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Vexame de Putin: míssil ‘invencível’ fracassa e cientistas são presos

A derrubada de seis mísseis hipersônicos, a arma mais moderna do arsenal russo, humilha o Kremlin e revela um expurgo à la soviética

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 Maio 2023, 10h06 - Publicado em 18 Maio 2023, 07h48

Os inimigos da liberdade e da democracia comemoraram quando a Rússia anunciou que havia destruído uma bateria de mísseis Patriot, o caríssimo e sofisticado escudo protetor que os Estados Unidos cederam à Ucrânia (a Alemanha deu uma segunda bateria).

Durou pouco a alegria – na verdade, foi atingido apenas um veículo do círculo antiaéreo que cerca cada um dos preciosos Patriot, sistema que funciona como um posto de comando com capacidade para localizar por radar e derrubar automaticamente mísseis inimigos com seus oito lançadores.

Mas esperem: tem mais notícias espetaculares. A Ucrânia não só derrubou os quase 100 mísseis e drones que choveram sobre Kiev na noite de segunda-feira – talvez o maior feito de toda essa guerra – como neutralizou seis mísseis Kinzhal, o foguete supersônico que tornava inúteis todas as baterias antiaéreas do planeta por causa de sua velocidade. E quem fez isso foi o não atingido Patriot, o mesmo sistema que protege Israel das chuvas de mísseis vindas de Gaza.

As adagas – o nome do míssil em russo – na verdade estão caindo metaforicamente sobre a cabeça de Vladimir Putin. O fracasso dos Kinzhal acabou revelando uma reação típica das antigas épocas mais sombrias da União Soviética: três cientistas que desenvolveram o míssil hipersônico foram presos ao longo do último ano e acusados de traição.

As acusações contra os cientistas, todos de um instituto de mecânica teórica e aplicada de Novosibirsk, são baseadas em argumentos puramente stalinistas: eles deram palestras no exterior, publicaram artigos em revistas científicas e participaram de projetos internacionais.

“Não só tememos pela sorte de nossos colegas, como simplesmente não sabemos como continuar nosso trabalho”, escreveram pesquisadores que trabalhavam com os presos. Anatoli Mastov e Alexander Shipliuk foram detidos no ano passado e Valeri Zgentisev, colocado em reclusão por uma decisão da justiça datada do último 7 de abril. Na carta, os cientistas defendem os colegas como “patriotas e pessoas decentes”, além de advertir que os participantes das pesquisas aerodinâmicas enfrentam a possibilidade de um declínio “rápido e irreversível” por falta de renovação dos quadros e da “continuidade interrompida”.

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“Vimos o apelo, mas os serviços especiais estão cumprindo suas funções”, respondeu o porta-voz oficial do Kremlin, Dimitri Peskov.

A derrubada dos mísseis hipersônicos, que alcançam velocidade Mach 10, ou 12.250 quilômetros por hora (um avião comercial voa a 900), não apenas desmoraliza a “mãe de todos os mísseis” como põe em xeque a capacidade de ataque nuclear impossível de ser interceptado que dava uma enorme vantagem estratégica à Rússia. Mais ainda, o fiasco do Kinzhal levanta dúvidas sobre todo o maior arsenal nuclear do mundo, construído com a proeza científica que levou a antiga União Soviética a rivalizar com os Estados Unidos e até ultrapassá-los, em termos de tonelagem.

Fora do espectro nuclear, a grande vantagem da Rússia sobre a Ucrânia, além da superioridade numérica, é o arsenal de mísseis capazes de fazer a morte chover em qualquer lugar do país, sem possibilidade de reação. A nova onda de mísseis desfechada hoje contra várias cidades ucranianas é uma prova disso.

Mas agora a defesa antiaérea, reforçada pelo treinamento fornecido pelos Estados Unidos e pelos Patriots, deu um inesperado e espetacular show na segunda-feira. A tranquilidade com que os russos atacavam a centenas e até milhares de quilômetros de distância foi seriamente afetada.

“Se fomos capazes de fazer isso, não existe nada de que não sejamos capazes”, comemorou o presidente Volodymyr Zelensky. A chuva de mísseis deveria azedar o retorno de Zelensky ao país, depois de um giro europeu fazendo o que ele faz de melhor: pressionar, gentilmente, por mais e melhores armamentos, incluindo os caças de alta performance, como os F16, prêmio que até agora não conseguiu.

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“É improvável que equipamentos topo de linha sejam empregados na Ucrânia para não permitir que sejam analisados por potenciais inimigos como Rússia e China”, disse o analista militar britânico Sean Bell, vice-marechal da reserva. Usando o mesmo raciocínio, ele afirmou que um míssil avançado como o Kinzhal agora está sendo estudado pelos Estados Unidos para entender suas vulnerabilidades.

Segundo ele, o uso do míssil hipersônico mostra que a Rússia está esgotando seu leque de opções e recorrendo a armamentos que teria preferido também manter escondidos.

O fiasco aéreo precedeu um ataque redobrado das forças russas contra a cidade de Bakhmut, que virou ponto de honra para os dois lados.

Os ataques russos tornaram-se mais urgentes depois que entraram em ação os mísseis Storm Shadow, fornecidos pela Grã-Bretanha. Os foguetes têm alcance de 300 quilômetros, capacitando-os assim a atingir depósitos de armas e quartéis para rodízio de tropas na retaguarda dos territórios ucranianos ocupados. Todo o material bélico russo na Ucrânia, incluindo a Crimeia, está agora ao alcance dos Storm Shadow.

A guerra está longe de acabar e a Rússia tem recursos formidáveis. O fato de que estes sejam vulneráveis, somado aos múltiplos erros cometidos desde o início da invasão, abre uma pequena janela de oportunidade para a Ucrânia. Por causa disso, aumenta o clamor pela “paz” dos que torcem, nada secretamente, para a Rússia. O mais recente ator a entrar nessa arena foi o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, que se ofereceu para ir à Ucrânia como representante de uma liga de países africanos em favor de negociações de paz.

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Os ucranianos já demonstraram que sabem muito bem como não deixar raposas estrangeiras tomar conta do galinheiro.

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