“Essas coisas têm menos consequências do que as pessoas imaginam’, afirma um economista renomado sobre o efeito imediato da tentativa de golpe organizada por bolsonaristas radicais, que invadiram ontem o Palácio do Planalto e as sedes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), no funcionamento interno da economia. Segundo ele, o melhor exemplo disso é o episódio de 6 de janeiro de 2021 nos Estados Unidos, quando apoiadores de Donald Trump que também diziam protestar contra o resultado das eleições tentaram invadir o Capitólio (sede do Legislativo americano) – e que terminou com a depredação do prédio e cinco mortes. “Se relembrarmos o que aconteceu na Bolsa de Valores nos Estados Unidos nos dias seguintes da invasão do Capitólio, veremos que não foi nenhum impacto negativo na economia”, afirma. “Hoje, aqui no Brasil, a Bolsa caiu 0,33% (pela manhã) e o câmbio está mexendo 1%. Isso é nada”, complementa outro economista.
Segundo eles, isso ocorre porque a presunção do mercado financeiro é de que a ordem democrática será estabelecida completamente, e os responsáveis pelos atos serão punidos. Quando questionados sobre as despesas para recuperação de tudo o que foi depredado de patrimônio público, como computadores, documentos, obras de arte, eles são unânimes: “É peanuts” (pouco dinheiro, mixaria) comparado com outros itens de gastos.”
Pergunto se a avaliação seria a mesma no caso de protestos semelhantes se repetirem em outros Estados, com o bloqueio de estradas e até de refinarias de petróleo. “Isso seria outra história, neste caso o impacto seria imediato na economia”, afirma um banqueiro. “A mudança no regulatório do saneamento tem muito mais peso na economia do que tudo isso”, afirma um economista renomado. Daqui pra frente, a atenção deve se voltar para os próximos passos dos bolsonaristas radicais e a rápida ação do governo federal e da Justiça para preservar a economia, já sacrificada com inflação e juros altos.