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Ucrânia não tem Marinha, mas está arrasando a frota russa no Mar Negro

Com mísseis e drones, já foram afundados quinze navios de guerra, sendo o último um submarino de 300 milhões de dólares

Por Vilma Gryzinski 8 ago 2024, 07h22
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  • A guerra moderna está cheia de surpresas. Uma das maiores é a quantidade de estragos que drones podem fazer, como vem sendo demonstrado pelo uso astucioso desse recurso na guerra naval. Os dois lados da guerra desfechada desde que a Rússia invadiu a Ucrânia causam estragos consideráveis entre si com seus drones. Mas são os ucranianos, que não têm Marinha, os mais bem sucedidos nos ataques aos vasos de guerra inimigos. O último foi contra o submarino Rostov-sobre-o-Don, nome de uma cidade russa que fica ao lado do famoso rio.

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    Era um submarino bastante novo, lançado ao mar em 2014, movido a diesel, com 300 metros de comprimento. Custo do caríssimo brinquedo: por volta de 300 milhões de dólares.

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    O Rostov tinha capacidade de lançamento de mísseis Kalibr, um devastador artefato de guerra que pode ter uma carga explosiva de até 500 quilos. Causa enormes perdas para a população civil ucraniana, visto que os russos não a distinguem de alvos militares.

    A Marinha ucraniana foi praticamente toda roubada pelos russos, em 2014, quando tomaram a Crimeia, onde ficavam os tradicionais portos dos dois países no Mar Negro. Fora os que foram sendo atingidos sucessivamente durante a guerra no Donbas e depois da invasão russa. Numa guerra pré-drones, a Ucrânia teria poucos recursos no mar.

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    “VITÓRIA SILENCIOSA”

    Mas os ucranianos têm conseguido feitos impressionantes, “furando” o escudo de defesa que protege as grandes embarcações de guerra. Muitas vezes são usados drones marítimos, que são pequenos barcos não tripulados cheios de explosivos, fora mísseis, quando não ambos.

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    O maior troféu, dentro as quinze embarcações de grande porte já atingidas, foi o afundamento do Moskva, a nau capitânia da frota no Mar Negro, em 14 de abril de 2022.

    Por causa dos destruidores e sucessivos ataques, a Rússia teve que mudar seus navios da base histórica de Sevastopol, na Crimeia, para Novorossisk.

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    A campanha ucraniana continuou – bem como as piadas sobre a poderosa frota russa, toda ela posicionada no fundo do Mar Negro. Existem também cartazes mostrando à população os estragos que já afundaram um terço da frota russa.

    A “grande vitória silenciosa”, na definição do El País, está permitindo a retomada a níveis pré-guerra do movimento no porto de Odessa, pelo qual a Ucrânia exporta trigo e outros cereais, sua linha vital de sobrevivência.

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    JOIAS AFUNDADAS

    Em algum momento da ofensiva russa, Odessa correu o risco de ser “estrangulada”, com os invasores de um lado e simpatizantes pró-russos que tomaram um naco da Moldova, um país vizinho da Ucrânia, de outro. Essa grande guinada estratégica, que seria uma tragédia para a Ucrânia, hoje parece impossibilitada.

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    A Ucrânia não conseguiu deter ou reverter a contraofensiva russa por terra, embora esta não esteja alcançando resultados brilhantes ou que mudem o quadro geral da guerra.

    A chegada dos caças F-16, doados por países europeus de seus próprios arsenais, pode ter uma influência importante, embora dificilmente venham a ser um game changer, um elemento que vira o jogo. Operar e manter esses sofisticados aparelhos exige equipes de altíssimo nível e os russos têm praticamente o controle dos céus.

    Em resumo, a guerra continua mais ou menos empatada, com nenhuma chance de que a Rússia perca o controle dos territórios que já ocupou, cerca de 20% da Ucrânia. Num lance ousado, cerca de mil soldados entraram na região de Kursk, avançando consistentemente em território russo pela primeira vez. Teve até reunião de Vladimir Putin com ministros, numa daquelas mesas quilométricas. Putin não parecia nada satisfeito.

    No Mar Negro, as perdas só não são catastróficas porque a Rússia tem a superioridade numérica e capacidade de reposição de material bélico: os navios atingidos não redundam em territórios reconquistados.

    Mas como dói ver as joias de sua frota sendo afundadas.

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    Sem falar na trolagem dos ucranianos.

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