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Negócios, Mercados & Cia
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Exclusivo: Clubes de futebol amealham R$ 2,2 bilhões com fan token

Levantamento mostra que 52 contratos de entidades esportivas como clubes de futebol, das séries A e B, já investem em fan token e NFT no Brasil

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 out 2022, 13h30 - Publicado em 15 out 2022, 09h00
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  • O mercado cripto invadiu os campos de futebol. A aposta dos grandes clubes de futebol em fan tokens e NFTs é cada vez maior no país. O total de contratos entre entidades desportivas, incluindo os grandes clubes das séries A e B, e empresas da criptoeconomia atualmente existentes no Brasil já chega a 52. A informação é de levantamento inédito realizado em conjunto pelo escritório Marcello Macêdo Advogados e a Win The Game.

    O estudo mostra ainda que a capitalização de mercado atual dos fan tokens, de clubes como Flamengo, Corinthians, São Paulo, Vasco, Atlético Mineiro e Internacional, já soma R$ 2,2 bilhões. Para o advogado Guilherme Macêdo, esse mercado é muito promissor entre os brasileiros e tende a crescer para outros esportes, como vôlei, basquete e Fórmula-1. Ele alerta que é fundamental a transparência no mercado, para garantir a segurança tanto dos clubes quanto dos torcedores. “É um mercado muito promissor e só tende a crescer para outros setores do esporte como basquete, vôlei e Fórmula 1”, afirma Guilherme Macêdo, sócio da Macêdo Advogados.

    Um token, na indústria cripo, é um ativo digital que roda em uma blockchain. O veículo escolhido para essas operações é o dos fan tokens, ativos digitais que normalmente são ligados a grupos esportivos e cuja característica principal é a ausência de promessa de valorização monetária. Na prática, funcionam como programas de sócio-torcedor, mas com algumas diferenças: os ativos ficam armazenados na estrutura de blockchains e não é preciso pagar mensalidades.

    Os clubes lucram porque, quando emitem um fan token e fazem a venda inicial para o mercado, uma parte desse valor fica com o próprio time. “Esses tokens são focados em gerar engajamento, e não são investimento”, explica Macêdo. “Então, a ideia é que, quando uma pessoa compra um fan token, ela tenha mais interesse em se envolver e interagir com as questões do clube, e não em ganhar dinheiro com uma possível valorização”, completa. “Não dá para adquirir um fan token com viés de investimento ou ativo especulativo.”

    Qual a sua avaliação sobre esse boom de adesões ao mercado virtual por parte dos clubes de futebol ou entidades desportivas no Brasil?

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    É um mercado recente e, mesmo assim, já tem uma importância sobretudo por conta da adesão dos clubes de futebol e entidades esportivas. Essa aderência ao mercado cripto se deu também por conta de uma necessidade de alento ao fluxo de caixa, em um cenário de pandemia de Covid-19. Alguns clubes estavam sufocados econômica e financeiramente falando. Paralelamente, muitas empresas surgiram para desenvolver produtos nesse mercado de cripto. E também porque os clubes viram que há possibilidade de muitos benefícios, e isso fez com que outros clubes seguissem esse mesmo caminho. Ao mesmo tempo, as empresas estrangeiras  veem o mercado de esportes brasileiro com muito bons olhos. Os brasileiros também adotaram esse mercado muito rapidamente.

    Como é a relação desse investimento com o torcedor e o clube?

    Esses tokens são focados em gerar engajamento. Não dá para adquirir um fan token com viés de investimento ou ativo de especulação. Então a ideia é que quando uma pessoa compra um fan token, ela tenha mais interesse em se envolver com as questões do clube, e não em ganhar dinheiro com uma possível valorização.

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    Apesar desse ‘boom’, há ainda o gargalo em relação à regulamentação desse setor. Como o Brasil está em relação a outros países?

    Em relação à regulamentação desse setor, o Brasil está condizente com o cenário global. É um mercado que não pode ser engessado. Esta semana a própria CVM soltou um parecer de orientação para atuar nesse mercado de forma a se ter mais segurança. Veja, a CVM deu orientações de como proceder com boas práticas nesse mercado. Não estabeleceu regras. Dessa forma, por ser um mercado livre por sua natureza, tem de se tomar série de cuidados, justamente para evitar entrar em algum equívoco. 

    Hoje em dia a segurança nesse mercado é complicada. Como evitar cair em algum golpe nesse setor?

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    A transparência é fundamental. Para os clubes, é ter a certeza que a empresa desses produtos é idônea e sabe operar nesse mercado. Mas para os torcedores e investidores, vale também saber por quanto tempo esse contrato irá valer: se dois, três, quatro anos. Isso porque – diferente dos títulos de clubes que se adquire -, ele tem prazo de validade. Ou seja, há o risco de o torcedor perder todos os benefícios, caso o contrato expire. Não é como um título de clube que você pode até passar de pai para filho.

    Há outros setores desportivos interessados em fan token?

    Sim. É um mercado promissor e só tende a crescer para outros setores do esporte, como basquete, vôlei e Fórmula-1. Até porque muitos que adquiriram fan tokens do Flamengo, por exemplo, não vão adquirir os fan tokens do Palmeiras. Mas o torcedor poderá adquirir o fan token de seu time e também de outras modalidades do esporte e até de um artista como Gustavo Lima. A entrada dos clubes de futebol está sendo, na verdade, como um chamariz para mostrar as grandes possibilidades desse mercado, muito promissor.

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