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O Som e a Fúria

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pop, rock, jazz, black music ou MPB: tudo o que for notícia no mundo da música está na mira deste blog, para o bem ou para o mal

A explosão há 45 anos do hit mais politicamente incorreto da história

Em 15 de dezembro de 1979 a, canção chegava ao topo das paradas

Por Sergio Ruiz Luz Atualizado em 15 dez 2024, 10h33 - Publicado em 15 dez 2024, 10h10

“Não precisamos de nenhuma educação”… “Não precisamos de nenhum controle mental”… “Professores, deixem as crianças em paz”… Há exatos 45 anos as rádios começaram a tomar de forma incessante uma canção com essa letra. O efeito niilista era reforçado quando um coro infantil repetia os versos.  Perto daquilo, canções anteriores com uma temática semelhante, a exemplo de School’s Out (a escola acabou), de Alice Cooper, pareciam brincadeiras de férias de verão. O hino mais politicamente incorreto da história do rock pelo critério educacional chegou ao topo das paradas na Inglaterra em 15 de dezembro de 1979 e, depois, tornou-se número um também nos Estados Unidos e em outros dezenove países.

A música em questão, Another Brick in The Wall (outro tijolo na parede), tornou-se um dos maiores sucessos da carreira do Pink Floyd. Tocou muito por aqui também na época e até hoje entra nas playlists de clássicos do rock. Ela fazia parte do The Wall (o muro), um álbum duplo conceitual que narrava a história de um astro pop depressivo e auto-destrutivo, Pink. Cansado da fama e do assédio, ele resolve construir um muro para isolá-lo do mundo. A turnê do disco repetiu o conceito: à medida em que as canções eram executadas, era erguido um muro entre a audiência e os músicos.

Em 1982, o diretor Alan Parker lançou um filme baseado em The Wall. Uma das cenas mais famosas é justamente a de Another Brick in The Wall, quando estudantes passam por uma esteira rolante e caem num moedor de carne. Confira aqui o trecho:

Anteriormente, o Pink Floyd já havia lançado um dos álbuns mais bem-sucedidos da história, The Dark Side of The Moon (o lado oculto da lua). O sucesso teve um preço, desencadeando uma longa sucessão de brigas internas na banda. The Wall foi o último suspiro do grupo com sua formação de maior sucesso, que incluía o guitarrista David Gilmour, o baixista Roger Waters, o tecladista Rick Wright e o baterista Nick Mason. Durante as gravações as fissuras já eram claras, tendo como ponto mais agudo a demissão de Rick Wright no meio dos trabalhos. Nos shows para apresentar The Wall, ele foi reincorporado ao grupo, mas como músico convidado, ganhando salário. Curiosamente, acabou sendo o único que ficou com algum dinheiro na época, pois a cenografia do show era tão cara que as bilheterias não foram suficientes para pagar as despesas.

Outra ironia é o fato de Another Brick in The Wall ter se tornado um hit no final dos anos 70, quando o mundo musical era tomado de assalto pelo movimento punk. A turma surgiu para destronar os velhos músicos milionários e usava camisetas com inscrições provocadoras, como a que trazia a inscrição “I hate Pink Floyd” (eu odeio o Pink Floyd).  Pois foi justamente um autêntico dinossauro do rock que alcançou o sucesso com um hino de mensagem autenticamente punk. “Não precisamos de educação”… “Não precisamos de nenhum controle central”… “Professores, deixem as crianças em paz”…

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