Humanidade esgarçada (por Mirian Guaraciaba)
O sofrimento do Brasil nas mãos de Bolsonaro amargura a vida, inquieta, apavora

“Pergunte o que cada um de nós poderá fazer pelo Brasil e sua liberdade e … prepare-se”. Enfraquecido, Bolsonaro incitou seus adeptos, em rede social, logo após autorizar o vazamento de telefonema que trocou com um senador de Goiás.
O Capitão não disse para o que devem se preparar. Pusilânime que é, deixou no ar, num texto de 15 linhas. Ameaça de golpe? Foi o que seus asseclas pediram em (pequenas) manifestações no ultimo domingo.
Deu asas à imaginação de quem ainda acha que pode tudo. Pode fechar o Congresso, o Supremo, conclamar o “seu”Exercito, armar a população. Sua popularidade está em queda, mas há quem acredite em suas mentiras, patranhas, trapaças.
Bolsonaro, genocida, mata por inoperância, ignorancia e crueldade, mas não pode fechar o Congresso, nem tem o Exercito a sua disposição. Militares da ativa já deixaram claro: não há espaço para golpes. Nossa democracia é jovem, mas resistente.
Raramente, se viu um governante mentir tanto, sobre tudo, com tanta desfaçatez. A CPI pôs medo em Bolsonaro. Por menor que seja o estrago – o sujeito tem a chave do cofre para comprar deputados e senadores que estiverem à venda – a CPI apavora.
Tão evidente o medo de Bolsonaro que, mais uma vez, ameaçou no telefonema com o senador goiano: “se você (Cajuru) não participar da CPI, a canalhada do Randolfe Rodrigues vai participar. E vai encher o saco. Daí vou ter que sair na porrada com um bosta desse”.
Ameaça típica dos covardes. Medrosos. Caguinhas.
Ontem, em O Globo, a jornalista Dorrit Harazim fez um perfeito paralelo entre Bolsonaro e Jairinho, o vereador preso desde a semana passada pelo assassinato de uma criança, o pequeno Henry, de 4 anos.
Dorrit escreveu: “Jair e Jairinho têm algo em comum: gostariam de virar a página”. O primeiro é presidente do Brasil, a mortandade que semeia é coletiva. Jairinho prefere semear o terror individual, Por espancamento.
A mãe do pequeno Henry, suspeita, também está presa pelo assassinato do filho. Se ela participou dos atos monstruosos de Jairinho, não se sabe. Fútil, ambiciosa, narcisista, é certo que pouco fez para proteger o filho.
O sofrimento do Brasil nas mãos de Bolsonaro amargura a vida, inquieta, apavora.
O padecimento de Henry esgarça a alma.
Tiago não será um número
Professor do Colégio Marista de Brasilia, jovem, forte, não resistiu ao Covid. Tiago Ferreira Lima Sobreira Rolim, 40 anos, vai deixar imensa saudade. Sinto a tristeza de minhas netas Maria Luísa e Beatriz. Eram muitos alunos que o amavam tanto.
Mirian Guaraciaba é jornalista
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