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Política fraca: Maduro manda tirar bandeira brasileira, governo obedece

É assim que a diplomacia brasileira pretende conseguir uma grande vitória e negociar transição pacífica para a Venezuela?

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 7 ago 2024, 12h21 - Publicado em 7 ago 2024, 06h48
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  • Está plantado em todos os jornais: o governo brasileiro vem fazendo um enorme esforço diplomático para conseguir um acordo de transição na Venezuela e sair como um mediador vitorioso.

    Falta combinar com Nicolás Maduro, que fala como maluco e age como maluco, mas é um típico ditador espertalhão que controla tudo. Por exemplo: mandou tirar a bandeira do Brasil da embaixada argentina, cujos diplomatas foram todos expulsos e a representação, inclusive para os seis asilados da oposição venezuelana, assumida pelos brasileiros. O governo brasileiro obedeceu.

    A bandeira, hasteada por diplomatas argentinos pouco antes de serem expulsos na semana passada, segundo a versão do governo (teriam eles um estoque de pavilhões verde-amarelos?), era uma espécie de aviso preventivo para que tropas a serviço da ditadura não invadissem a sede da embaixada e arrastassem os asilados para fora, o que criaria um gravíssimo incidente internacional.

    Era, portanto, uma forma de evitar conflitos.

    Mas, apesar das atitudes de maluco descontrolado, Maduro toma conta de cada pequeno detalhe, como um caudilho de manual. As notinhas emanadas do poder brasiliense dizem que não foi ele quem mandou baixar a bandeira.

    TREM DE ARAGUA

    Em troca da concessão, que alguns considerariam humilhante, a diplomacia brasileira conseguiu um salvo-conduto para tirar os asilados e encaminhá-los a um país como Portugal, como chegou a ser cogitado?

    Não seria positivo para Maduro responder com um gesto bastante simples, e garantido pelos tratados internacionais, e liberar o trajeto dos asilados? Sua grande amizade com o presidente Lula da Silva, sempre tão cheio de compreensão e disposição a mediar o que este chama de “briga” eleitoral, não merecia uma recompensa tão banal? Passaram-se os dias e nada.

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    Maduro prefere o estado de hostilidade constante, seja com quem for. Depois de promover Elon Musk, cujo nome pronuncia com dificuldade, a arqui-inimigo, ele agora está brigando com o WhatsApp.

    “Vou romper relações com o WhatsApp porque o estão utilizando para ameaçar a Venezuela. Então vou eliminar o WhatsApp do meu telefone para sempre. Pouco a pouco, passarei meus contatos para o Telegram”, informou o espertalhão que fala como maluco.

    Isso no seu Samsung dos lacaios sul-coreanos do imperialismo. Sem perceber, ao mostrar o celular, deu dicas sobre seu interesse na organização criminosa Trem de Aragua.

    HÓSPEDES VIP

    Tudo faz parte da encenação, até a comparação sacrílega em que se coloca no lugar de Jesus – mandando seus admiradores “acreditar sem ver” nos resultados eleitorais fraudados, como fizeram os apóstolos mais fieis sobre a Ressurreição – e outros destemperos verbais envolvendo hostes infernais.

    Um teatro para ir tocando enquanto a “diplomacia” acha que vai convencer um sujeito assim a passar a presidência pacificamente ao eleito legítimo, Edmundo González.

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    Nicolás Maduro não tem a menor intenção de ir para o inferno do exílio ou para Cuba, na prática a mesma coisa. Muito menos de desfrutar da hospedagem de seus amigos do regime iraniano, cuja capacidade no ramo da hotelaria foi duramente contestada por Israel com o atentado que explodiu Ismail Haniyeh num prédio para hóspedes VIP em Teerã.

    A única forma de Maduro mudar de lado é se a cúpula das Forças Armadas entender que seus interesses não estão mais alinhados com ele. É bem difícil, considerando-se que o bolivarianismo criou 2.000 generais e almirantes — o dobro do que têm os Estados Unidos — para distribuí-los entre conselhos de empresas estatais e privadas, controle do tráfico de entorpecentes e de ouro, distribuição corrompida de alimentos e outras atividades lucrativas.

    “BOMBA POPULACIONAL”

    Irá o “cartel dos sóis” – referência ao emblema das altas patentes – sair desse jogo, assim, a troco de nada? Irão os generais bolivarianos cobrar algum preço que não seja a impunidade? Quando começam a jurar “lealdade absoluta”, dá para desconfiar.

    São questões prementes, inclusive pela iminência de mais problemas internacionais emanando da Venezuela.

    O regime insano chefiado por Maduro criou uma situação em que a própria existência da Venezuela constitui uma ameaça para múltiplos países americanos.

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    É a “bomba populacional”, o exílio em massa que desestabiliza o próprio Brasil, mas também o Chile, a Colômbia e os Estados Unidos, entre outros. De 5,5 milhões a 9 milhões de venezuelanos já tiveram que deixar seu país.

    Uma pesquisa feita agora pela Consultores ORC mostrou que mais 18% dos venezuelanos pensam em ir embora do país se Maduro continuar no poder. Seriam cerca de 4 milhões de pessoas.

    IRRADIADOR DO TERRORISMO

    Existe também uma multiplicidade de agentes estrangeiros hostis em atividade na Venezuela, incluindo operadores do Hezbollah que têm um grande campo de ação em território nacional porque brasileiros do ramo xiita do Islã, que tanto poderiam fazer por nosso país com seu trabalho e sua dedicação à família, deixaram-se, tristemente, levar pela doutrina que prega a destruição de Israel.

    O que ganham o Líbano, tão lamentavelmente dominado pela doutrina do ódio, e o Brasil? O belo Líbano, potencialmente exemplar pelo mosaico de componentes, pode ser simplesmente arrastado para a destruição por um conflito no qual não tem nenhum interesse legítimo. É uma corrida de cavalos perdedores.

    A infiltração do Hezbollah é um tema grave para o Brasil, com a Venezuela como um dos seus polos irradiadores.

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    No ano passado, a Polícia Federal prendeu três brasileiros que tinham sido recrutados por imigrantes sírios para cometer atos terroristas. Como ficam esses valorosos agentes diante de uma diplomacia brasileira presentemente cooptada, a ponto de “condenar o ataque aéreo conduzido por Israel em área residencial de Beirute”, contra o “braço armado do partido libanês Hezbollah”?

    Lamentar a morte de um terrorista como Fuad Shukr, cujo “braço armado” planejava atentados em território nacional; baixar a bandeira brasileira em Caracas e imaginar uma heroica e fictícia atuação para intermediar acordos de paz são sinais de fraqueza e subordinação, não de diplomacia “ativa e altiva”.

    CORTE DE ARAQUE

    Um projeto negociado para tirar do poder Maduro e sua tribo mereceria o apoio de todos que almejam uma solução pacífica para a Venezuela. A impunidade aos crimes de Maduro e companhia poderia ser o preço a ser engolido, em troca da redemocratização incruenta.

    Tendo se colocado como único capaz de fazer isso, o governo do presidente Lula da Silva tem que entregar. E tem que combinar com o maluco, seja falso ou verdadeiro.

    Seu último truque foi acionar o Supremo Tribunal de Justiça, comandado pela chavista fanática Caryslia Rodríguez, para intimar Edmundo Rodríguez e representantes de outros partidos da frente de oposição a apresentar hoje os documentos eleitorais em seu poder e responder a “perguntas” da corte de araque.

    Mais uma farsa, evidentemente. Basta checar as inúmeras declarações de amor ao chavismo da meritíssima juíza. Se Maduro usar esse truque para prender o candidato que, contra todas as expectativas e patranhas, foi o mais votado, será outro tapa na cara do mundo. Inclusive, ou principalmente, dos amigos.

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