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Militares voltam à cena política

Que sinais há do fim de um ciclo?

Por Gaudêncio Torquato
Atualizado em 30 jul 2020, 20h10 - Publicado em 11 nov 2018, 10h00
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  • A acomodação das placas tectônicas após o terremoto eleitoral permite distinguir traços fortes na paisagem institucional. Um dos mais visíveis é o fechamento do ciclo da redemocratização, que começou em meados dos anos 80. A era Sarney escancarou a locução política, destravando os nós apertados na garganta dos brasileiros. O ancoradouro das demandas reprimidas nos tempos de chumbo foi a Constituição de 88, que completou 30 anos. Que sinais há do fim de um ciclo?

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    A eleição de um militar reformado é o primeiro grande sinal. A escolha puxa para a política o maior grupo de militares de nossa contemporaneidade, além de generais da reserva que ingressam no governo. Um feito e tanto, uma vez que a índole militar requer agir com discrição sob o rito hierárquico, colaborar em postos-chave das Forças Armadas e afastamento da política. Essa é sua cultura.

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    As curvas que tiraram o país do prumo ensejaram as crises econômica, política e ética, despertando o animus animandi da caserna e motivando quadros estrelados a adentrar o Executivo, caso dos generais Mourão (o vice) e Heleno, com históricos de comandos importantes. Eles ascendem não por intromissão indevida, mas em função do redesenho institucional, da indignação contra os nossos representantes e da intensa vontade popular de fazer o país caminhar.

    Bolsonaro representa esse anseio. Parcela ponderável do eleitorado, principalmente segmentos à esquerda, o considera um retrocesso. Ocorre que seus quase 58 milhões de eleitores o credenciam como o ancoradouro da vontade da maioria. Seu discurso, incluindo tiradas de mau gosto, se não recebe endosso popular, também não é motivo para sua rejeição.

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    Outros sinais foram dados, como a derrocada dos paradigmas do marketing político, a partir do tempo de rádio e TV (duração maior não ajudou candidatos), dinheiro (não elegeu aqueles com maiores recursos), escolha de representantes na cola do candidato presidencial (PSL fazendo uma bancada de 56 nomes). O pleito exibiu um parâmetro novo: a autogestão eleitoral. O eleitor votou sem influência de amigos, familiares ou partidos, marcando até quadros de esquerda e da direita no mesmo voto.

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    Essa disposição do eleitor mostra desejo de direcionar o país para a direita, significando desaprovação aos governos do PT. Pode-se dizer, então, que o jogo está empatado. A era da redemocratização abriga uma vitória de Collor, duas de FHC e, agora, a de Bolsonaro; e quatro vitórias dos contrários, duas de Lula e duas de Dilma.

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    Parcela ponderável dos eleitores de Bolsonaro, convém frisar, frequenta espaços do meio, como contingentes de classes médias, profissionais liberais, setores da produção etc. Se o capitão exprime posicionamentos extremados, não significa que tem apoio de alguns de seus bolsões eleitorais. Jogar todos na extremidade é um erro. O mesmo se pode dizer do eleitorado de FHC e mesmo de Lula e Dilma.

    A democracia brasileira passou em mais um teste. Se a opção de 2018 estiver errada, o eleitor poderá consertá-la em 2022. Urge não adiantar previsões.

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    Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político twitter@gaudtorquato 

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