Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

(Im)postura presidencial (por Helena Chagas)

Bolsonaro em cadeia nacional

Por Helena Chagas
Atualizado em 30 jul 2020, 19h00 - Publicado em 16 abr 2020, 10h00

Acostumado a falar só para sua galera nas redes sociais, Jair Bolsonaro descobriu agora as maravilhas dos pronunciamentos em cadeia nacional obrigatória de rádio e TV, instrumento garantido em lei para o presidente da República, ministros e chefes de outros poderes – mas que, em última instância, é controlado pelo Executivo, a quem cabe requisitar os horários às emissoras. Desde que começou a pandemia, talvez por perceber que seu Ibope na Internet já não é o mesmo, já falou cinco vezes.

Mas o que é mesmo que um chefe de Estado diz quando ocupa os meios de comunicação para dar um recado à nação? Supostamente, alguma coisa importante. Temos visto pronunciamentos dos mais variados, no Brasil e em outros países: anúncio de medidas, discursos laudatórios elogiando a própria atuação, defesa diante de acusações, solidariedade ao povo em momento de tragédias, apelos políticos ao Congresso e outras instituições, comemoração de datas festivas, etc. Até a Rainha Elizabeth, da Inglaterra, fez uma raríssima aparição na TV inglesa – a quinta em 68 anos de reinado – conclamando o povo a manter o ânimo e se unir no combate à Covid-19.

Não chega a ser anormal que o governante aproveite politicamente a oportunidade desses pronunciamentos para reforçar sua imagem – a maioria faz isso, mundo afora. O que nunca vimos é um presidente da República se comportar como um chefe de torcida, um comentarista, um vendedor, ou mesmo um candidato que nunca venceu uma eleição numa ocasião solene dessas.

É o que tem feito Bolsonaro em seus discursos na TV, onde tem se despido da autoridade presidencial para defender pontos de vista controversos, como a suposta necessidade de suspensão do isolamento social que fechou comércio e escolas nos estados. “Devemos, sim, voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa”, disse ele. Mas estava anunciando a “volta à normalidade”? Não. Tinha alguma ideia de quando isso irá acontecer? Também não. Até porque confessou candidamente que não fora consultado pelos governadores, em cima de quem, também em cadeia nacional de rádio e TV, jogou a responsabilidade pelo eventual impacto na economia.

Muito cidadão deve ter se perguntado por que cargas d’água o presidente da República terá ido à TV falar de uma medida que não tomou e, pelo que diz, não pode tomar? Não é postura de chefe de estado e de governo, que tem autoridade para anunciar, determinar, comandar… Qualquer um tem autoridade para chutar. Mas o chefe do Executivo sofre irremediável rebaixamento na hora em que faz um pronunciamento à nação “pedindo” alguma coisa aos chefes estaduais. Que presidencialismo é esse?

Continua após a publicidade

Da mesma forma, Bolsonaro tem feito altos elogios à hidrocloroxiquina em suas mensagens à nação. Mas não anunciou qualquer decisão sobre o uso do remédio ou alguma medida efetiva para facilitar sua adoção na rede de saúde do país. Isso, sim, seria papel do presidente da República – concordando-se ou não com o mérito da medida. Em vez disso, Bolsonaro usou o nome de um sério e renomado cardiologista recém-recuperado da Covid-19, o dr. Roberto Khalil, para fazer proselitismo sobre o tratamento.

Contrário a medidas tomadas por seu próprio governo e pelos estados no combate à pandemia, Bolsonaro não assume a postura de presidente da República. Parece mais um crítico, ou um candidato adversário, que vai à TV falar e jogar para a plateia. Falta-lhe coragem – e, claramente, capacidade – para exercer suas atribuições constitucionais, trabalhar e mudar as coisas. No reino das fakenews, é um fakepresidente. Só que o coronavírus, lamentavelmente, não é fake.

Helena Chagas é jornalista

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

2 meses por 8,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.