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O problema do corpo: o incrível assassinato do jovem bilionário chinês

A ficção científica do momento se mistura com a morte por envenenamento de Lin Qi, fundador de empresa de games que pretendia ganhar o mundo

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 7 jan 2021, 18h57 - Publicado em 4 jan 2021, 08h21
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  • O que pode acontecer quando se unem os criadores da série Game of Thrones, o autor do sensacional O Problema dos Três Corpos e o fundador de uma empresa de games que pretendia unir isso tudo?

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    Como a realidade bate a ficção, sempre, essa verdadeira fusão nuclear de talentos da cultura pop levou um choque letal quando o dia de Natal terminou, na China, com a notícia do assassinato de Lin Qi, criador da Yoozoo Games.

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    Aos 39 anos e 1,3 bilhão de dólares, Lin Qi morreu, aparentemente, por obra da combinação letal de ambição e briga profissional com um de seus executivos, Xu Yao.

    Essa foi a versão divulgada imediatamente após a morte. O veneno pode ter vindo, segundo variam as fontes e as especulações, de um tipo de chá fermentado que muitos chineses adoram, de uma neurotoxina de origem ignorada ou de substâncias letais misturadas a remédios.

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    Lin Qi foi internado em 16 de dezembro, com sintomas de envenenamento; no dia seguinte, foi para a UTI e no dia 25 estava morto.

    “Você viu a imperfeição, mas continuou a acreditar na beleza; conheceu a maldade, mas ainda acreditava na bondade”, disse a elegante mensagem de despedida divulgada no site da empresa, a nona maior no brutalmente competitivo mercado de games na China.

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    Fora a conclusão de que o Xu Yao detido como suspeito só poderia ser o mesmo rebaixado na empresa, mas ainda mantido na divisão de filmes e televisão, nada mais se sabe sobre as investigações.

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    Lin Qi planejava nada menos que conquistar o mundo – e talvez até algum espaço fora dele – com as adaptações da série Memórias do Passado da Terra, a trilogia cujo primeiro volume é O Problema dos Três Corpos, uma referência ao problema de mecânica celeste considerado insolúvel, sobre a inconstância das órbitas de três corpos com forças gravitacionais conflitivas.

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    Os livros não são fáceis e exigem do leitor ocidental atenção para a série de personagens com nomes chineses e interesse pela batelada de questões da física e astrofísica impiedosamente alinhada por Liu Cixin, o escritor mais incensado da China.

    Sem falar na suspensão da incredulidade, vital para uma série que abarca 18 960 405 anos de história da Terra e do conhecimento científico (antigo Egito, China de antigas dinastias imperiais, Revolução Cultural  entre outros) e avança para o futuro sem medo de espantar os leitores.

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    É claro que uma história assim atrairia nomes como a Netflix e David Benioff e D. B. Weiss, os criadores da adaptação de Game of Thrones para a série que hipnotizou o planeta.

    A Yoozoo já tinha feito o Game of Thrones: Winter is Coming, o game que a divulgou nos países ocidentais. Em setembro, foi anunciada a associação com a Netflix para a série de ficção científica. A Amazon queria comprar os direitos para o cinema por 1 bilhão de dólares.

    Segundo o principal jornal chinês de economia e finanças, Lin Qi (pronuncia-se Lin Chi) queria tirar Xu Yao da jogada e havia cortado seu salário. O projeto gigantesco também enfrentava outros problemas devido ao gigantismo e a Yoozoo, que Lin Qi havia vendido, mantendo 25% das ações, teve que desistir de produzir as próprias adaptações.

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    Como bom visionário, ele havia comprado os direitos sobre O Problema dos Três Corpos pouco tempo depois que o livro saiu, em 2015.

    O escritor é venerado da China – e visto também como uma peça importante no grande xadrez geopolítico, com o potencial de sua obra se transformar no maior feito de soft power da superpotência.

    Liu Cixin não é um escritor fácil e não tem posições políticas simpáticas no Ocidente. Numa reportagem da revista New Yorker, disse que a democracia não é um sistema adequado para a China e que sairia correndo do país se ela visse a ser implantada.

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    No primeiro livro da série, um governante de Trisolaris, onde se gesta a invasão da Terra,  refere-se a uma civilização que teve “sociedades livres e democráticas e que deixou ricos legados culturais”.

    “Não sabemos quase nada sobre ela. A maior parte dos detalhes foi selada e proibida de ser vista”. Exceto que “este tipo de civilização era o mais fraco e o de vida mais curta”.

    Na trama de O Problema dos Três Corpos, cientistas famosos começam a se suicidar e outros a jogar um game que os leva a Trisolaris, o planeta com três sóis que criam uma imprevisível alternância entre eras do caos e era estáveis – mais do que evocando as tribulações históricas da China.

    A partir daí, a coisa fica muito mais complicada e envolve, claro, o futuro da humanidade e da Terra.

    A morte por envenenamento de um bilionário que queria “invadir” a Terra via cultura pop dá uma guinada espetacular na história. E ainda deixa em aberto o capítulo com tudo o que Xu Yao, o acusado, tem a dizer.

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