Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Enquanto ninguém olhava, a situação piorou ainda mais na Venezuela

Uma eleição farsesca nesse domingo culminará outra palhaçada armada pelo regime de Nicolás Maduro para se livrar do único e sufocado foco de oposição

Por Vilma Gryzinski 4 dez 2020, 08h32

Com o mundo ocupado com a pandemia e suas graves consequências econômicas, o regime venezuelano se dedicou ao que sabe fazer de melhor: manter-se no poder.

A habilidade é tamanha que produziu o que o escritor Alberto Barrera Tyskha chamou de “espetáculo paradoxal”: uma eleição para “aniquilar o último resquício de democracia que resta no país”.

Com a eleição cujo resultado não trará nenhuma surpresa, pois Nicolás Maduro e companhia aprenderam a não deixar essas coisas ao sabor da vontade dos eleitores, haverá uma nova Assembleia Nacional e os oposicionistas que haviam conquistado maioria no legislativo perderão sua conexão com ela.

Maduro não é bobo. Sabe que poucos países importantes deixarão de reconhecer Juan Guaidó, que havia assumido uma simbólica presidência provisória na qualidade de presidente da Assembleia Nacional.

Continua após a publicidade

Mas sabe também que, quanto mais passa o tempo, mais enfraquecido ainda fica Guaidó. Tirar-lhe o único título representativo no qual podia se ancorar é mais um golpe tinhoso.

Maduro está adorando cada minuto que a oposição se desidrata, com uma parte minoritária aceitando participar da farsa por pura falta de opção.

Com o domínio total da máquina, oficial e oficiosa, Maduro e asseclas resistiram às tentativas de quebrar a unidade do regime por dentro, atraindo comandantes militares para o lado da democracia.

Continua após a publicidade

Não funcionou e quanto mais sobrevida tem o regime, mais controla as possíveis dissidências internas.

Sentindo-se invulnerável, o madurismo tem condições de se lixar para o povo ao qual diz representar e governa em condições surreais.

A hiperinflação, ligeiramente em queda durante a quarentena por retração do consumo, recuperou forças; a indústria do petróleo continua dizimada e não dá mais para contar quantas vezes a moeda foi desvalorizada. O dá, se conseguirmos fazer contas que alcançam trilhões de bolívares, remontando à primeira desvalorização, na época de Hugo Chávez.

Continua após a publicidade

O país também não tem acesso a empréstimos externos e as sanções americanas já custaram, no mínimo, 17 bilhões de dólares. Nem a pandemia e o fechamento de fronteiras impediram que venezuelanos desesperados procurem fugir pura e simplesmente da fome – são cinco milhões de pessoas que já deixaram o país, um sexto da população.

“Com um salário mínimo mensal – que triplicou no mês passado e agora vale pouco mais de um dólar – só dá para comprar um quilo de arroz”, exemplificou a correspondente do El País, Florantonia Singer.

O descontrole é tão grande que, ironicamente, os herdeiros do regime nascido para desafiar o imperialismo americano agora consideram a possibilidade de dolarizar a economia.

Continua após a publicidade

Como Maduro consegue sobreviver a um desastre tão avassalador, sem perspectivas de que alguma coisa mude, nem que seja minimamente, para melhor?

O pacto de sangue feito com os comandantes militares, todo mundo sabe a que preço, é uma das respostas.

A repressão também. Desde 2014, foram 18 mil homicídios extrajudiciais, 14 mil prisões arbitrárias e centenas de casos de tortura, segundo o último relatório da OEA.

Continua após a publicidade

O escritor Alberto Barrera traçou um roteiro do que acontecerá no domingo: “Em tempo recorde, para dar uma lição ao ‘imperialismo’ – o Conselho Nacional Eleitoral apresentará os resultados da eleição, nos quais se destacará a vitória arrasadora do partido do governo, provavelmente incluindo a maioria absoluta no novo parlamento”.

“Agirão e falarão como se as denúncias e os relatórios sobre o caráter viciado e inconstitucional do processo eleitoral jamais tivessem existindo”.

“Convocarão um grande pacto de união nacional, de diálogo. Falarão de amor. Invocarão os problemas do país e apelarão a deixar para trás as diferenças e olhar com esperança para o futuro. Farão isso com segurança e tranquilidade, com singular histrionismo, tentando sempre por em dúvida a percepção que existe sobre a realidade”.

Infelizmente, tem toda razão. E, indiferente a percepções, a cruel realidade continuará a ser o que é.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

2 meses por 8,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.