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Mundialista

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Candidatura de Trump deveria estar morta e enterrada. Por que não está?

A alegria dos partidários de Joe Biden com a condenação do ex-presidente não tem o efeito correspondente entre um eleitorado teimoso

Por Vilma Gryzinski 3 jun 2024, 08h02

Repetir “criminoso condenado” virou um mantra de todos os políticos democratas e de todos os meios de comunicação – com a conhecida exceção da Fox. Donald Trump tem que entregar suas armas às autoridades, não pode ir a países como o Canadá, o Reino Unido, Japão e Brasil, e dificilmente terá a pena aliviada por um juiz a quem chamou de “corrupto” e “demônio” quando a sentença for anunciada, em 11 de julho, apenas quatro dias antes da convenção do Partido Republicano.

O Serviço Secreto, encarregado da segurança presidencial vitalícia, está verificando celas onde ele poderia ser recolhido, caso não consiga prisão domiciliar. Os apelos serão longos, mas há decisões mais prementes.

Em suma, Trump está lascado.

Exceto por uns certos detalhes. Por exemplo, ele arrecadou nada menos que 70 milhões de dólares nos dois dias seguintes à condenação, na quinta-feira. “É uma farsa o que estão fazendo com o senhor. Vou doar para o senhor”, anunciou, depois de saltar vitorioso do octógono para abraçar Trump, o lutador Sean Strickland, numa luta da UFC, sob aplausos entusiásticos do estádio.

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As bandeiras americanas invertidas tomaram as redes, como símbolo de protesto contra a decisão altamente discutível, não dos doze jurados de Nova York, mas da forma como a promotoria e o juiz conduziram o caso.

As pesquisas ainda não refletem solidamente os possíveis efeitos. Uma maioria de 54%, segundo a Morning Consult, apóia em algum grau a condenação. Ao mesmo tempo, 68% acham que uma multa seria a punição adequada para a condenação por alterar registros comerciais de forma a passar por honorários advocatícios o reembolso a seu advogado pelo pagamento de 130 mil dólares à atriz pornô Stormy Daniels para não falar sobre um encontro sexual que poderia prejudicar sua campanha em 2016.

HORIZONTE PRÓXIMO

Sobre o que mais interessa: os números continuam os mesmos em relação à eleição de 5 de novembro, com 45% para Joe Biden e 44% para Trump no mais recente levantamento. Na média das pesquisas do RealClear, é o contrário: Trump com 47,2%, Biden com 46,4%. Uma diferença tão pequena que não dá para cravar nada, mas deve fazer muita gente na campanha de Biden arrancar os cabelos.

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Qual o nível de ruindade de um candidato à reeleição, uma posição já essencialmente vantajosa, que não consegue nem se beneficiar da condenação de um adversário, propalada 24 horas por dia por todos os canais de televisão?

Biden bem que tentou e, no meio da enorme onda provocada pelas condenações, contrabandeou até um acordo de paz em Gaza, tentando forçar a barra e afirmar, erradamente, que era o mesmo apresentado por Israel. Benjamin Netanyahu reiterou que o desmantelamento do Hamas é condição essencial para qualquer acordo. Ou talvez o objetivo seja na verdade tirar Benjamin Netanyahu do caminho, devido à oposição de seus aliados radicais.

Outra pesquisa, da Reuters, dá um resultado mais negativo para Trump: 10% dos eleitores republicanos provavelmente não votariam nele por causa da condenação.

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Há outros processos, mais sérios, no horizonte próximo e Trump pode acabar seriamente prejudicado.

“TERCEIRO CANDIDATO”

Mas o fato é que “os eleitores gostam mais dele do que de Joe Biden”, segundo escreveu o senador Marco Rubio na Newsweek. Rubio quer ser candidato a vice na chapa de Trump e aderiu ao mesmo clima de exagero dos trumpistas, comparando o julgamento de Nova York aos “de Cuba e da União Soviética”. Como ele nasceu em Miami, filho de imigrantes cubanos que deixaram a ilha antes da revolução castrista, não tem experiência direta do disparate que é colocar a ditadura cubana no mesmo nível que o tribunal nova-iorquino.

Essa é a narrativa que os trumpistas tentam emplacar e o julgamento realmente deixou muitos aspectos abertos a críticas, em especial entre juristas que tentam ter uma visão imparcial – coisa cada dia mais difícil nos Estados Unidos.

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As próximas semanas serão decisivas: Trump pode voltar para onde estava eleitoralmente, depois de uma onda relativamente baixa de rejeição. Ou pode ir perdendo eleitores que simplesmente resolver ficar em casa do que sair para cravar o nome de um condenado. Ou votam em Robert Kennedy Jr. para marcar posição contra Biden, mas não endossar um candidato desmoralizado.

Nesse sentido, o “terceiro candidato” (há mais dois alternativos, de esquerda, com chances zero) se torna um perigo para Trump.

DON TEFLON

“O inimigo interno está prejudicando este país, querem fronteiras abertas, taxas de juros altas, quadruplicar os impostos”, disse Trump na primeira entrevista depois da condenação.

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Este é o tom da campanha de Trump. As apostas estão quadruplicadas. Qual será o dano final para o Don Teflon, como é apelidado, pela incrível quantidade de escândalos dos quais escapa. Uma pesquisa da J. L. Partners dava um aumento de seis pontos em imagem positiva depois do veredicto.

A disparidade das pesquisas indica que os americanos ainda estão se adaptando a um mundo novo, com um candidato bem cotado, e até em posição vantajosa nos chamados estados-pêndulo, e ao mesmo tempo com uma condenação na justiça.

Último adendo: da enxurrada de doações pequenas feitas por eleitores revoltados com o resultado do julgamento, a ponto de deixar o canal fora do ar, 29,7% dos doadores nunca tinham feito isso antes.

Os testes de stress do sistema vão ficar muito maiores.

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