Retenção de talentos, especialmente nos níveis de liderança, é um dos principais focos das empresas brasileiras, segundo a pesquisa “Tendências de RH 2024”, realizada pela Korn Ferry. A sondagem, obtida pela coluna, entrevistou 298 empresas dos mais diversos setores em atuação no Brasil e oferece insights valiosos sobre as práticas de recursos humanos no País.
No que diz respeito ao planejamento de talentos e sucessão, por exemplo, 53% das empresas responderam possuir algum programa formal nesse sentido. Esses programas cobrem principalmente os níveis de liderança (95%) e de gerenciamento (91%). “As práticas de gestão atuais olham mais para o passado dos colaboradores, e temos ainda muito espaço para ampliar o foco no futuro por meio de processos consistentes de planejamento de talentos”, afirma Daniel Pfannemüller, diretor sênior em Consultoria de Talentos. “Quase metade (46%) dos participantes relataram não ter programa formal, sendo que, dos que têm, a maior parte está focada em alta e média liderança. Os critérios que baseiam as discussões também necessitam ser melhor compreendidos, como, por exemplo, a diferença entre os conceitos de prontidão e potencial.”
A Korn Ferry é uma consultoria global de gestão organizacional que cobre áreas do setor de indústria, governança e estratégica organizacional, entre outras. Além do Brasil, o estudo completo também traz recortes da situação em outros países da região, como Argentina, Chile, Colômbia e México.
Em relação ao tema de cultura e gestão da mudança, 64% das empresas brasileiras dizem dedicar esforços classificados como significativos à gestão formal da cultura organizacional. A maioria das organizações (77%) permite o trabalho híbrido – prática que, para 21% dos entrevistados, tem impacto muito significativo. Além disso, 85% das empresas acreditam que sua cultura atual favorece a execução da estratégia de negócios.
Os objetivos estratégicos mais comuns incluem a identificação e desenvolvimento de talentos internos (94%) e a preparação para sucessão em cargos-chave (91%). “Mais da metade dos participantes reconhecem que no último ano as mudanças vivenciadas foram de nível organizacional, ou seja, geraram impactos em todas as áreas e em todas as pessoas”, diz Renata Secco, diretora de Transformação, Cultura e Gestão de Mudança. “Por outro lado, grande parte (62%) alega não possuir metodologia formal para gerir as mudanças, e a vasta maioria (86%) não faz uso de indicadores para acompanhar a eficácia das mesmas. Em um cenário de mudança constante em que vivemos, temos uma enorme oportunidade de nos apropriar dessa temática de gestão da mudança, contribuindo com o negócio não apenas nas disciplinas tradicionalmente relacionadas a recursos humanos, mas em todo e qualquer movimento da organização que impacte no elemento humano”, afirma ela.
O estudo indica também uma tendência de maior mensuração e acompanhamento dos processos de RH. Embora ainda não seja uma prática amplamente aplicada, 29% das empresas estão utilizando indicadores (KPIs) para a gestão da cultura e 14%, para a gestão da mudança. Isso sugere uma orientação em direção a uma abordagem mais orientada a dados na área de recursos humanos, alinhada com as demandas estratégicas das organizações modernas.