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Geri Allen e o poder feminino no jazz

Música

Por Flávio de Mattos
Atualizado em 13 jul 2018, 16h00 - Publicado em 13 jul 2018, 16h00
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  • Pianista, compositora e educadora, Geri Allen (1957-2017) tinha plena consciência da escassa presença feminina entre os instrumentistas de jazz. Quando a maioria dos músicos se formavam tocando na noite, Allen foi uma das primeiras jazzistas formada por uma universidade. Ao tornar-se professora, dedicou-se a implantar programas especiais de incentivo para meninas ingressarem nos estudos de jazz.

    Geri Allen começou a estudar piano aos sete anos de idade. E começou a estudar o piano clássico. Mas, ainda no ensino médio, decidiu que queria ser pianista de jazz, influenciada pelos discos de Charlie Parker que seu pai ouvia em casa. Ingressou na Universidade de Howard, em Washington, onde estudou sob a direção do trompetista Donald Byrd. Fez seu mestrado na Universidade de Pittsburgh, com uma tese sobre o saxofonista Eric Dolphy.

    Depois de formada, mudou-se para Nova York nos anos 80, onde começou a ganhar destaque profissional. Lá Geri Allen participou do movimento M-Base Collective, junto com o saxofonista Steve Coleman. O grupo valorizava os improvisos, mesclando as raízes africanas de sua música ao experimentalismo da vanguarda contemporânea.

    Em 1984, Geri Allen lançou seu primeiro álbum como líder, Printmakers, com o trio formado pelo baterista Andrew Cyrille e o baixista Anthony Cox. Por essa época inicia também sua colaboração com o baixista Charlie Haden e o baterista Paul Motion, que se prolongaria por mais de duas décadas. Eles gravaram o álbum Etudes (1987), em que o trio brilha na composição de Haden Blues in Motion.

    Ao longo de sua carreira, Geri Allen buscou sempre conciliar vida profissional e atividade acadêmica. Foi professora das universidades de Howard, de Michigan e em seus últimos anos dirigia o programa de Estudos de Jazz da Universidade de Pittsburgh. Teve entre seus alunos alguns dos pianistas que são hoje as estrelas do jazz mais moderno como Vijay Iyer, Craig Taborn, Jason Moran e Courtney Bryan.

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    A questão do papel da mulher no jazz, também esteve sempre entre as preocupações de Geri Allen. Ela dirigiu um projeto em tributo à pianista Mary Lou Williams, pioneira compositora e arranjadora da orquestra de Duke , ainda na década de 1930. Um dos projetos mais importantes de Allen foi a criação, em 2014, do programa All-Female Jazz Residence, no Centro de Artes de New Jersey, possibilitando a jovens alunas o contato com grandes mestres do jazz.

    E Geri Allen também fez parte do Mosaic Project, a banda de mulheres liderada pela percussionista Terri Lyne Carrington. A banda teve origem no trio ACS, formado antes por Allen, Carrigton e a jovem baixista Esperanza Spalding. É esse trio que vemos no vídeo a seguir, com o tema Unconditional Love, uma composição de Geri Allen.

    Geri Allen faleceu em junho de 2017, aos 60 anos, vítima de um câncer.

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    https://youtu.be/INcuvX6oudA

     

    Flávio de Mattos é jornalista, escreverá aqui sobre jazz a cada 15 dias. Dirigiu a Rádio Senado. Produz o programa Improviso – O Jazz do Brasil, que pode ser acessado no endereço: senado.leg.br/radio

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