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Ninguém fala na “guia espiritual” que quer ser presidente

Por quê? Vergonha, claro. Marianne Williamson, a rainha da autoajuda e guru de esquerda, é um constrangimento exótico para o Partido Democrata

Por Vilma Gryzinski
Atualizado em 6 ago 2019, 09h06 - Publicado em 5 ago 2019, 08h08
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  • Marianne Williamson é uma espécie de João de Deus dos Estados Unidos – sem a parte dos abusos, cadeia, processos etc.

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    Quem não vive antenado no universo das donas de casa que assistem Oprah Winfrey, lêem livros de autoajuda e se encantam com caldeiradas de mensagens espirituais simplificadas, nem conseguia associar o nome à pessoa.

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    Até que ele decidiu tentar ser presidente dos Estados Unidos. A primeira conclusão é que ela teria muito sucesso com um livro sobre como manter uma aparência incrivelmente jovem para seus 67 anos (genes, procedimentos, invasivos ou não-invasivos, e sucesso na profissão certamente ajudam).

    A segunda é que, como todos os gurus, é uma maluca incrivelmente convincente.

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    Isso cria um problema adicional para o Partido Democrata, já às voltas com outros do mundo real.

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    Número um: o candidato favorito em todas as pesquisas, Joe Biden, dá cada vez mais demonstrações de que os 76 anos estão pesando. O ex-vice-presidente gagueja, confunde datas e comete gafes, entre outros sinais de mente embaçada.

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    O candidato que vem atrás dele, Bernie Sanders, um ano mais velho, está melhor em termos de clareza mental e ainda impressiona pelo vozeirão.

    O problema vem das ideias da esquerda mais rançosas, no que coincide com a terceira colocada, Elizabeth Warren.

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    A senadora é muito boa nos debates em que defende com garra tudo o que a faria a perder uma eleição presidencial, inclusive bombar a interferência do Estado, aumentar  impostos e reburocratizar o arcabouço regulatório, eliminando as vantagens para o ambiente de negócios que Donald Trump incentivou com grande sucesso para o crescimento econômico.

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    Claro que todos consideram Trump a encarnação do Rabudo.

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    Marianne Williamson acha tudo isso e ainda mais. Com a segurança dos inimputáveis, ela propõe uma indenização de “no mínimo” 500 bilhões de dólares para todos os americanos que sejam descendentes de escravos. (“Não é ajuda financeira, mas o pagamento de uma dívida”).

    Disse que a multibilionária indenização é “politicamente factível”.

    “Provavelmente porque não sabe o que é isso”, reagiu Donald Trump Jr, num artigo cuja possibilidade de ser de autoria própria talvez seja equivalente à aprovação, pelo Congresso, do pacotão de bondades da guru de esquerda.

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    Sobre a economia, ela define os Estados Unidos como “um sistema econômico amoral e essencialmente sociopata”.

    Explicando melhor: a responsabilidade primordial das empresas com os acionistas (nenhuma novidade, aliás) cria uma divisão com “alma, ética, consciência, remorso; a definição de sociopata”.

    FORÇAS OCULTAS

    É claro que Marianne é a favor de um sistema universal de saúde. Ou talvez a coisa, tão complicada nos Estados Unidos, nem seja necessária: ela acha que doenças são consequência de problemas espirituais  vibrações negativas ou alguma outra maluquice prejudicial aos afligidos por problemas de saúde ou deficiências que, ainda por cima, são acusados de provocar seus próprios males.

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    Uns cristais gigantes talvez façam o serviço. Impulsionados por livros como A Lei da Compensação Divina ou Lições Espirituais para Perder Peso, entre outras obras que levaram Marianne Williamson a se tornar “guru” de Oprah Winfrey e do clã Kardashian.

    No momento mais comentado do último debate entre pré-candidatos a presidente, a autora alertou os companheiros do Partido Democrata sobre a necessidade de combater a “força espiritual sombria” representada por Trump.

    Falar em forças ocultas em pleno ato da política convencional foi um dos constrangimentos criados por Marianne Williamson para um partido que já está enrolado com várias alas cada vez mais esquerdistas.

    A esquerdização contraria a própria maioria dos simpatizantes democratas. Daí as preferências pelo alquebrado Joe Biden, visto como o único candidato com apelo suficiente aos eleitores do vasto campo centrista para derrotar Trump e recuperar a Casa Branca para a oposição.

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    A “candidata esotérica” foi o nome mais procurado durante o último debate, um sinal de curiosidade por parte dos que não a conheciam, não de preferência, mas que valeu muitas entrevistas depois.

    O debate não mudou praticamente nada: Biden tem 32% das preferências dos democratas, seguido por Sanders (18%), Warren, (15%, aumento de dois pontos), e Kamala Harris (13%).

    Marianne Williamson nem pontua, apesar do entusiasmo entre suas seguidoras e até entre autodeclarada bruxas (uma porta-voz rejeitou qualquer conexão com a turma do ocultismo).

    Marianne Williamson é uma clássica personalidade “New Age”, o balaio de crenças espirituais que vai do budismo californiano, autoajuda, técnicas de bem-estar. elementos escolhidos sob medida do cristianismo e até do judaísmo , ao qual a guru – sobrenome familiar original Vishnevetsy – diz continuar ligada.

    Ter uma candidata que já aconselhou “derramar o amor de Deus em nosso sistema imunológico” para combater a gripe suína ou platitudes como “ninguém vai nos ouvir enquanto não ouvirmos a nós mesmos” pode ser apenas um tropeço exótico na campanha do Partido Democrata para reconquistar a Casa Branca.

    Isso  se o impossível não tivesse se tornado possível desde que um apresentador/empresário/figurinha carimbada anunciou que seria candidato a presidente pelo Partido Republicano.

    Donald Trump tinha 1% das preferências no dia 16 de junho de 2015. E nenhuma força do universo, tal como entendida pela turma de Marianne de Deus, conspirando a favor.

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