
Findo o processo eleitoral no Legislativo, quando ficou evidenciada a capacidade política do governo de atrair aliados, devemos nos perguntar: o que vem por aí? Para facilitar a análise, abordaremos a questão a partir de três ângulos que se inter-relacionam: o social, o econômico e o político. Pelo aspecto social, existem as lacunas provocadas pela pandemia de Covid-19, que ainda estão longe de ser resolvidas. Daí a necessidade de o governo recuperar o tempo perdido nos embates sobre a vacina e voltar a tratar da questão do auxílio emergencial. O social se conecta com o econômico: o auxílio emergencial, ou o que o valha, deve estar acoplado a políticas econômicas de retomada, o que inclui crédito, desburocratização, simplificação tributária e prosseguimento da agenda de reformas.
O econômico e o social se conectam com o político. Tanto pela necessidade de encontrar uma saída adequada para o auxílio emergencial, sem a quebra da regra do teto de gastos, quanto pela agenda de reformas. Os dois temas deveriam ser a prioridade na retomada dos trabalhos legislativos. Aliás, por causa da pendência do Orçamento da União de 2021 e do agravamento da pandemia, o debate é obrigatório.
“O país deve voltar à questão das reformas, até mesmo para não naufragar em expectativas negativas”
Logo adiante, porém, o país deve voltar à questão das reformas, até mesmo para não naufragar em expectativas negativas. E não apenas as reformas de natureza constitucional. A agenda de pendências no Congresso é vasta. No âmbito das reformas constitucionais, destacam-se a PEC Emergencial e as reformas tributária e administrativa, todas com enormes complexidades técnicas, sobretudo, políticas e corporativistas.
A pauta também é relevante no nível infraconstitucional, com matérias que podem mudar a cara do Brasil, gerando um ambiente de investimentos com empregos de melhor qualidade. Destaco as propostas de autonomia do Banco Central, a nova lei do gás, o marco regulatório do setor elétrico, a lei da cabotagem, as debêntures de infraestrutura, o marco do setor de logística e o licenciamento ambiental. Essas matérias, entre outras, são essenciais para quebrar o ciclo de endividamento e instalar um círculo virtuoso de investimento privado que possa promover desenvolvimento econômico e social. Apesar das respostas claras quanto ao combate à pandemia e à aprovação de alguns temas importantes, como a nova Lei de Falências e a Lei do Saneamento, o Congresso poderia ter avançado mais. Não o fez, principalmente, por disputas políticas e conflitos envolvendo interesses pessoais. No ano passado, os chiliques de muitos que comandavam o país terminaram trabalhando contra os interesses do desenvolvimento econômico e social. E faltou, por parte do governo, o empenho necessário para construir narrativas vencedoras para tais temas. A ausência de uma interlocução sólida com Rodrigo Maia, então presidente da Câmara dos Deputados, foi usada como motivo para o avanço errático da pauta econômica no Congresso. Agora, com Arthur Lira no comando da Câmara, e Rodrigo Pacheco à frente do Senado, cabe ao governo lançar mão do seu poder de mobilização em favor de uma agenda reformista e progressista. Com inteligência e equilíbrio, as forças políticas têm uma excelente oportunidade de aprofundar as reformas iniciadas em 2016.
Publicado em VEJA de 10 de fevereiro de 2021, edição nº 2724
Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se já é assinante, entre aqui. Assine para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.
Essa é uma matéria fechada para assinantes e não identificamos permissão de acesso na sua conta. Para tentar entrar com outro usuário, clique aqui ou adquira uma assinatura na oferta abaixo
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique. Assine VEJA.
Impressa + Digital
Plano completo de VEJA. Acesso ilimitado aos conteúdos exclusivos em todos formatos: revista impressa, site com notícias 24h e revista digital no app (celular/tablet).
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Receba semanalmente VEJA impressa mais Acesso imediato às edições digitais no App.
MELHOR
OFERTA
Digital
Plano ilimitado para você que gosta de acompanhar diariamente os conteúdos exclusivos de VEJA no site, com notícias 24h e ter acesso a edição digital no app, para celular e tablet. Edições de Veja liberadas no App de maneira imediata.
30% de desconto
1 ano por R$ 82,80
(cada mês sai por R$ 6,90)