Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Para onde vai a guerra na Ucrânia e o que os Estados Unidos querem?

Lloyd Austin, o secretário da Defesa, deu uma escorregada e falou a verdade: Rússia fraca é um objetivo estratégico dos americanos

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 26 abr 2022, 18h08 - Publicado em 26 abr 2022, 05h48

O secretário da Defesa dos Estados Unidos tem basicamente um cargo político e a tarefa fundamental de conseguir aquilo que não sai da cabeça dos militares — verbas —, administrar 1,3 milhão de tropas da ativa e conseguir a boa vontade do presidente.

Com 780 bilhões de dólares para gastar neste ano, Lloyd Austin, general de quatro estrelas da reserva, também tem uma guerra por procuração quase ideal: a Ucrânia, o lado mais fraco, impulsionada por armas, formação e informação dos Estados Unidos, está dando um baile no lado mais forte, a Rússia.

Sem colocar nem um único soldado americano em risco de vida, está conseguindo minar o mais tradicional adversário dos Estados Unidos.

É quase bom demais para ser verdade. E talvez por isso Austin tenha deixado escapar algumas palavras que, segundo os mandamentos da diplomacia, não deveriam ser ditas em público.

“Nós queremos ver a Rússia enfraquecida a ponto de não poder fazer o tipo de coisa que fez ao invadir a Ucrânia”, disse ele depois de atingir o atual ponto máximo da peregrinação de qualquer líder de país desenvolvido hoje: uma reunião em Kiev com o presidente Volodymyr Zelensky.

Manter a Rússia sangrando, por obra dos ucranianos, é uma grande vantagem estratégica — o que não significa que os americanos não vejam as desvantagens. Entre elas, obviamente, a alta instabilidade que uma guerra como essa provoca em todo o planeta, indo desde as turbulências estratégicas até o aumento dos preços dos combustíveis que muito provavelmente contribuirá para um desastre eleitoral no Partido Democrata na eleição legislativa de novembro. Os aliados europeus também vão penar se a guerra durar até o próximo inverno no Hemisfério Norte.

Continua após a publicidade

Isso significa que os malvados imperialistas provocaram o conflito, como dizem os antiamericanistas? É claro que não. A guerra na Ucrânia foi inteiramente gestada na cabeça de Vladimir Putin e, como uma Atenas ao contrário, só trouxe desastres para o mundo e para a própria Rússia.

O maior deles ainda está no plano das hipóteses: Putin, como aquele tio “esquisito” que tanta gente tem na família, não pode ser provocado a ponto de explodir. Ou seja, não pode perder demais. Precisa salvar as aparências com alguma coisa que possa apresentar como vitória, como a conquista do semicírculo da parte oriental da Ucrânia onde os russos têm avançado metodicamente.

Nas famílias, quando o tio problemático perde as estribeiras, arruína a ceia de Natal. No planeta Putin, o risco pode ser de uso de uma arma nuclear tática, hipótese que parecia impensável até recentemente.

Como um Kim Jong-un turbinado, Putin também está transmitindo os testes de lançamento de novas armas estratégicas, aquelas que podem atingir a Europa inteira e os Estados Unidos. O mais recente foi o míssil intercontinental apelidado no ocidente de Satã II, um leviatã que pode transportar dez ogivas nucleares ou mais à distância de até 18 mil quilômetros. É o suficiente para devastar países como a França ou o Reino Unido, os dois únicos europeus com armas nucleares, com um único ataque. Obviamente, a retaliação também arrasaria os centros estratégicos russos.

Putin colocou o arsenal nuclear russo na mesa exatamente para intimidar os países ocidentais e impedir uma intervenção direta, como uma zona de exclusão aérea, em favor da Ucrânia.

Continua após a publicidade

Com apenas a ajuda indireta, a guerra pode durar vários meses. Se os russos não tomarem a região de Donbas, onde agora estão focado, em um mês ou pouco mais, levarão outra invertida.

O tempo joga contra os dois lados, mas a Ucrânia tem mais a perder, principalmente em termos de impacto sobre a opinião pública global. Depois da reação em cadeia que provocou nas primeiras semanas, a guerra vai sendo absorvida e os problemas locais voltam a ocupar o centro das atenções. Como é da natureza humana, até os maiores horrores são normalizados depois que se tornam reincidentes.

O que pode acabar com a guerra? Uma vitória russa, que os ucranianos mostraram ser muito difícil; uma vitória da Ucrânia, na qual é impossível pensar sem o surgimento de um Mikhail Gorbachev no lugar de Putin, ou uma solução meio a meio.

A indiscrição de Lloyd Austin indica que o governo americano não tem pressa de promover um acordo? É uma alternativa razoável. Mas, quando surgirem as condições possíveis, também caberá aos Estados Unidos levar os ucranianos a ceder. Sem a ajuda americana, a resistência armada tem quase zero de sobrevida. Com ela, consegue resultados militares inacreditáveis. O secretário da Defesa britânico, Ben Wallace, deu ontem um balanço bastante digno de crédito, considerando-se sua posição: a Rússia já perdeu cerca de 15 mil homens em dois meses de guerra na Ucrânia.

Isso se chama deixar sangrar.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.