Fotógrafo Bob Gruen sobre Tina Turner: ‘Ela nunca foi de ostentar’
Retratista de astros do rock e amigo pessoal de Tina Turner, Bob Gruen fala a VEJA sobre a vida sem ostentação da cantora

Tido como um dos fotógrafos mais relevantes no cenário do rock, Bob Gruen foi responsável por cliques famosos de astros como John Lennon, Elton John e Tina Turner, que morreu nesta quarta-feira, 24, aos 83 anos. Em entrevista recente a VEJA, Gruen, que conheceu Turner na década de 1970, e manteve com ela uma relação profissional e de amizade por anos, falou a VEJA sobre a artista. Confira:
Tina é considerada uma diva da música. É um título merecido? Nunca usaria a palavra diva para ela. Divas têm egos gigantes e nunca vi isso em Tina. Ela teve uma carreira de sucesso, vivia em uma casa boa, mas nunca foi de ostentar. Tina é uma grande estrela, mas não uma diva.
O que há de especial em fotografá-la? Ela é uma pessoa que inspira poder. O rock’n’roll é sobre a liberdade de expressar sentimentos, e eu tento capturar essa liberdade. Não é só a foto de um rosto bonito, é o retrato do momento em que a plateia está gritando e esquece que tem aluguel para pagar. Tina tem esse poder. Ela faz a gente esquecer os problemas e ter um bom momento.
O senhor é famoso por fotografar astros do rock. O cenário musical já foi tão louco como se fala? Sim. Você ia até uma gravadora e eles abriam uma cerveja, ofereciam uma carreira de cocaína e então começavam a falar de negócios. Era algo bem comum. Não recomendo, mas é o que fazíamos naquele tempo. Fazia sentido na época.
Dizem que o rock morreu. Concorda com isso? Não. Vejo novas bandas de rock o tempo todo. Um dos grupos mais populares do mundo hoje é o Måneskin, e eles são uma banda de rock. Só diz que o rock’n’roll morreu quem não gosta de rock’n’roll.
E o que Tina é para o rock? Ela é a rainha do rock. Ela é quem mostra como se faz, como se cria essa energia. É por isso que ela é tão popular. Porque ela se conecta com a audiência. Cada pessoa na plateia sente que Tina está cantando para si.