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Democratas largaram melhor, na aparência e na tática

Obrigar republicanos a, voto após voto, bloquear testemunhas e documentos faz parte do projeto de mostrar que Trump está 'escondendo alguma coisa'

Por Vilma Gryzinski 22 jan 2020, 16h30
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  • Para quem escolheu seus advogados não só pelo mérito, mas pela capacidade de parecer bem na televisão, Donald Trump não deve estar muito satisfeito.

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    Jay Sekulow e Pat Cipollone usam ternos impecáveis e realmente parecem advogados de séries de televisão.

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    Ao contrário de um conhecido casal de juristas republicanos que Trump contratou e em seguida manteve apenas como assessores informais, Joe diGenova e Victoria Toensing. Ele por usar um terno mal cortado, ela por aparecer na Casa Branca com luvas que deixam a ponta dos dedos de fora.

    Que outro presidente faria isso?

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    Trump não é crítico de moda, mas quer “matadores”, na defesa . Que tenham cara de matadores e ajam como tal.

    Infelizmente para ele, o desempenho de seus dois advogados, limitado pelo papel que precisam desempenhar na abertura do julgamento – basicamente, dizer não -, foi longe de brilhante.

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    “Despreparados, confusos e totalmente não convincentes”, espetou Chuck Schumer, o líder da minoria democrata no Senado.

    Como tal, Schumer é o principal responsável pela tática de forçar votações sucessivas a cada pedido de intimação de testemunhas e documentos oficiais sobre o caso da Ucrânia.

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    A cada pedido, John Roberts, presidente da Suprema Corte que está desempenhando um papel de juiz (mas sem capacidade de dar sentenças, só de supervisionar o comportamento dos senadores), tem que chamar uma votação.

    Inevitavelmente, os onze pedidos do primeiro dia foram derrotados pelos republicanos que têm a maioria (53, contra 49 democratas).

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    É um processo repetitivo e demorado, mas a ideia é justamente passar a imagem de que Donald Trump está sendo protegido por “seus” senadores porque tem alguma coisa para esconder.

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    Nos bastidores, a coisa fica muito mais interessante.

    A tática da defesa de Trump é acenar com uma represália – o que mais poderia ser?

    Se os democratas conseguirem convocar funcionários ou ex-funcionários do governo para corroborar a acusação de abuso de poder, contra o presidente por intimidar o governo ucraniano a investigar seu adversário político Joe Biden e o filho dele, o revide será direcionado contra Adam Schiff, talvez o mais importante dos cinco “gerentes do impeachment”, deputados democratas que estão funcionando como promotores no julgamento do Senado.

    E Adam Schiff, que está se apresentando tão bem – experiência de promotor -, tem um rabo preso em algum lugar, por enquanto, difícil de comprovar.

    O julgamento do presidente é tão interessante por causa, justamente, dos bons argumentos dos dois lados.

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    Trump, obviamente, forçou a barra com um país vulnerável para fazer uma investigação que prejudicaria seu potencial adversário na eleição presidencial de novembro.

    Se foi um ato criminoso, ou suficiente para justificar a sua remoção do cargo – mesmo que não passe na votação do Senado -, ainda está em aberto.

    Mas a atuação das forças antitrumpistas também tem enroscos.

    E muitos deles estão enrolados em volta de Schiff, apelidado cruelmente por Trump de “Pencil Neck”, ou pescoço fino.

    Um resumo: a denúncia anônima que desencadeou o processo de impeachment foi feita por um analista da CIA lotado na Casa Branca. Eric Ciaramella, segundo todas as indicações – nos Estados Unidos, o nome dele é preservado.

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    A maioria das informações sobre Ciaramella e suas possíveis motivações tem sido feita pelo repórter Paul Sperry, do braço investigativo do site RealClearPolitics.

    Ciaramella tinha trabalhado como especialista em questões ucranianas para o governo Obama. Como Joe Biden, na época vice-presidente, era uma espécie de enviado especial para a Ucrânia, também trabalhou com ele.

    Problema: quando ouviu, de outra fonte, sobre o telefonema suspeito de Trump com o presidente ucraniano, pedindo o “favor” de investigar os Biden, não foi diretamente aos inspetor-geral dos serviços de inteligência, Michael Atkinson, como estabelece o protocolo de denúncias sobre comportamentos indevidos ou potencialmente criminosos de altas autoridades.

    Segundo Sperry, Ciaramella procurou primeiro um ex-colega, Sean Misko. Depois de deixar a Casa Branca, Misko foi trabalhar para quem? Adam Schiff.

    O nobre deputado, que como presidente da Comissão de Inteligência conduziu o grosso do inquérito na Câmara sobre o impeachment, admitiu o contato?

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    Nem pensar. Também proibiu que Ciaramella fosse convocado como testemunha. E colocou a história toda sob sigilo.

    Fofoca: Sperry falou com duas fontes garantindo que, apenas duas semanas depois da posse, Ciaramella comentou com Misko que precisavam “se livrar” de Trump.

    O pretexto ideal veio com o infeliz telefonema com o presidente ucraniano, em julho de 2019.

    É claro que estas histórias todas partem de “fontes da Casa Branca”.

    Mas não seria bom se, num caso tão grave quanto o impeachment e a potencial remoção de um presidente, elas fossem investigadas e submetidas ao contraditório?

    Schiff está se apresentando bem, deixando as maluquices conspiratórias de lado. O caso da Ucrânia não é sexy, como dizem os advogados americanos.

    Precisa ser exposto com clareza para atrair a atenção da opinião pública. Principalmente daquela faixa que teria uma certa dificuldade em encontrar a Ucrânia no mapa mundi.

    Seus colegas também foram escolhidos para contrastar com os advogados de Trump. Incluem três mulheres (uma latina, uma negra) e um ex-militar que serviu no Iraque e no Afeganistão.

    A diversidade, obrigatória no lado mais liberal, conta pontos a favor dos democratas.

    Se ganhar no julgamento no Senado, mas perder a opinião pública, que pende, na maioria das pesquisas, contra ele, Trump também perde a eleição.

    Este é exatamente o objetivo.

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