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A farsa monumental montada por Maduro é tapa na cara do mundo

Parecia até que o regime corrupto respeitaria a vontade popular, mas tudo foi armado para enganar os venezuelanos e rir na cara de todos

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 29 jul 2024, 12h37 - Publicado em 29 jul 2024, 07h21
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  • Dá vergonha ver o que Nicolás Maduro e tenebrosa companhia fizeram na Venezuela — e mais vergonha ainda dos que comemoram sua “vitória”, produto da “maior fraude eleitoral da história da América Latina”, na definição do site Infobae.

    O “resultado” grotesco está aí: 51,20% para Maduro, com vantagem de 600 mil votos. O detalhe dos 0,20% é uma grande gargalhada na cara do mundo.

    Uma das vozes mais veementes de repúdio foi a do ultraesquerdista presidente chileno Gabriel Boric: “A comunidade internacional e sobretudo o povo venezuelano exigem total transparência das atas e dos processos, e que observadores internacionais não comprometidos com o governo confirmem a veracidade dos resultados”.

    Maduro e sua corte de corruptos e incompetentes, competentes apenas para fraudar a eleição, devem estar dando risada. “Transparência” e “veracidade” são tudo o que não fizeram nem nunca pretenderam fazer.

    Ao contrário, montaram até “institutos de pesquisas” fake para anunciar uma boca de urna que preparou o caminho para a fraude monumental.

    “FORA, DITADOR”

    Outro ex-presidente latino-americano, Ivan Duque, da Colômbia, foi mais incisivo do que os colegas mais à esquerda. “O roubo se consumou: o tirano Nicolás Maduro cometeu fraude eleitoral para perpetuar-se no poder, ignorando o apoio maciço da população à heroica resistência democrática liderada por María Corina Machado e Edmundo González”.

    “Não se pode reconhecer um triunfo se não se confia na forma e nos mecanismos usados para chegar a ele”, resumiu o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou.

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    Javier Milei foi fiel a seu estilo: “Fora, ditador Maduro!!! A Argentina não vai reconhecer outra fraude e espera que as Forças Armadas desta vez defendam a democracia e a vontade popular”.

    Maduro respondeu com insultos.

    “MALDIÇÃO DO PETRÓLEO”

    Todos os institutos de pesquisas com algum respeito davam até 70% dos votos para a oposição — exceto, claro, os falsos, criados na última hora e endossados por ingênuos ou mal-intencionados.

    A grande fraude, na verdade, começou a ser desenhada com a cassação da elegibilidade de María Corina Machado, a indômita oposicionista de direita que realmente mobilizou o país ao criar uma esperança de mudança.

    Os bolivarianistas não esperavam que ela transferisse prestígio para o candidato escolhido na última hora, Edmundo González, mas foi exatamente o que aconteceu. Os exauridos venezuelanos encontraram forças para ter esperança e María Corina galvanizou o país com suas caravanas, boicotadas de todas as maneiras, mas triunfantes pela ajuda e pelo entusiasmo da população comum.

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    Vale a pena lembrar que a Venezuela tem as maiores jazidas de petróleo do mundo, mas não se enquadra na categoria “maldição do petróleo”, nem tendo hoje o mesmo PIB de 1999, de 102 bilhões de dólares, um quarto do de um estado rico como São Paulo. Per capita, são míseros 2,6 mil dólares.

    RIQUEZA DISPUTADA

    A expressão foi cunhada para designar o atraso, político e social, dos países abençoados pelas reservas petrolíferas. Michael Ross escreveu no livro de mesmo nome que, quando houve a onda de nacionalizações do petróleo em países subdesenvolvidos, nos anos 70, muitos se tornaram progressivamente dominados por governantes tirânicos e com mais probabilidade de ter guerras civis, em especial na África.

    Angola, por exemplo, tão rica em petróleo, teve uma guerra civil travada por dois grupos comunistas, um apoiado pela antiga União Soviética, outro pela China,

    Em resumo, a “maldição do petróleo” criou uma riqueza mais disputada por grupos armados e tornou esses países piores, não melhores. Muitos atribuem a ela as desgraças da Venezuela.

    A realidade, hoje, em outros países que partiram do mesmo nível de desorganização é outra. Os emirados árabes do Golfo Pérsico, por exemplo, são governados por monarcas e chefes tribais, mas desenvolveram um excelente padrão de vida para seus cidadãos, criaram vitrines modernosas como as de Dubai e outros emirados e investem maciçamente em negócios em países desenvolvidos, uma ironia para ex-colônias, na maioria britânicas.

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    MALDIÇÃO ADICIONAL

    A verdadeira maldição da Venezuela se chama Hugo Chávez e Nicolás Maduro, com toda sua corte de exploradores cínicos e corruptos que pretenderam trabalhar para os mais pobres. Em 25 anos no poder, o criador do bolivarianismo e seu sucessor criaram um sistema para produzir pobreza, e não o contrário, um feito comparável ao de Cuba — embora esta não tenha a riqueza petrolífera que “segurou” o chavismo por tanto tempo.

    A nacionalização da petrolífera PDVSA foi um fracasso monumental. O dinheiro que no começo produziu dependentes agradecidos de programas sociais conseguiu destroçar a empresa, aparelhando-a com apaniguados corruptos e incompetentes. Já nos esquecemos, mas funcionários da petrolífera saíam às ruas para protestar quando viam o aparelhamento autodestrutivo da empresa.

    A exploração do petróleo exige um processo constante de modernização e abertura de novos poços. Adivinhem o que aconteceu na Venezuela.

    Chávez obviamente foi um líder com apelo popular, uma maldição adicional. O líder de massas não se submete aos crivos democráticos de praxe e tem um discurso sedutor, carismático, excelente para enganar os que se sentiam excluídos.

    CÂNCER E TEIMOSIA

    A Venezuela desigual do pré-bolivarianismo, com todos os seus problemas, seria um paraíso pelos padrões de hoje, inclusive por sua cobertura noticiosa: mais de 400 veículos de comunicação foram fechados no período atroz do chavismo, incluindo setenta jornais e mais de 280 rádios. Entre os que restaram, públicos ou privados, nenhuma palavra sobre a campanha heroica liderada por María Corina Machado.

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    A combinação de corrupção e incompetência acelerou drasticamente com Maduro, o esperto ex-motorista de ônibus que parece protagonizar o tempo todo uma comédia tosca de televisão sobre ditadores sul-americanos. Nem Woody Allen pensaria numa cédula para a eleição presidencial com treze fotos do sujeito.

    Foi esse o homem que Chávez deixou consagrado antes de ser levado pelo câncer e pela teimosia, em 2013. Preferiu se tratar em Cuba, quando o amigo Lula da Silva lhe abriu as portas para o avançado Hospital Sírio-Libanês, onde ele próprio havia sido curado de um nódulo maligno na laringe.

    Achava que, na ilha do mestre Fidel Castro, estaria mais resguardado e poderia esconder por mais tempo o gravíssimo estágio da doença.

    DINHEIRO FÁCIL

    Maduro aumentou consideravelmente o estrago desenhado por Chávez, desencadeando um processo de aumento de preços — e “soluções” alucinadas —, que deu à Venezuela a inflação mais alta do mundo durante anos.

    Os bolivarianos da elite e os comandantes militares, cooptados pela corrupção, pelo tráfico de drogas e por um vasto esquema de “pedágio” sobre os alimentos gratuitos que deveriam distribuir, obviamente ficaram na vida boa e no dinheiro fácil dos “boligarcas”, os adeptos poderosos do regime.

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    Enquanto isso, o povo via tudo desabar e soldados e civis passavam fome. Comida e remédios tornaram-se inacessíveis e os salários passaram a valer nada. O salário mínimo equivalia a 2 dólares.

    Um estudo feito em 2017 mostrou que, no ápice de crise, os venezuelanos perderam 12 quilos em média, pior do que em Cuba. O tiranete fez piada com a “dieta de Maduro”, como o povo chamava a fome. Entre gargalhadas, disse que a falta de comida ajudava na ereção — em espanhol, rimou. Esse é o nível do homem.

    PROPAGANDA CONTRA

    A podridão do regime e a hiperinflação, que no auge atingiu astronômicos 400.000% produziram 90% da população vivendo abaixo da linha da pobreza. Também expulsaram 5,5 milhões de venezuelanos. Seria como se mais de 40 milhões de brasileiros tivessem deixado nosso país por puro desespero.

    A “venezuelização” se tornou uma péssima propaganda política para a esquerda latino-americana, mesmo que a inflação tenha diminuído e algumas empresas nacionalizadas, devolvidas.

    A farsa eleitoral de ontem acaba com as esperanças de mudança de tantos venezuelanos e tenderá a aumentar o fluxo dos desistentes, os que não aguentam mais e vão embora, inclusive para o Brasil.

    María Corina disse que todas as atas compartilhadas pelo Conselho Nacional Eleitoral mostraram que “Edmundo teve 70% dos votos e Maduro, 30%”.

    “É a eleição presidencial com a maior diferença da história.”

    É triste ver os venezuelanos enganados assim e vergonhoso testemunhar os que endossam a fraude monumental para justificar a relação carnal com um regime podre e cínico que está rindo na cara do mundo.

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