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Para não ser a Argentina amanhã

O desastre só será evitado se o presidente deixar de lado guerras desnecessárias e focar na economia

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 30 jul 2020, 19h47 - Publicado em 24 abr 2019, 11h00
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  • No momento em que o céu anuviou na economia, convém ao governo olhar atentamente para a Argentina. Para não cometer os mesmos erros de Maurício Macri. No início de seu mandato o presidente argentino adotou uma estratégia de reformas a conta-gotas. Com isso, não debelou a inflação e interveio no câmbio por meio de uma maxidesvalorização.  Teve de pedir socorro ao FMI, inclusive para fazer frente a despesas correntes.

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    Acossado diante de uma eleição que se avizinha, Macri acaba de dar um cavalo de pau na política econômica com o retorno do congelamento de preços. Uma heresia para quem se elegeu com uma agenda fortemente liberal. Agiu por questões eleitoreiras. Elas trazem de volta o fantasma do populismo. Dele, um cristão novo, e de Cristina Kirchner, uma populista de raiz com leve favoritismo na disputa presidencial.

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    Estamos longe de ter uma situação igual à da Argentina. Nossa inflação está sob controle, assim como os juros, e contamos com reservas cambiais confortáveis. Ademais, nossa economia não está em recessão. Nem por isso o céu é de brigadeiro, como alardeia o presidente Jair Bolsonaro.

    Projeta-se uma retração do PIB no primeiro trimestre e, a cada estimativa Focus/BC, ele é puxado para baixo. O mercado já trabalha com um crescimento de pífio 1% ao final do ano. Isso será a continuidade da estagnação econômica que perdura há oito anos. Os investimentos estão a nível irrisório. Das 23 atividades industriais, apenas duas tiveram crescimento no primeiro trimestre.

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    Há ainda o dantesco desemprego de 13 milhões de brasileiros. A dívida pública da União e a insolvência dos Estados completam um quadro dramático.

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    Na virada do ano havia um clima de otimismo no mundo dos negócios. Esse sentimento acabou e a reversão tem sua razão de ser. Pesaram, e muito, as incertezas e riscos dos quais o governo e, principalmente, o próprio Bolsonaro tem total responsabilidade.

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    Desde as desconfianças quanto ao seu real compromisso com a agenda das reformas, em especial da Previdência, até o seu comportamento ciclotímico em relação à uma política econômica liberal. Apesar de suas juras de conversão ao liberalismo, sua alma intervencionista vez por outra fala mais alto.

    Foi assim no preço do diesel, na importação do leite em pó e no folclórico affair da banana do Equador.

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    A incompetência de Bolsonaro para entender a política como a arte de construir consensos adiciona mais incertezas ao mercado. Previsibilidade e estabilidade são fundamentais para a retomada da confiança e dos investimentos

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    O desastre só será evitado se o presidente deixar de lado guerras desnecessárias e focar na economia. Esse deveria ser seu objetivo estratégico.

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    A reforma da Previdência – e a CCJ da Câmara acaba de aprovar parecer a favor do projeto – é necessária, porém insuficiente. A ela devem se somar a reforma tributária, um pacto federativo, o equacionamento realista da dívida dos estados, a abertura da economia.

    Impossível cumprir tal missão se não for construída uma sólida base parlamentar.

    Bolsonaro só amplifica os receios dos investidores ao adotar estratégias erradas. Primeiro, acreditou ser possível criar uma base a partir das bancadas temáticas. Agora quer adotar a estratégia de bancadas flutuantes, conforme o projeto encaminhado pelo governo. É o caminho mais rápido para a deterioração de suas relações com o Parlamento.

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    Se essa receita não der certo, tanto o presidente pode se render a sua alma intervencionista, como o populismo petista pode ressuscitar das cinzas. Aí teremos uma baita ressaca. Tal qual a da Argentina de Maurício Macri e Cristina Kirchner. 

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