Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

O Som e a Fúria

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Pop, rock, jazz, black music ou MPB: tudo o que for notícia no mundo da música está na mira deste blog, para o bem ou para o mal
Continua após publicidade

Como o ‘BBB’ virou vitrine de uma nova (e insossa) MPB

Vencedora da edição do ano passado, a até então desconhecida paraibana Juliette é a principal representante da categoria

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 mar 2022, 11h57 - Publicado em 10 mar 2022, 11h53
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Ao longo do tempo, a Música Popular Brasileira, vulgo MPB, já teve inúmeras vitrines capazes de projetar novos talentos. Em 1965, Elis Regina conquistou o país em uma arrebatadora apresentação no primeiro festival da canção – e esses eventos consagrariam muita gente, dos tropicalistas a figuras como Amelinha, daquela década até seu último (e cafona) soluço, nos anos 1980. Programas populares como o do Chacrinha e do Faustão também já serviram a esse propósito. Outros artistas foram descobertos no boca a boca, como Ana Carolina, que começou tocando ao vivo em barzinhos de Juiz de Fora. Agora, num sinal dos tempos sobre o estado da MPB, um novo palco se impõe: o reality show Big Brother Brasil

    Dono de uma das maiores audiências da TV aberta do país, o programa vem atraindo participantes dispostos a qualquer coisa para triunfar na música, seja ampliando seu público ou iniciando no BBB, do zero, uma nova carreira musical. Da rapper Karol Conká à sertaneja Naiara Azevedo, aspirantes ao estrelato musical de todos os gêneros tentaram a sorte por lá. Mas a turma da MPB é que tem se saído melhor na tarefa de aproveitar os holofotes da Globo. Na vigésima edição do programa, Manu Gavassi se valeu de uma estratégia certeira para deslanchar sua carreira: deixou pré-gravados clipes de novas canções, que sua equipe divulgava a cada semana. O repertório repercutiu – resta saber se em função de uma qualidade intrínseca ou só em razão de sua figura carismática e divertida na TV.  

    O caso mais exemplar até agora, contudo, é o da ex-maquiadora e advogada paraibana Juliette Freire, 32 anos. Totalmente desconhecida do público, a neo-cantora conquistou na edição do ano passado a simpatia dos espectadores ao interpretar descompromissadamente xotes, baiões e forrós durante sua estadia na “casa”. Ao vencer o jogo, Juliette levou não só 1,5 milhão de reais no bolso, mas incontáveis convites para gravar discos. Estava cristalizada, assim, uma nova vertente da música nacional: uma certa “MPB do BBB”.

    A transformação do programa em vitrine da música brasileira começou quando Boninho misturou participantes famosos com pessoas comuns. No confinamento, o público descobriu, para o bem ou para o mal, a verdadeira personalidade de cada um. Karol Conká e Naiara Azevedo queimaram seu filme lá dentro – e o esforço saiu pela culatra. O caso de Juliette foi inverso: carismática, ela nadou de braçada. Exibindo uma bela voz, fez uns covers bacanas, como em Triste, Louca ou Má, de Francisco El Hombre, ou Garganta, de Ana Carolina. Foi o suficiente para virar cantora. 

    Continua após a publicidade

    Claramente, porém, ainda falta estofo para a ex-BBB encontrar algum elemento que a diferencie de outros artistas. Ela se mescla a uma massa de “novos talentos” da música que investem na mesma fórmula anódina. Suas canções bebem de uma MPB fofinha que pode não incomodar e às vezes até ser agradável de ouvir – mas não acrescenta muito. Para surpresa de zero pessoas, descobre-se então que a MPB do BBB é isso: uma música tão insossa quanto aquele tema de abertura do Paulo Ricardo. 

    Juliette assinou contrato com a Virgin Music, subsidiária da Universal Music, e lançou em setembro do ano passado seu primeiro EP. As seis faixas soam como um genérico de Melim, Anavitória e Vitor Kley, e emulam ainda o baião de Luiz Gonzaga e as canções de Gilberto Gil. Na música Diferença Mara, ela canta um manjadíssimo bordão da autoajuda: “Nunca foi sorte, sempre foi Deus”. Em Bença, pontifica: “Rapadura é doce, mas não é mole”. Juliette já angariou apoio de gente de peso. Virou amiga de Anitta e fez uma concorrida live com o próprio Gil. No dia 26 de março, no Rio de Janeiro, ela inicia sua primeira turnê, Caminho, com shows também em João Pessoa, Vitória, São Paulo e Recife. Eis uma boa chance de constatar se a MPB do BBB tem futuro.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.