da periferia, mas ela teve um suporte maior. A partir do momento que o funk se torna uma indústria, o destaque aumenta. Não só na música, como também no esporte. Quando olho para o nosso casting, em especial do funk, eu vejo quantos talentos precisam ajudar suas famílias, enquanto em outros segmentos, um cantor com mais recursos já entra no mercado com uma graduação, não precisa alimentar os irmãos, a avó. No caso do funk, os artistas têm menos chances de errar. Eles são a esperança de transformar a vida da família. Eu falo do funk porque tenho propriedade para falar do ritmo, mas imagino que isso também aconteça no futebol.

Continua após a publicidade

Você despontou como diretor de clipes de funks no YouTube. Desde então, migrou para a mídia mais tradicional e escreveu e dirigiu a série Sintonia, na Netflix, e agora a série Funkbol. Como pretende conciliar os dois ramos de trabalho? No fim das contas, o que faço é contar histórias. Contamos histórias em uma canção de três minutos, em um clipe musical, em um programa de variedades. Além do Funkbol, também vou fazer outro programa aqui na Paramount+, o Escola de Quebrada, um longa de ficção que também trata de futebol. A diferença é que um produtor de conteúdo acostumado a fazer coisas para o YouTube publica todos os dias e nem sempre ele está disposto a ficar um ou dois anos em um projeto, com gestão de equipe, acertando tudo até a estreia. Eu acho que nem todo mundo que é nativo digital está disposto a fazer essa migração que eu fiz.

Outro tema que envolve tanto o funk quanto o futebol é o preconceito e o racismo. Como lidaram com isso na série? É um mal que temos que combater todos os dias. Eu acredito que a KondZilla ao longo de quase 12 anos tem feito isso entregando o melhor conteúdo possível e mostrando do que somos capazes. Não precisamos de aprovação de nenhum executivo ou racista. Precisamos apenas da aprovação da nossa audiência. Eu acho que a série Funkbol consegue contemplar esses obstáculos. Estamos falando dos melhores atletas do mundo e de cantores que cantam o segundo maior estilo musical do Brasil. Estamos trabalhando com excelência para entregar um entretenimento para a massa. E a massa vem da periferia e é negra.

Recentemente você lançou um novo cantor de funk, Max Único, que tinha pouquíssimos ouvintes nos serviços de streaming. Como funciona seu radar para novos talentos? O Max é muito talentoso. Para descobrir esses talentos é uma mistura de feeling com tecnologia. Hoje eu sou sócio de algumas startups de inteligência artificial para a música e marketing de influência. Tratamos dados do YouTube, Spotify e Instagram para entendermos em qual velocidade aquele talento está crescendo. A gente consegue antecipar a contratação antes de alguma gravadora. Mas, no final das contas, o relatório só serve para uma coisa: para o ser humano tomar uma decisão. Por isso é preciso ter feeling e orelha boa para decidir se vai apostar nele ou não.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.