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O triste fim da reputação de juízes da Suprema Corte nos Estados Unidos

Sonia Sotomayor levou três milhões de dólares de editora – e segundo suspeitas nada discretas, vazou voto sobre aborto para melar o jogo

Por Vilma Gryzinski 4 Maio 2023, 12h51

Eles já foram o ápice das virtudes republicanas: isentos, sóbrios, estritamente confinados a seu papel constitucional, acima de paixões políticas ou de qualquer tipo de preferência pessoal.

No mundo hiperpolitizado de hoje, a figura do juiz da Suprema Corte americana acima de qualquer suspeita, e também de hábitos austeros, é outra triste perda.

Os juízes que andavam de metrô hoje são transportados em carros blindados que parecem tanques, segundo a definição de John Roberts, cercados por um esquema de segurança de cinema, daqueles que só os americanos sabem fazer. Recebem ameaças de morte por posições em temas controvertidos como o aborto – e também recebem favores. Ou “favores”.

Uma das mais recentes revelações envolve Sonia Sotomayor, a juíza de origem porto-riquenha nomeada por Barack Obama e alinhada com as posições mais à esquerda.

A juíza recebeu um total de três milhões de dólares da Penguin Random House – a editora que certamente não ganhou muito dinheiro com as obras totalmente ignoradas dela. Mas ganhou o prestígio de ter uma supreme na sua lista de autores. E segundo o Daily Wire, ganhou um presente adicional: Sotomayor não se declarou impedida quando votou para que a Suprema Corte se pronunciasse sobre um caso envolvendo a editora (de um colega de Mark Zuckerberg que alega ter tido um livro rejeitado e, depois, copiado e transformado no filme A Rede Social).

Detalhe: o juiz Stephen Breyer, que também tinha um livro publicado pela editora, se declarou impedido.

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No total, segundo o site, Sonia Sotomayor recebeu um adiantamento de 1,2 milhão de dólares em 2010 e mais dois pagamentos em 2012, totalizando 1,9 milhão.

A juíza também tem sido apontada como a fonte do vazamento da decisão que derrubou o histórico Roe versus Wade, instrumento que abriu as portas ao aborto legal em todo o país, devolvendo o poder de decidir aos estados.

John Roberts, que ocupa a posição equivalente ao de presidente do tribunal supremo, provavelmente sabe muito bem, mas não diz, quem é a “maçã estragada” responsável pelo vazamento, feito com o objetivo de tumultuar a opinião pública e tentar obstruir a decisão.

Certamente houve tumulto, com protestos a favor do aborto levados até a porta das casas dos juízes que alteraram a decisão – o que é proibido por lei, por ser considerado intimidação. O tom violento dos protestos levou ao aumento quase bélico da segurança dos nove juízes.

A sombra da suspeita também recaiu sobre o juiz Clarence Thomas por causa de uma amizade excessivamente próxima com o bilionário Harlan Crow. O juiz e sua mulher fizeram viagens de luxo em companhia do casal Crow durante mais de vinte anos. O bilionário também comprou a modesta casa da mãe de Thomas (“Para fazer uma fundação”) e terrenos da família.

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A revelações foram feitas pelo ProPublica, um site investigativo bancado com doações de George Soros. Dizer que o site é de esquerda e quer detonar o conservador Thomas não adianta nada: se houve favorecimento antiético, ou mesmo apenas a aparência dele, fica na conta do juiz.

Segundo a mais recente revelação, um sobrinho neto que o casal Thomas criava como filho também recebeu um presentão do amigo bilionário do tio: a mensalidade de uma caríssima escola particular – seis mil dólares por mês – foi paga por Crow.

Em 1990 Clarence Thomas quase perdeu a nomeação, feita por Bush pai, por causa do escândalo provocado pelas denúncias de assédio de uma advogada que havia sido sua subordinada, Anita Hill. O caso foi investigado no Senado e Hill prestou depoimentos impressionantes, inclusive por sua coerência – além da beleza. Problema: mensagens a Thomas posteriores aos fatos denunciados, em tom amistoso.

Famosamente, Thomas comparou as audiências a “um linchamento high tech para negros metidos”. As sessões foram comandadas por Joe Biden, quando ainda era senador. Ele votou contra a confirmação. O ódio da esquerda a Thomas permaneceu. Agora, ele deu motivos aos detratores.

A criação de um tribunal de última instância faz parte da constituição americana e foi implementada por lei em 1789. Outras repúblicas copiaram o sistema. A ideia de um augusto e impecável tribunal passou por vários confrontos com os fatos. A pior decisão da Suprema Corte talvez tenha sido a que endossou a segregação racial no sul dos Estados Unidos, em 1896.

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Juízes supremos que se corrompem, por dinheiro ou poder, deterioram todo o contrato social e fazem mais mal ainda à sociedade do que políticos de mãos sujas. O poder de mandar prender e mandar soltar, ou beneficiar amigos ou simpatizantes políticos, tem que ser à prova de uma das mais contundentes perguntas da democracia: “Quem guardará os guardiões?”

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