Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Dá para viver em paz com um povo que celebra autores de massacre?

Essa é a pergunta que paira sobre os israelenses envolvendo os 80% de opiniões positivas sobre o Hamas dos palestinos da Cisjordânia

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 9 Maio 2024, 19h50 - Publicado em 27 nov 2023, 07h56

Tanto políticos experientes quanto ingênuos que sonham com um mundo de paz e amor concordam que a solução de longo prazo para o problema mais premente do Oriente Médio é a criação de um estado palestino, com concessões das duas partes para garantir segurança e acomodação a todos os envolvidos.

Num mundo ideal, seria realmente auspicioso se surgissem líderes capazes de negociar esse acordo e uma mudança de paradigma. Gaza independente como parte de um estado palestino seria reconstruída pela Arábia Saudita, com tudo do bom e do melhor para a população estudar, trabalhar e focar num futuro de progresso.

A Cisjordânia igualmente focaria na construção, não na destruição. Todos rezariam onde quisessem – e se quisessem, uma das mais importantes garantias democráticas. A economia criativa de Israel produziria muito mais riquezas, palestinos procurariam fazer a imitação do bem e todos ganhariam com os turistas que viriam se deslumbrar em Jerusalém, a eterna, admirar em Belém o lugar em que a tradição diz que Jesus nasceu e quem sabe pegar uma praia num dos novos hotéis de Gaza, à beira do Mediterrâneo.

No mundo real, isso tudo parece não apenas distante, mas impossível. Uma pesquisa da Universidade Birzeit mostra que 68% dos palestinos da Cisjordânia, o principal território de um futuro estado, apoiam fortemente as chacinas praticadas em 7 de outubro e 16% apoiam parcialmente.

Sobre as diferentes facções armadas que operam na Cisjordânia e em Gaza: as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa têm 80% de aprovação; Jihad Islâmica Palestina, 84%; Brigadas Al-Qassam, 89%. Foram estas últimas as autoras das atrocidades em território israelense. Nada menos que 90% dos entrevistados responderam que “a coexistência está ficando crescentemente impossível”.

Continua após a publicidade

Em compensação, a Autoridade Palestina, que tem autonomia administrativa na Cisjordânia, conta com apenas 10% de aprovação. A Fatah, o partido dominante, 23%. Não soa muito auspicioso para os planos que os Estados Unidos estão tentando fazer Israel aceitar de colocar uma Autoridade Palestina “revitalizada” para administrar Gaza, depois que o Hamas perdesse a capacidade operacional.

Sobre os irmãos árabes, as opiniões não são melhores, principalmente em relação aos que se aproximaram de Israel: 96% desaprovam os Emirados Árabes Unidos, quase empate com a Arábia Saudita com 95,5%, Egito tem 84,6% de rejeição e Jordânia, 75,6%

Nada surpreendentemente, as opiniões também endureceram em Israel. Antes da liberrtação dos reféns, apenas 10% dos israelenses judeus apoiavam um cessar-fogo para facilitar a liberdade dos capturados – ou seja, no mais sensível de todos os aspectos dessa guerra, a população tem majoritariamente uma posição dura. A trégua que permitiu as primeira trocas de reféns por prisioneiros palestinos é um capítulo diferente e a grande exultação nacional que provocou indica que talvez outras concessões sejam aceitas.

Continua após a publicidade

Sobre negociações com a Autoridade Palestina, o apoio caiu de 47% em setembro para 24% depois dos aterrorizantes acontecimentos de 7 de outubro. É o índice mais baixo desde 2001.

Mais: 57,5% acham que as Forças de Defesa de Israel estão usando pouco poder de fogo em Gaza.

O apoio à coexistência de dois estados caiu de 37,5% em setembro para 28,6%. Entre os israelenses árabes, o apoio é muito maior, na faixa, atualmente, de 70,9%.

Continua após a publicidade

Posições tão duras, dos dois lados, fazem temer que depois da guerra não haja uma reversão significativa.

Em meio à euforia pelos grupos de reféns libertados, passou quase despercebido um acontecimento de alto poder simbólico: o Hamas executou a tiros três palestinos em localidades da Cisjordânia, acusados de dar ao Exército e ao serviço de segurança de Israel informações sobre indivíduos procurados. Os corpos depois foram pendurados em torres de transmissão de eletricidade. Em volta, uma multidão aplaudia e comemorava.

Ou seja, o Hamas não só continua a operar numa área à qual Israel tem acesso, em princípio, como escolheu um momento significativo para mostrar isso.

Continua após a publicidade

“Se é assim que tratam sua própria gente, que chances teriam os judeus?”, tuitou o jornalista David Collier, resumindo um sentimento que as pesquisas, dos dois lados, refletem: o momento é de rejeição mútua. E não há perspectivas próximas de melhora. A única alternativa seria o surgimento de líderes palestinos que mostrem ser muito melhores do que os terroristas atualmente celebrados e concitem a população a coexistir. Israel também precisaria de uma renovação e de líderes fortes para conduzi-la.

Em meio à guerra, nada disso pode nem remotamente sequer ser cogitado.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.