Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Os homens não são todos iguais

É errado criminalizar a masculinidade como um problema em si

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 4 jun 2024, 13h15 - Publicado em 19 mar 2021, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “Homem é tudo igual.” Provavelmente não existem mulheres que não tenham dito ou pensado isso diante do amplo arco de malfeitos masculinos que começa na toalha molhada jogada na cama e vai subindo até chegar à imposição da própria vontade pela força física ou financeira, à importunação sexual em vários graus ou ao abandono dos filhos. O caso de Andrew Cuomo, o governador de Nova York que colocou a si mesmo sob o risco de impeachment ou renúncia forçada, certamente está provocando esse tipo de reação. Poucas mulheres não terão passado por algumas das cretinices inconvenientes ou até delituosas agora associadas a Cuomo: as piadinhas que só têm graça porque contadas pelo chefe, a mão “esquecida” na cintura, as insinuações de natureza sexual e até o beijo roubado em pleno ambiente de trabalho — e em plena segunda década do segundo milênio nos Estados Unidos, um sinal, entre tantos outros plantados ao longo da história, de como o poder inebria, cega e, em casos que nem precisam ser extremos, emburrece.

    É dos Estados Unidos que veio, como tudo mais nesse terreno, a expressão “masculinidade tóxica”, que parece ter sido criada para definir o governador Cuomo depois da queda — antes, ele era tão venerado nos círculos progressistas que ganhou um Emmy por suas entrevistas coletivas no auge da Covid-19 em Nova York e deu ensejo ao autoexplicativo neologismo “cuomossexual”, usado por várias celebridades deslumbradas. O problema com o conceito de masculinidade tóxica é que ele não é aplicado apenas aos desvios e abusos, mas à própria essência masculina, como se ser homem implicasse automaticamente em comportamentos condenáveis que só podem ser corrigidos pela desprogramação — e é claro que já existem nos Estados Unidos cursos ministrados em universidades e empresas com esse objetivo.

    “O problema com o conceito masculinidade tóxica é que ele não se aplica apenas aos desvios e abusos”

    Enquadrar todos os homens na categoria “tóxica” pode levar a absurdos como o que aconteceu na Inglaterra, onde o assassinato de uma jovem mulher que caminhava para casa à noite provocou grande comoção. Aproveitando o ambiente de consternação, Jenny Jones, integrante do Partido Verde que ascendeu à Câmara dos Lordes com o título de baronesa, propôs um toque de recolher, válido para todos os homens, a partir das 18 horas, como forma de garantir a segurança da circulação de mulheres à noite. Depois, ela disse que só tinha sugerido uma medida insensata para que os homens sentissem o gosto da punição coletiva experimentada pelas mulheres quando a polícia recomendou que evitassem andar sozinhas à noite na área. (A recomendação deixou de ter valor depois que o assassino foi preso: um policial que trabalhava no serviço de proteção a diplomatas, o que torna a história ainda mais dramática.)

    As mudanças sociais aceleradas e os exageros do antimasculinismo já estão ajudando a criar homens assustados, revoltados, comprometidos a não se casar nem ter filhos para não ser “explorados” por futuras ex-esposas. Tudo o que o mundo não precisa é de criaturas psiquicamente frágeis, chorando suas mágoas em redes sociais e trancadas em quartos onde se embriagam com um dos maiores combustíveis da masculinidade tóxica: pensar besteiras.

    Publicado em VEJA de 24 de março de 2021, edição nº 2730

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.