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Impopular e criticado internamente, Netanyahu vive sua hora da verdade

É possível um líder responsabilizado pelo despreparo que permitiu o ataque do Hamas comandar a guinada existencial que Israel enfrenta no momento?

Por Vilma Gryzinski
1 nov 2023, 07h29

Benjamin Netanyahu não está possuído pela “insanidade” e nem quer “acabar com a Faixa de Gaza”. Na realidade, ele enfrenta problemas bem mais complicados: liderar uma guerra que, aí sim, acabe com a capacidade militar do Hamas, tal como exposta em todos os horrores praticados em 7 de outubro, e ser nada menos do que o salvador da nação judaica. Também precisa preservar a aliança com os Estados Unidos, impedir que Irã e comandados entrem na guerra e administrar as gigantescas pressões políticas, internas e externas. Ah, sim, e salvar todos os cerca de 230 reféns levados para Gaza.

Tudo isso com 56% da população esperando que ele apresente renúncia quando a guerra terminar, como forma de assumir a responsabilidade pela desmobilização que 86% atribuem a erros da liderança nacional.

Não é exatamente o que se espera de um “guerreiro da luz”, um combatente pela civilização e da vitória do bem contra o mal, conforme a imagem que ele quer emplacar.

“Acho que as pessoas não confiam que Netanyahu possa assumir a liderança estando sob o peso de um evento tão devastador, que aconteceu em seu turno. Foi o golpe mais pesado já sofrido desde a criação do Estado de Israel”, espetou Ehud Barak, um ex-primeiro ministro que foi comandante do atual quando ambos integravam a unidade de elite Sayeret Maktal.

Os dois integraram o grupo que tomou de assalto um avião sequestrado e desviado para Telavive em 1972 (Netanyahu levou um tiro no braço de um colega, mas o resgate foi um sucesso). Talvez venha dessa experiência com operações especiais a preferência por uma ação menos frontal em Gaza, motivo de um certo descompasso entre o primeiro-ministro e os comandantes militares. Ao contrário do que imaginam os defensores da tese de um líder “ensandecido”, Netanyahu é cauteloso – até cauteloso demais na concepção de alguns estrategistas.

Sem falar na longa lista de inimigos políticos que ele acumulou, amplamente aumentada depois que trouxe a extrema direita religiosa para seu governo e tentou emplacar uma reforma do judiciário que o favoreceria nos processos por corrupção, alterando o equilíbrio entre os poderes.

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“Do meu ponto de vista, ele deveria renunciar agora, nesse exato momento. Existe gente melhor”, disse um desses inimigos, o general da reserva Dan Halutz, ex-chefe do Estado Maior. “Ele se acha acima de Deus, o salvador de Israel. Infelizmente, não conseguimos provar o contrário, que ele é o destruidor de Israel”.

A bronca é brava, como se vê. Netanyahu está submetido a um severo escrutínio e teve que apagar um post no qual tentava empurrar a culpa pelo despreparo diante do ataque em massa do Hamas para os serviços de inteligência por não terem soado os alarmes. Até em meios tradicionais da direita, como o jornal israel Hayom, ele está sendo criticado por acreditar, assim como todo o establishment, que existia um acordo tácito com o Hamas de que nenhuma das partes iria alterar o equilíbrio de forças radicalmente. Um erro de dimensões gigantescas. Por uma mistura de “arrogância e negligência”, Netanyahu deixou o engano fatal fincar raízes, escreveu no jornal o analista de defesa Yoav Limor.

Quase que miraculosamente, os estridentes ultradireitistas que Netanyahu trouxe para o governo estão sob controle relativo, mas algum tipo de reação sempre acaba transparecendo. Tzipi Navon, a chefe de gabinete da mulher do primeiro-ministro, Sara Netanyahu, foi suspensa de suas funções por duas semanas por causa de posts no Facebook em que acusava a “escória de esquerda”, composta por “traidores” e “quinta coluna”, de “incitar contra o primeiro-ministro”. Numa referência nada sutil, ela mencionou o “amigo de pedófilo”, Ehud Barak, um genial militar, físico, matemático e concertista de baixo QI emocional que se deixou enredar por Jeffrey Epstein, o abusador de menores que se suicidou na prisão em Nova York.

Como se vê, a política israelense não deixa nada a dever às mais contenciosas democracias do planeta. E isso tudo no meio de uma guerra. Até a camisa preta que Netanyahu passou a usar no lugar do terno, da mesma forma que os outros integrantes do governo de emergência nacional, foi criticada no TikTok.

No artigo que escreveu para o Wall Street Journal, Netanyahu disse que “ao combater o Hamas e o eixo do terror do Irã, Israel está combatendo os próprios inimigos da civilização”.

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“A vitória contra esses inimigos começa com a clareza moral. Começa com saber diferenciar entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. Isso significa fazer uma distinção moral entre o assassinato deliberado de inocentes e as baixas não intencionais que são o resultado inevitável até da mais justa das guerras”.

Ele citou até Eclesíastes sobre o tempo de paz e o tempo de guerra.

É grandiloquente demais? Terá algum efeito? Para quem não acredita que Israel tem como única alternativa se defender atacando, nenhum. Para os israelenses, que unanimemente querem a derrota do Hamas, vai ter que ser, na ausência de alguma nova catástrofe, com Netanyahu, mesmo com seus inúmeros e propalados defeitos.

Poucos líderes na história tiveram responsabilidade semelhante.

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