Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Mundialista Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Vilma Gryzinski
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Estratégia à inglesa: mundo desaba, mas esquerdista não sai do centro

Keir Starmer tirou o Partido Trabalhista do radicalismo e só tem que esperar para colher os frutos eleitorais que as pesquisas antecipam

Por Vilma Gryzinski 27 set 2022, 07h01

Plantar-se firmemente no centro do espectro político e não interromper o adversário enquanto ele está cometendo erros tem sido uma estratégia esperta adotada por Keir Starmer, o líder do Partido Trabalhista britânico.

Ela produziu cenas inesperadas esta semana. Starmer pôs todos os participantes do congresso do partido cantando o hino nacional, que agora é Deus Salve o Rei. 

Não ligou para os vídeos ressuscitados em que aparece como defensor da abolição da monarquia. Nem para os comentários sarcásticos de Jeremy Corbyn, o líder do partido que a esquerda venerava e que Starmer varreu impiedosamente do comando. Antissemitismo, antipatriotismo e simpatias por todo tipo de ditaduras, contanto que sejam de esquerda, podem fazer sucesso com várias alas trabalhistas, mas não ajudam a ganhar eleição.

A esquerda bufou contra Starmer quando Boris Johnson conseguiu o que parecia impossível, em 2020: eleger 357 parlamentares, contra 199 do Partido Trabalhista, conseguindo vantagens até em áreas que nunca haviam votado nos conservadores – e isso que o partido tradicional de direita foi fundado em 1834.

Starmer, que ganhou o título pelo qual tem direito a ser chamado de “Sir” depois de encerrar a carreira no comando do equivalente à Procuradoria Geral, aguentou firme. Nas sessões semanais de debate entre o chefe do governo e o da oposição, uma tradição britânica, era regularmente espancado pela oratória colorida, sagaz e provocativa de Boris.

Continua após a publicidade

Ao mesmo tempo, Boris se desconstruía com os ziguezagues na condução das políticas para enfrentar a pandemia. Acabou desacreditado e obrigado a renunciar por causa das festinhas realizadas durante o lockdown.

Starmer sentou e esperou Boris sair do caminho. Agora, está assistindo sentado a nova primeira-ministra, Liz Truss, sofrer as consequências do pacote ultraliberal anunciado assim que acabou o luto pela morte da rainha. A libra despencou a ponto de provocar especulações de que o Banco da Inglaterra, equivalente ao central, iria anunciar um aumento fora da agenda das taxas de juros.

As críticas partem inclusive de parlamentares conservadores, “petrificados”, na descrição de um deles, pelo que consideram amadorismo das contradições entre política monetária e política fiscal.

As pesquisas confirmam que a primeira-ministra não teve nem o período de graça normalmente dado pela opinião pública a um novo chefe de governo. Assumiu num dia, a rainha morreu dois dias depois e o anúncio do programa econômico na sexta-feira passada acelerou a queda da libra. O mercado estava apostando contra ela.

Continua após a publicidade

Se a eleição de 2024 fosse hoje, o Partido Trabalhista teria 45% dos votos e o Conservador, 33%, equivalente a uma maioria de 56 deputados para a atual oposição. A diferença pode, evidentemente, aumentar se a situação econômica piorar.

Keir Starmer não tem nada do charme e da aura de novidade do Tony Blair dos anos noventa, quando desempoeirou os manuais ideológicos e colocou o Partido Trabalhista no rumo da “terceira via”, uma centro-esquerda antenada com a realidade, aberta para a economia de mercado e liberta de velharias como a nacionalização dos meios de produção.

Mas é uma figura respeitável até na aparência, ao contrário do estilo esquerdista andrajoso de Jeremy Corbyn. Tem postura, cara e cabelo de primeiro-ministro. Nos discursos ao congresso partidário, líderes trabalhistas disseram que pretendem renacionalizar os correios e as ferrovias, reinstituir a alíquota de 45% de imposto de renda eliminada pelo novo governo, duplicar anualmente o número de profissionais da saúde e, de modo geral, instaurar o paraíso sobre a Terra.

Nos congressos, é normal que o partido pareça tender mais a esquerda. 

Continua após a publicidade

Mas Keir Starmer não pretende sair do centro tão cedo. Sabe que é daí que virá a consolidação dos votos que cultiva para finalmente chegar, em 2024, ao número 10 de Downing Street.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.