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Acredite quem quiser

Bolsonaro baixou a bola

Por Mary Zaidan
Atualizado em 30 jul 2020, 19h42 - Publicado em 26 Maio 2019, 09h00
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  • Neste domingo manifestações bolsonaristas acontecem em diversas cidades do país. Poderão ser grandes ou não, maiores ou menores do que as do último dia 15. Isso pouco importa. O extraordinário é um presidente da República já precisar de gente nas ruas em sua defesa antes mesmo de completar cinco meses de governo. Nem Fernando Collor de Mello, o caçador de marajás que confiscou a poupança, conseguiu perder tanto apoio em tão pouco tempo.

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    Os atos, convocados inicialmente com apelos golpistas de expurgo das instituições que estariam atrapalhando o capitão de governar, foram adquirindo outra cara ao longo da semana. Claro que sem a concordância de muitos adoradores do mito que continuam querendo sangue.

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    Como em um passe de mágica, o “fora Congresso” foi se transformando na aglutinadora mensagem “pró-reforma da Previdência”, o “fora STF” sumiu em nome da campanha pró-Coaf no Ministério da Justiça, algo de que o governo nem faz mais questão.

    O próprio presidente Jair Bolsonaro, o mesmo que dias antes incitara tudo e todos contra os políticos e a política, propagando aos quatro ventos que o país era ingovernável sem conchavos, tratou de liderar o rearranjo do discurso. Nas redes sociais, mobilizadores correram para substituir as hashtags das convocações. Até a usual baixeza das agressões se reduziu.

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    A Câmara dos Deputados tocou suas pautas, aprovou a reforma administrativa sem o Executivo ter de se render a qualquer barganha, derrotou o governo no Coaf e na Funai. Bolsonaro baixou a bola, elogiou o Parlamento, colheu vitórias. O STF se voltou para a sua agenda, com temas importantes como criminalização da homofobia.

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    Ainda que por alguns poucos dias, viu-se algo parecido com a normalidade.

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    O problema é que calma, regularidade e sanidade são atributos que não combinam com o atual chefe do governo, bipolar por natureza. Dele se vê, até no mesmo dia, xingamento e adulação aos mesmos destinatários, tal como faz com parlamentares. Defesa e ataque de ideias contraditórias.

    Por ingenuidade ou esperteza, por querer ou talvez não, tem predileção pelo conflito. E boquirrota com acentuada frequência.

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    Na quinta-feira, no auge da melhor semana de seu governo até aqui, deixou em maus lençóis o seu Posto Ipiranga, Paulo Guedes, ao anunciar que tinha um “plano infalível” para aumentar a receita do governo, que renderia mais do que o trilhão de reais de economia prevista no projeto de reforma da Previdência. Praticamente jogou no lixo todo o esforço de seu ministro, um guerreiro, que, ao contrário do presidente, crê na reforma.

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    Tendo escolhido colocar a ideologia acima de tudo, até do Deus de sua campanha, Bolsonaro tenta agora, ainda que canhestramente, ir além do conforto dos fundamentalistas de sua seita e fazer gestos aos que nele votaram para derrotar o mal que o petismo encarnou.

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    A bipolaridade expressa pode ser uma forma atabalhoada de agradar quem já começa a lhe negar apoio. Mas ele terá de alegar insanidade absoluta para tentar explicar a pregação feita há exatos 20 anos, quando defendeu o fechamento do Congresso e “a morte de uns 30 mil, começando por FHC”. Era só assim que o Brasil poderia mudar, dizia.

    Nas ruas, muitos serão os cartazes e vozes contra o Congresso. Hoje, pode até ser verdade que Bolsonaro discorde disso. Mas como cada um carrega a sua história, há motivos de sobra para que muitos não acreditem.

     

    Mary Zaidan é jornalista 

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