A pouco mais de uma semana do segundo turno, o PT busca por todos os meios inviabilizar seu adversário no tapetão.
Quer a cassação do registro de sua candidatura e, pasmem, a suspensão de seus direitos políticos por oito anos.
A ideia de criminalizar sua militância espontânea – fenômeno eleitoral sem precedentes e que faz a diferença nesta campanha -, levou-o, de quebra, ao extremo de propor nada menos que a censura ao WhatsApp, que já a realizou parcialmente.
É a artilharia do desespero, diante da derrota iminente.
O raciocínio parece óbvio: se não é possível derrotá-lo nas urnas – e os números não deixam dúvida -, o jeito então é tirá-lo de algum modo da disputa. Foi esse, em outros termos, o pensamento de Adélio Bispo ao esfaquear o candidato. Falhou – e o fortaleceu.
O PT busca outro caminho: esfaquear o eleitorado. A tanto equivale a denúncia, com base em reportagem, desprovida de provas, da Folha de S. Paulo, que Haddad encaminhou ao TSE. Vai falhar também. A reportagem, endossada com estardalhaço por Haddad, acusa os grupos que se formaram nas redes sociais, em apoio a Bolsonaro, de financiados em caixa dois por empresários.
Diante disso, o PT, coadjuvado pelo Psol, quer banir Bolsonaro da disputa. O PDT, que integra a patota, não perdeu tempo: ingressou ontem, 19, com outra ação no TSE no mesmo sentido. Pede a impugnação da candidatura de Bolsonaro. Em seu lugar, claro, entraria Ciro Gomes, terceiro colocado no primeiro turno.
O pedido do PDT tem o mesmo fundamento da ação movida pelos petistas: o suposto impulsionamento por agências, pagas por empresários, com recursos não declarados, de páginas e disparos de mensagens em massa contra o PT, o que é proibido pela legislação.
A base, no entanto, é a mesma: a tal reportagem do jornal amigo, que sugere que os mais de 50 milhões de votos a Bolsonaro decorreram das tais mensagens de WhatsApp.
A facada jurídica deve, ao contrário do desejado, impulsionar as manifestações pró-Bolsonaro marcadas para amanhã em todo o país. O PT dispõe de pesquisas internas que dão as eleições como já resolvidas. O segundo turno já estava embutido no primeiro – e o reproduzirá, em números ainda mais alentados.
O fenômeno Bolsonaro não é isolado. Encabeça todo um desejo de mudança do ecossistema político do país. O primeiro turno o evidenciou, levando ao Congresso personagens neófitos em política, desvinculados dos grupos de interesses que levaram o país à ruína.
Há ainda disputas importantes em segundo turno, país afora, que reproduzem esse fenômeno. No eixo Rio-São Paulo-Minas – maiores colégios eleitorais do país -, o que une os postulantes é o repúdio comum ao PT e o consequente apoio a Bolsonaro.
Ele se tornou gradualmente o rosto da mudança/ruptura, agregando não apenas os militantes de primeira hora, mas muitos mais, que jamais imaginariam um dia votar nele.
O PT se queixa de fake News, mas nessa categoria se inserem exatamente as notícias que buscam omitir a verdade: a brutal corrupção que perpetrou e o desmonte econômico e moral do país.
Ou seja, notícias que o próprio PT difunde, na tentativa de esconder o sol com a peneira, ocultando a figura de Lula, trocando as cores do partido e levando seus candidatos, declaradamente ateus, a uma encenação piedosa de comunhão sacrílega num templo católico.
A litigância de má fé de Haddad e aliados – é disso que se trata – vai contra a realidade. Imaginam que, quebrando o termômetro, irão baixar a febre. Não funcionará.
Ruy Fabiano é jornalista