“Do rio ao mar, Palestina vai ganhar.” Poste isso e seu pedido de asilo será rejeitado na Alemanha, que interpreta corretamente o slogan como uma invocação ao extermínio de Israel. Nas embaixadas holandesas, os candidatos devem ver um filme em que dois homens se beijam e uma mulher sem a parte de cima do biquíni sai do mar e anda pela praia. Não suporta? Não se candidate. Na Dinamarca, para ganhar benefícios do Estado, os migrantes estrangeiros devem entregar todos os bens, até alianças de casamento. São medidas quase desesperadas — e, em parte, inúteis. Ao contrário dos nossos antepassados imigrantes, que chegaram ao Brasil só com uma esperança de trabalho, dando duro para conquistar a terra vermelha e as diferenças culturais, muitos dos recém-chegados a países ricos da Europa não querem se integrar. Apegam-se a identidades moldadas pelo radicalismo religioso que insufla o ódio aos próprios países que os recebem. Eventualmente, esse ódio explode nos atentados dos “lobos solitários”, imigrantes que ouvem pregações de imãs radicais na internet e saem esfaqueando inocentes. Na Áustria, dois foram presos em agosto por planejar massacrar meninas em um show de Taylor Swift. No mês passado, o partido mais votado na eleição austríaca foi o de direita dura e pura, o Partido da Liberdade.
É um resultado que vem se repetindo e muitos relutam em unir os pontos e fazer a conexão com a imigração de grandes proporções, com medo de parecer preconceituosos. O fato de que haja, realmente, um componente relevante de preconceito não elimina a realidade: a entrada em massa de pessoas que não querem se integrar empurra o eleitorado para os únicos políticos que falam nisso. Foi o que já aconteceu na Itália e na Holanda e se aproxima da repetição na França. O recente caso de uma estudante de 19 anos, estuprada, morta e enterrada no Bois de Boulogne por um marroquino já condenado por violação sexual, que deveria ter sido expulso do país, causa espanto e revolta.
“O fato de que haja, realmente, um componente de preconceito não elimina a realidade”
A antiga avaliação, de que estrangeiros de países pobres ajudavam a suprir os postos de trabalho rejeitados pelas populações ricas, segurando os salários e, assim, a inflação, é desmentida pela realidade. Um estudo feito pelo Departamento de Responsabilidade Fiscal mostra que, mesmo trabalhando, um imigrante de baixa capacitação que chegue à Grã-Bretanha aos 25 anos terá custado 150 000 libras (sete vezes mais em reais) aos cofres públicos quando atingir a idade da aposentadoria. De cada cinquenta albaneses que chegaram ao Reino Unido, um está na cadeia. Albaneses hoje dominam o cultivo e a venda de maconha. Outros campeões do crime vieram de Kosovo, Vietnã, Argélia, Jamaica, Eritreia, Iraque e Somália. Nos Estados Unidos, um dado chocante divulgado no fim de setembro mostra que entraram no país 425 431 imigrantes ilegais condenados por crimes como homicídio, estupro, sequestro e assalto.
País feito por imigrantes como o Brasil, sem contar o trabalho escravo do passado, os Estados Unidos ainda têm uma grande reserva de tolerância com os estrangeiros que chegam querendo construir uma vida melhor, mas estão descobrindo que criminosos, membros de quadrilhas e aproveitadores querem fazer uma vida pior para os que já estão lá. Donald Trump já foi eleito uma vez por causa disso.
Publicado em VEJA de 11 de outubro de 2024, edição nº 2914