Vejam o parágrafo abaixo, simpatizantes do Hamas entre os quais soa falsa a acusação feita pela diretora nacional de inteligência, Avril Haines, de que agentes iranianos se passando por ativistas não apenas incentivam ou até dão “apoio financeiro” a americanos que querem protestar contra Israel. Ou seja, os protestos são pagos por um regime teocrático e obscurantista que persegue universitárias por não usarem o véu na cabeça e condenam artistas à morte.
O relato a seguir foi feito pelo X por Ahmed Fouad Alkhatib e dá uma boa ideia do tipo de entidade os estudantes americanos e europeus apoiam quando amarram um keffieh na cabeça e saem às ruas atacando Israel, pagos ou de graça:
“As milícias fascistas do Hamas sequestraram, espancaram e torturaram um amigo e aliado, Ameen Abed, ativista político que há muito se opõe ao grupo islamista e, dentro de Gaza, foi um crítico veemente do 7 de outubro. A perda de vários membros de sua família durante os bombardeios israelenses na guerra atual, incluindo o amado primo que ajudou a criar, Shams, não fez diferença”.
“Violência política, opressão e repressão são vigas mestras do domínio do Hamas sobre Gaza e pilares sobre os quais a narrativa da ‘resistência’ é erguida. Se você é pró-Palestina e continua apoiando o Hamas ou desfila as bandeiras do grupo por cidades ocidentais, achando que está apoiando a causa do povo palestino, saiba que é inimigo do povo de Gaza, que despreza o Hamas e anseia pelo fim de seu domínio tanto quanto deseja que Israel acabe a guerra”.
A título de ilustração, Alkhatib mostrou o vídeo de Ameen Abed, ensanguentado e quase desmaiado, sendo atendido por populares numa rua de Gaza. Alkhatib é um palestino de Gaza que só foi conhecer judeus depois de ir morar nos Estados Unidos. Perdeu trinta parentes na guerra atual.
APOIO DE GOVERNO ESTRANGEIRO
É importante alinhar as duas informações porque são complementares, apesar da origem completamente diferente.
Jovens idealistas são perfeitamente capazes de cometer suas próprias besteiras, mas mostrar que são manipulados e até financiados por grupos ideológicos medonhos, em tudo opostos à paz, à liberdade e ao respeito pelos direitos fundamentais ajuda a entender as atrocidades ditas em protestos que em tudo se tornaram antissemitas.
Com o começo das férias de verão no hemisfério norte, as universidades esvaziaram. Mas a condescendência com que os estudantes antissemitas são tratados continua a ser espantosa. Harvard, por exemplo, anulou a suspensão, por três semestres, de cinco estudantes que haviam feito protestos ilegais. A recomendação mais importante de um comitê montado na mais reputada universidade do mundo para estudar as denúncias de agressões feitas por estudantes judeus foi colocar rótulos em alimentos feitos com carne de porco.
Parece piada, mas é sério.
Tão sério quanto as seguintes palavras de Avril Haines: “Nas últimas semanas, agentes do governo iraniano tentaram oportunistamente se aproveitar dos protestos relacionados à guerra em Gaza. Os americanos visados por essa campanha iraniana podem não saber que estão interagindo ou recebendo apoio de um governo estrangeiro”.
Há, inclusive, desdobramentos legais para isso.
“VITÓRIA DA RESISTÊNCIA”
Em maio, o prefeito de Nova York, Eric Adams, havia declarado que “jovens estão sendo influenciados por aqueles que são profissionais na radicalização de nossos filhos”.
Entre manifestações em Columbia e protestos de rua, Nova York foi palco de muitos dos atos mais extremos, com incentivo a ataques a Israel e até o grupo do metrô que perguntou quem era “sionista”, mandando sair do trem – o principal responsável acabou identificado, apesar do rosto coberto pelo keffieh, e foi detido.
Entre os grupos que incentivam protestos com palavras de ordem violentas figuram o Estudantes pela Justiça na Palestina, SJP na sigla em inglês, que comemorou a “vitória da resistência” – as atrocidades praticadas contra israelenses e outros no 7 de outubro – e doutrinou estudantes sobre o comportamento em manifestações de protesto.
Muitas dessas manifestações foram lideradas pela maligna confluência de grupos islamistas e esquerdistas, com treinamento de vários meses. Coisa profissional.
DE VIENA A PARIS
O holandês Geert Wilders, da direita populista que foi a mais votada e depois de seis meses de negociação conseguiu formar um governo coligado técnico, deu uma entrevista ao Jerusalem Post na qual fala sobre a surpresa que muitos europeus tiveram com o tamanho e a virulência dos protestos contra Israel. Disse ele:
“Vimos tantas pessoas nas ruas, de Viena a Paris, de Amsterdã a Berlim e Londres, e milhões delas apoiavam grupos extremistas – não os palestinos, mas o Hamas e a Jihad Islâmica. Nem sequer sabíamos que tanta gente que apoia essa ideologia existia na Europa; foi um tipo de despertar e um dos motivos pelos quais meu partido ganhou a eleição, porque as pessoas viram o que eles estavam dizendo”.
Wilders está moderando o discurso contra os muçulmanos de forma geral – o que foi um enorme equívoco na primeira fase de sua carreira – e agora diz que são bem-vindos “os que seguem as regras, colaboram com a sociedade, não combatem nossos valores e não desrespeitam a lei”.
Nos Estados Unidos, há algumas diferenças com a Europa por causa do grande guarda-chuva à liberdade de expressão oferecido pelo primeiro artigo da Constituição. Mas continua a ser crime ser agente, sem o devido registro como lobista, de um governo estrangeiro. O Irã é considerado pelos Estados Unidos um estado patrocinador do terrorismo.
LUZ DE ESPERANÇA
Sem contar o grave transtorno moral de quem se acha a favor da população de Gaza e acaba pregando a chacina de judeus, seja via Hamas seja através do Irã, um regime que já executou mais de 800 presos, entre comuns e políticos, desde a onda de protestos causada pela morte da jovem Mahsa Amini, detida por deixar mechas de cabelo aparecendo debaixo do véu na cabeça.
E sem contar os que são pagos para fazer isso.
No momento em que brilha uma pequena luz de esperança de que haja um acordo para a libertação dos reféns, a suspensão da guerra sem a retomada do poder pelos fundamentalistas e até uma administração de Gaza por palestinos que exclua o Hamas – um movimento infinitamente complicado -, vale a pena refletir um pouco.
Além de lembrar das palavras de Ahmed Fouad Alkhalili sobre “a ideologia putrefata e violenta que pouco liga para o bem estar dos palestinos”. E no que ela faz contra os que ainda têm coragem, como Ameen Abed, de se levantar contra ela.