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Por Vilma Gryzinski
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Escândalo Epstein: os mortos não podem falar, mas os vivos…

Qual a única pessoa que nunca, jamais poderia se suicidar numa cela de cadeia de Nova York? O milionário que levava famosos para sexo com adolescentes

Por Vilma Gryzinski
Atualizado em 12 ago 2019, 09h22 - Publicado em 12 ago 2019, 07h50

Foi Hillary. Foi Trump. Foi o serviço secreto britânico. A CIA. O FBI. O Mossad.  A máfia. E até o normalmente insuspeito ministro da Justiça, Bill Barr.

Hillary, Clinton como sempre, é a favorita nas especulações, cuja característica básica é justamente o princípio de quanto mais loucas, melhores.

Nesse caso, o “motivo” é incessantemente repetido: as 26 viagens que Bill Clinton fez no Boeing particular de Jeffrey Epstein, seja em missões beneficentes, seja para a “ilha dos pedófilos”onde o milionário agia mais à vontade ainda.

Adivinhem quem botou lenha, ou tuíte, na fogueira anti-Clinton? Donald Trump, é claro. Ele tem o incômodo de uma amizade pré-escândalos com Epstein e o ônus de, para a oposição, ser culpado de tudo que acontece de ruim nos Estados Unidos, de tornados a tiroteios.

Num país já louco por teorias da conspiração, foi quase uma bênção o suicídio de Epstein um dia depois da quebra de sigilo de antigos processos, com uma lista de nomes de políticos e outros milionários em geral, acusados de receber os favores sexuais do exército de garotas muitos jovens que ele mantinha para gozo próprio e dos conhecidos a quem queria favorecer (ou chantagear, pois tudo era filmado).

Diz o processo referente apenas ao caso de Virginia Roberts contra a parceira de crime do preso, Ghislaine Maxwel, responsável por recrutá-la aos 16 anos para fazer massagens eróticas em Epstein, avançando a partir daí para inúmeras variações.

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Virginia já havia denunciado vários episódios, interessada em indenização, venda de livro e muito possivelmente reparação moral.

Com a nova prisão de Epstein, o caso votou a ferver e outros nomes apareceram.

Além de acusados já conhecidos como o príncipe Andrew (daí a “teoria” sobre o serviço secreto britânico) e de Allan Dershowitz, advogado fera que participou da primeira e bem sucedida defesa de Epstein (um ano de cadeia em regime semiaberto, trabalhando de dia em casa), o processo menciona  outros nomões.

Bill Richardson, um dos principais assessores de política externa de  Clinton e depois governador do Novo México; o investidor Glenn Dubin; o ex-senador democrata George Mitchell, emissário especial ao Oriente Médio no governo Obama; o cientista Marvin Minsky, falecido pioneiro da Inteligência Artificial, e o recrutador de modelos Jean-Luc Brunel.

LENÇOL DE PAPEL

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Estes são os nomes que Virginia diz se lembrar de ter oferecido sexo por instrução de Epstein. O processo menciona também um “outro príncipe”, um “presidente estrangeiro”, um “primeiro-ministro conhecido” e o dono de uma “grande cadeia de hotéis”.

Está bom ou precisa mais?

Só para lembrar: estamos falando de uma única acusadora.

A impossibilidade teórica de que Epstein conseguisse se enforcar numa cela tem sido reiteradamente repetida.

Como apenas três semanas antes ele já havia sofrido um “incidente”, agressão ou tentativa de suicídio, quando foi encontrado desmaiado na cela com algumas contusões no pescoço, deveria estar sob um regime estrito.

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Na cela especial dos presos sob esse tipo de risco, existem menos instalações ainda que possam ser usadas para fins agressivos.

Não há lâmpadas, embora a luz nunca se apague, e até os chuveiros são especiais. Os presos usam lençóis de papel que não resistem ao peso do corpo humano numa tentativa de enforcamento e um macacão com modelo “à prova” de suicídio.

É claro que a vigilância é severa, com uma verificação a cada meia hora.

Ou deveria ser.

Entre as teorias conspiracionistas, existe uma segunda a qual Epstein queria realmente se suicidar e pagou para obter ajuda da máfia.

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No centro correicional metropolitano de Nova York, diz um ex-detento, tudo tem um preço, até a morte.

Aliás, como na maioria das penitenciárias, inclusive as americanas. Apenas as de segurança máxima, com regime único de restrições e vigilância, inclusive sobre os vigilantes, escapam.

A nova prisão de Epstein, enquadrado por promotores federais de Nova York em tráfico sexual, colocou sua vida sob um escrutínio maior ainda.

Foram expostas maluquices de milionário com dinheiro demais, como um plano de inseminar vinte mulheres que iniciariam uma nova raça humana pós-extinção.

E também uma montanha de contestações sobre o modo nebuloso como chegou a ganhar 1 bilhão de dólares administrando finanças pessoais de milionários.

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Um desses milionários é o octogenário Les Wexner, conhecido por ser dono da Victoria’s Secret. De conduta impecável, apesar de viver de calcinhas e sutiãs desfilados por modelos fabulosas, ele desenvolveu uma extrema intimidade e docilidade com Jeffrey Epstein, estranha a sua personalidade.

Na semana passada, admitiu que Epstein desviou 46 milhões de dólares de seu fortuna particular.

Se Epstein conseguiu passar a perna num empresário escolado e espertíssimo como Les Wexner, cuja empresa-mãe é a L Brands, não é de estranhar que recrutasse com facilidade meninas inexperientes, enganadas por um mundo de fabulosa riqueza, seduzidas pela hipótese de ganhar de 300 a 5.000 dólares por “sessão” ou moralmente constrangidas a se prostituir, o nome real do que ele fazia.

TRÊS ORGASMOS

Epstein usava como recrutadoras mulheres de seu círculo próximo, principalmente Ghislaine Maxwell, acompanhante oficial, ex-namorada e parceira, inclusive de sexo a três ou mais.

Virginia Roberts disse que Ghislaine mostrava como Epstein queria ser massageado, solicitava ela mesma esse tipo de favor e usava um pênis artificial no sexo a três.

O suicídio de seu “parceiro” na prisão é mais um capítulo de uma vida já incrível. Ela é filha de Robert Maxwell, um refugiado judeu da Segunda Guerra que virou milionário na Inglaterra, chegando a ser dono de um império editorial que incluía o tabloide Daily Mail.

A vida de aventuras espantosas, incluindo participação no desembarque na Normandia no Dia D e contrabando de peças de aeronaves para ajudar Israel na guerra da independência, e a palavra Mossad aparecendo mais de uma vez, terminou quando ele desapareceu de seu iate, durante a madrugada, nas Ilhas Canárias.

O corpo foi encontrado depois e as dúvidas pairam até hoje: suicídio por ver ruir a pirâmide financeira que mantinha sua fortuna, assassinato e, mais prosaicamente, um ataque cardíaco que o levou a cair no mar.

Antes que Robert Murdoch ocupasse o posto de vilão da esquerda como barão da imprensa, Robert Maxwell já tinha sido muito melhor nesse papel.

Mas é difícil imaginar um vilão mais desprezível do que Jeffrey Epstein, o homem que “amava” as meninas, transformava-as em prostitutas de luxo a seu serviço e, segundo o depoimento de uma deles, “precisava ter três orgasmos por dia”.

Nem Bob Weinstein foi pior: as atrizes de quem abusava não eram menores de idade.

Ironicamente, o desejo de reconhecimento que levava Epstein a fazer grandes doações a pesquisas científicas e atrair famosos, de Bill Clinton a Stephen Hawking, para seus abatedouros de altíssimo luxo agora está sendo realizado.

Todo mundo está falando, e vai continuar a falar, sobre o estranho suicídio do mais conhecido homem que não podia morrer assim nos Estados Unidos. Ou “suicídio”. Vai ser difícil tirar as aspas.

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