Valeu a festa. Foi na noite do último sábado, num restaurante tradicional de Brasilia. Figura singular da cena politica brasileira, Saulo Queiroz reuniu dezenas de amigos para comemorar seus 80 anos.

Três vezes deputado federal, militante de centro, Saulo viveu na intimidade dos mais importantes líderes políticos e sucessivos governos pós-ditadura. É amigo suprapartidário. Esquerda e direita frequentam sua mesa – e sua festa – com a mesma desenvoltura.

Comemorar Saulo Queiroz é celebrar a vida. Ele está presente nos 40, 50 anos da história recente de Brasilia, no jornalismo que se fazia com gosto, na política que envaidecia. Não envergonhava. 

Uma festa e tanto.   

O clima descontraído não impediu que Bolsonaro, claro, tenha sido tema recorrente. Impossível não falar de governo numa festa em Brasilia. No Brasil. No caso do capitão, ou da Rainha da Inglaterra, crônica do desmantelo anunciado. Difícil não notar o feitio do Presidente da República,  incorporando o espírito de Jânio Quadros fundido com as asneiras de Fernando Collor.

A real de Bolsonaro é que a popularidade em baixa acelerou a corrida pra galera. Bolsonaro quer ir para os braços do povo. Já vimos esse filme. Na manhã de sábado, foi ao serviço médico do Palácio do Planalto, exames de rotina, e saiu em tour pela capital.

Nada mais populesco. Foi ao supermercado comprar shampoo, e visitou três clubes de recreação em Brasilia. Muitas fotos e muitas selfies. Entre um passeio e outro, entrevistas à imprensa.

Não falou das denúncias contra seu ministro da Justiça. O jornal Folha de Paulo, em parceria com o site The Intercept, ainda preparava edição de domingo com novas revelações sobre o comportamento nada republicano do ex-juiz Sergio Moro na Operação Lava Jato.

Na semana que passou, o PR fez “arminha” com as mãos na Marcha para Jesus (até hoje não se desculpou pela heresia), e, em encontro risível de tutumumbuca com caudilho. fez flexões com o pescoço, na companhia de João Doria. Bolsonaro não sabe que flexões são feitas com os braços. 

A usina de bobagens de Bolsonaro não tirou o brilho da festa de Saulo. Já na madrugada, dezenas de convidados cantavam ao som de uma banda animada. 

Numa das mesas mais divertidas, memórias e histórias das festas ecléticas nos anos da Constituinte. Tempos efervescentes. Esquerda, direita, centrão, juntos. Diversão e romances garantidos. 

E seguiam os brindes ao amigo querido, sorvendo seu pedido emocionado, ao agradecer a presença de seus convidados especiais:  “Não morram nos próximos dez anos. Quero comemorar com vocês meus 90 anos”. 

Até lá, Saulo, se os astros e Deus forem brasileiros, já teremos nos livrado desses anos de escuridão. Vamos comemorar novos tempos. Um brinde a essa tal de esperança que nunca morre.