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Peru: ’Outros países não têm que escolher entre Stalin e Al Capone’

Assim um conhecido publicitário qualificou o segundo turno, bem apertado, entre Pedro Castillo e Keiko Fujimori no domingo

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 4 jun 2021, 11h12 - Publicado em 4 jun 2021, 08h17
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  • “Isso só acontece conosco”, queixou-se o publicitário Robby Ralston, que lançou um projeto com o objetivo de convencer peruanos a tapar o nariz e, mesmo sentindo náuseas, votar em Keiko Fujimori.

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    Votar pelo mal menor não é exclusividade peruana, mas o segundo turno da eleição presidencial no país é realmente de doer.

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    As pesquisas dão praticamente um empate técnico, embora os partidários de Pedro Castillo, o professor primário e sindicalista marxista que arrancou na frente, não confiem nelas.

    Muito mais do que no Brasil, a eleição peruana é marcada pelo “efeito Venezuela”. Se Keiko Fujimori conseguir inverter as tendências, terá sido pelo medo provocado pelas comparações, perfeitamente adequadas, entre o programa de Castillo e a refundação promovida por Hugo Chávez, com os conhecidos e catastróficos resultados.

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    Se Castillo for eleito, terá sido apesar do efeito Venezuela.

    Na revista The Atlantic, David Frum atribui as duas péssimas opções que confrontam os peruanos ao naufrágio da política tradicional, que varreu representantes de direita, de esquerda e de centro.

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    “Muitas democracias sofreram o colapso do centro político, mas poucas tão completamente – ou tão inesperadamente – quanto o Peru. Durante anos, o Peru teve algumas das maiores taxas de crescimento da América do Sul. Reduziu a proporção da pobreza de 58% para 23%. Na mineração, novas e promissoras descobertas antecipavam mais crescimento”.

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    Os resultados positivos foram terrivelmente ofuscados pelo desmonte da política tradicional, traduzido pelos cinco presidentes e ex-presidentes envolvidos pelo longo braço da Odebrecht ou simplesmente varridos do mapa. 

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    A hecatombe política coincidiu, nas etapas finais, com a eclosão da Covid-19. Poucos dias antes do segundo turno, uma revisão metodológica mais do que dobrou o número de vítimas da doença, de 68 mil para 180 milhões, tornando o Peru o país mais golpeado do mundo, proporcionalmente à população.

    Quando a campanha presidencial começou, Pedro Castillo tinha 3% das preferências e era conhecido pelo chapelão de camponês e por um vídeo no TikTok dublando o clássico I Feel Good. Terminou em primeiro lugar, com 19% dos votos. 

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    As pesquisas atuais o dão perto dos 50%, depois de percorrer o país, à la Evo Morales, com um lápis gigante na mão, símbolo do partido Peru Livre, e um discurso ligeiramente abrandado, para assustar menos.

    Mas o susto foi e continua a ser enorme. Castillo quer votar uma assembleia constituinte, ao estilo chavista, e nacionalizar as empresas estrangeiras de mineração que não pagarem 80% de seus lucros.

    As promessas o tornam “candidato de esquerda mais radical a ganhar uma eleição na América Latina”, segundo Andrés Oppenheimer, o analista venezuelano radicado em Miami.

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    “Temos que escolher entre o que está aí e o que está aí, infelizmente, não é o que gostaríamos. Talvez seja a conjuntura mais difícil que já enfrentamos”, resumiu ao jornal Perú 21 o advogado Gonzalo Zegarra, um representante do liberalismo civilizado que se defronta agora com o ataque dos bárbaros.

    “É a opção que temos e eu escolho Keiko Fujimori. Eu a combati a maior parte da minha vida, tanto ela como a seu pai, mas é o mal menor”.

    O mesmo raciocínio já tinha levado Mario Vargas Llosa, o mais eminente dos peruanos, a apoiar Keiko, cujo pai ele tanto combateu. Diante, virtualmente, do escritor e de Leopoldo López, líder oposicionista venezuelano exilado na Espanha, Keiko fez um juramento de defesa da democracia e luta contra a corrupção.

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    “Reconheço que no passado recente, meu partido e eu não estivemos à altura das circunstâncias, mas os erros cometidos, a injusta prisão que sofri, me deixaram uma profunda lição; é por isso que, sem nenhum condicionante, hoje peço perdão”, disse a candidata.

    Políticos de várias tendências, a grande imprensa – sob ameaça de intervenção, segundo o programa do partido de Castillo – e a classe média em geral sentiram-se na obrigação de fazer frente unida contra o candidato esquerdista, apoiado principalmente pelos peruanos indígenas ou mestiços do interior, identificados com sua imagem de homem de origem modesta.

    São camadas da população que não se afetam com análises como a de Andrés Oppenheimer – “A plataforma eleitoral que ele apresentou no primeiro turno, em abril, parece saída da revolução russa de 1917” – e acreditam nas promessas de uma vida melhor, principalmente em matéria de educação, tema que Castillo enfatiza como professor.

    Por iniciativa da Conferência dos Bispos, Castillo prestou um juramento solene, pela televisão, de não buscar a reeleição nem mudar as regras do jogo democrático. No domingo, os peruanos darão a resposta.

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