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O iluminado

O sujeito ainda tem a cara de pau de se dizer iluminado. É o fim do mundo! O sujeito em questão era Michel Temer.

Por Tânia Fusco
5 jun 2018, 15h13
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  • Seu Juca estava bravo demais no sábado, 2. No caixa da padaria, desabafava: O sujeito ainda tem a cara de pau de se dizer iluminado. É o fim do mundo!

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    O sujeito em questão era Michel Temer, alvo principal da fúria de seu Juca. A rapaz do caixa, sorriu, fez a egípcia, e seu Juca, buscando parceria, subiu o tom.

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    – O cara disse isso, sem nem ficar vermelho, num encontro desses de igreja. Falou pra plateia com a TV filmando. O povo ralando da fila, sem gasolina e sem gás. Prateleira vazia e o vampiro garantindo que, por iluminação divina, tinha fechado acordo com os grevistas. De lascar!

    Seu Juca pagou, mas não interrompeu o solo da revolta.

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    – To perto dos 80. Já vi um de tudo na vida, mas tamanho deboche nunca tinha visto. O cara tá pendurado na Lavajato, cercado de amigos carregador de mala com dinheiro roubado, faz um governo de M e ainda se diz iluminado. I-lu-mi-nado! Só se for por archote do inferno, que é da turma dele. Já viu a cara dele? As mãos? Só falta o chifre.

    A senhora arrumada, com cabelos gomados a laquê, ousou dialogar. “A gente precisa ter paciência. Tem que ver que ele pegou um governo destruído por aquela mulher do PT”.

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    – A senhora me desculpe a ousadia, mas to cansado de ouvir essa lengalenga. A culpa sempre é do de antes. Eu não sou PT, não votei na reeleição da Dilma, não gostava dela. Mas também não apoiei a palhaçada que fizeram com ela. Deu nisso. Ta bom agora?

    Já pegando a chave do carro na bolsa, a dama do laquê, rebateu: Bom não tá. Mas quem garante que com ela estaria melhor?

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    Antes que seu Juca respondesse, um jovem que tomava suco de laranja no balcão entrou na bronca: Pior não estaria! Esse cara é o fim, senhora. Não dá pra defender.

    A do laquê, balançou a cabeça, deu as costas e foi-se. Seu Juca partiu para o diálogo com o garoto, cara de sono, cabelos pro desgrenhado.

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    – Meu jovem, vou dizer pra você o que digo pros meus netos. O Brasil tem jeito sim. O Fernando Henrique não acabou com a inflação? O Lula, em quem ninguém botava fé, não governou direitinho? Não fez o Brasil crescer em paz?

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    Antes que o mocinho respondesse, outro senhorzinho adiantou-se: Mas roubou. Não roubou?

    – Veja como o Brasil é forte. Tanto que até dá pra roubar e governar direito, né não?, devolveu seu Juca, ignorando o colega de idade e falando para o garoto do suco de laranja, que sorriu e respondeu: Imagina então se não roubassem…

    Do outro lado veio a voz exaltada: Ah, não me venham defender o Lula!

    Virou um furdunço, bate boca no salão. De cada canto um grito, um chavão.

    – Pois se tem alguém que merece ser defendido é o Lula!

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    – Isso mesmo. Só ele preso? Cadê o pessoal do PSDB?

    – Já que o Sergio Moro pega eles todos. O Temer inclusive. Não perdem por esperar!

    – Esse Zorro de Curitiba tá mais pra Mazzaropi…

    Já no carro, a do laquê, gritou:

    – Vão defender o Lula na Venezuela, em Cuba!

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    – E leva o Temer junto. (Emendou outra).

    – E deixe esses FDPs por lá. (Reforçou mais um).

    – O Temer é da conta dóceis. E Venezuela é isso que vocês arranjaram pra gente, sua coxona! (Berrou uma voz grossa talvez pra dama do laquê que já nem estava mais em cena).

    – 13 Milhões desempregados e vocês falando em Venezuela.

    – Viva o Moro!

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    – Lula livre!

    – A Petrobrás arrasada…

    – Essa é da conta do PT, dos mortadelas.

    – Num vem não. O Parente, o Temer, o Maia… tudo invenção dos patos paneleiros.

    Quem não gritava, ria.

    Seu Juca, que puxou a revolta, já calmo, já rindo, suspirou alto: Iluminado! Quem pariu que embale. Em fila.

    Tânia Fusco é jornalista, mineira, observadora, curiosa, risonha e palpiteira, mãe de três filhos, avó de dois netos. Vive em Brasília. Às terças escreve sobre comportamentos e coisinhas do cotidiano – relevantes ou nem tanto 

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