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As estrepolias de “Juca e Chico”

Livros

Por Maria Helena RR de Sousa
Atualizado em 15 fev 2019, 22h30 - Publicado em 15 fev 2019, 12h00
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  • Bem, sou antiga mesmo. E como tal, trago para vocês Juca e Chico – História de Dois Meninos em Sete Travessuras, (Max und Moritz – Eine Bubengeschichte in sieben Streichen),  título do livro infantil publicado em  4 de abril de 1865 pelo humorista, poeta e desenhista alemão, Wilhelm Busch, que narra as astuciosas aventuras de dois irmãos.

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    Traduzido em 1915 para o português pelo nosso Príncipe dos Poetas, Olavo Bilac, a edição respeitou as ilustrações do próprio Busch.. “Max und Moritz”, aqui chamados de “Juca e Chico” foi, durante mais de um século, um dos mais vendidos livros infantis em todo o mundo.

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    Considerado o pai das histórias em quadrinhos, publicado em mais de 300 línguas, “Juca e Chico” é tido também como inspirador das também extraordinárias aventuras de “Os Sobrinhos do Capitão” (Die katzenjammer kids, de Rudolph Dirks).

    Busch baseou-se em travessuras das quais participou e também valeu-se de relatos que ouviu. Quando uma vez lhe perguntaram sobre a veracidade das histórias, respondeu: “A maior parte é inventada, mas algumas coisas realmente aconteceram. O fato de que travessuras maldosas não têm um bom final com certeza é o que há de verdade nela”

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    Quer saber como começam as aventuras dos dois capetas? Aqui copio o prólogo:

    Não têm conta as aventuras,

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    As peças, as travessuras

    Dos meninos mal criados…

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    – Destes dois endiabrados,

    Um é Chico; o outro é o Juca:

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    Põem toda a gente maluca,

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    Não querem ouvir conselhos

    Estes travessos fedelhos!

    – Certo é que, para a maldade,

    Nunca faz falta a vontade…

    Andar pela rua à toa,

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    Caçoar de uma pessoa,

    Dar nos bichos, roubar frutas,

    Armar brigas e disputas,

    Rir dos homens respeitáveis,

    São coisas mais agradáveis,

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    Que ir à escola ou ouvir missa…

    Antes a troça e a preguiça!

    – Mas nem sempre a vadiação

    Acaba sem punição…

    Lede esta história: e, depois,

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    Vereis a sorte dos dois.

    As peraltices: 1) levados, matam as galinhas do quintal da viúva Bolte; 2) pescam, pela chaminé da cozinha, as galinhas que estavam assando e a viúva culpa o cachorro, que leva uma surra; 3) o alfaiate precisa atravessar um riacho quando quer ir ao centro. Os meninos serram uma das taboas da ponte e…tchibum, lá vai o alfaiate água abaixo 4) sabendo que o professor estava na escola, vão à sua casa e enchem de pólvora seu cachimbo. Coitado do professor, fica com o rosto e os cabelos queimados; 5) enchem a cama do tio com besouros. Pobre tio, acorda no meio da noite com um besouro passeando em seu nariz e…; 6) os meninos invadem a padaria, ficam enfarinhados e caem no pote de massa. O padeiro pensa que são biscoitos e os coloca no forno. Saem assados, mas espertos conseguem escapar, roendo a casca aos bocados; 7) já no moinho do fazendeiro Mecke a sorte não lhes sorri. Querem roubar grãos e abrem furos nos sacos. Mecke percebe a astúcia e os deixa no saco que vai colocar no moinho. Resultado: os meninos viram grãos que são devorados pelos patos da fazenda.

    Você, Leitor, ficou triste? Pois saiba que ninguém na aldeia se apiedou dos garotos. Como prova o epílogo, que copio:

    Na vila; ninguém chorou.

    – Recordando as suas aves,

    Murmurou a viúva Chaves:

    “Eu logo vi…” – O alfaiate,

    Dando a uma calça o remate,

    Suspirou: “Fez-se justiça!”

    – O mestre ajudando à missa,

    Sentenciou: “A maldade

    Não tem o fim da bondade…”

    -O bom tio Frederico

    Disse: “Meu Juca! Meu Chico!

    A vadiação não faz a lei…

    Bem que eu vos aconselhei!”

    – “Bem feito!” disse o padeiro;

    E, indiferente, o moleiro:

    “Eu cá fiz o meu serviço,

    Não tenho nada com isso…”

    – Em suma, por toda a vila,

    Livre de dois e tranquila,

    Reinou a paz afinal…

    Mais nada. Ponto final!

    Pois é. Aos traquinas, um conselho. Parem de aprontar. Lembrem-se que nem sempre, como disse Wilhelm Busch, a vadiação acaba sem punição…

     

    *** *** *** ** *

    Juca e Chico, ilustração de Wilhelm Busch

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