Assine VEJA por R$2,00/semana
VEJA Meus Livros Por Blog Um presente para quem ama os livros, e não sai da internet.
Continua após publicidade

André Aciman, ‘Me Chame Pelo Seu Nome’: ‘Fetichismo não é perversão’

Autor do livro que deu origem a Me Chame Pelo Seu Nome, que teve nu frontal cortado, fala a VEJA sobre sua obra

Por Luísa Costa Atualizado em 30 jul 2018, 15h33 - Publicado em 27 jul 2018, 13h11
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Uma das maiores estrelas da 16ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), o egípcio André Aciman, autor do aclamado Me Chame Pelo Seu Nome (Intrínseca), romance que deu origem ao filme ganhador do Oscar de roteiro adaptado deste ano, ele fala a VEJA sobre as polêmicas que rondam a obra e sua adaptação — incluindo a possibilidade de uma continuação. A conversa aconteceu horas antes da mesa de Aciman, que participará de um debate nesta sexta, às 17h30, na Tenda dos Autores da Flip. Confira alguns trechos da entrevista:

    Publicidade

     

    Publicidade
    Publicidade

    Corte de nu frontal

    “Acho que não tem problema o diretor Luca Guadagnino ter tirado a cena do filme. Cheguei a um ponto na minha vida em que não gosto de ver sexo no cinema ou na TV. Eu não me importo com o enlace, mas o sexo de fato — entre homem e mulher, ou homem e homem — eu não quero mais ver. Não me importo que haja pessoas nuas na cama, se abraçando… Mas o sexo em si eu não preciso ver. Para mim, algumas vezes é o equivalente a ver violência. Toda vez que um drogado se injeta nas telonas, eu não preciso ver a agulha, eu não preciso ver isso! Eu tenho a mesma sensação com sexo. Se é bem filmado e é relevante para a história, ok. De nudez gratuita eu também não gosto.”

    Mesmo a luta contra essa pressão já é uma maneira de ceder a ela, porque você se torna consciente do que o público quer. E, como um escritor, isso pode destruí-lo.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Mulher pode?

    “É possível perceber no filme que a garota tira a roupa de banho e o homem não faz o mesmo. Então, percebemos que há uma diferença de calibração. Mas não estou chateado (com a ausência de nu frontal). Eu fico feliz por aparecer uma árvore lá fora enquanto fazem sexo, e já está bom. Intimidade sexual pode ficar muito legal nas telas e muitos diretores fizeram isso bem. Mas o sexo em si… Não sei. Talvez eu seja muito burguês. Acho que você pode escrever sobre isso, estimula sua imaginação, mas o cinema o impõe a imagem.”

     

    Publicidade
    Publicidade

    Poderia ser mais polêmico

    “O livro tem passagens muito gráficas. Se Luca (Guadagnino, o diretor) quisesse, poderia ter sido mais ousado, como quando Elio lembra a dor que sentiu durante o sexo. Ele poderia ter mostrado isso, mas fazê-lo bem demandaria muito trabalho… ou ficaria apenas chato.”

    Continua após a publicidade

    Sim, há conversas sobre uma sequência de ‘Me Chame pelo Seu Nome’

    Publicidade

     

    Publicidade
    Publicidade

    O damasco

    Fetichismo não é uma perversão, é normal. No caso de Paolo (protagonista de Variações Enigma, sua publicação mais recente), ele não sabe nada. É totalmente ignorante. A maior parte das pessoas na minha geração não sabiam nada sobre sexo até terem 11, 12 anos, ninguém falava para elas. Hoje, crianças de 7 anos já sabem tudo, porque têm computador e podem ver online.”

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Terá sequência?

    “Sim, há conversas sobre uma sequência. Estava pensando sobre isso alguns dias atrás e o livro que estou escrevendo agora poderia ser considerado uma sequência, ou algum tipo de sequência, porque eu ainda estou interessado na questão do desejo.”

     

    Publicidade
    Publicidade

     

    Publicidade
    Publicidade

    Ser escritor após o Oscar

    “O filme teve impacto na minha escrita. Eu penso ‘vou escrever o livro que eu quero escrever’, mas em algum lugar da minha cabeça eu penso ‘as pessoas gostam disso, talvez eu devesse fazer mais’. Mesmo a luta contra essa pressão já é uma maneira de ceder a ela, porque você se torna consciente do que o público quer. E, como um escritor, isso pode destruí-lo. Porque você não está mais escrevendo o que você quer escrever, mas o que você acha que o público espera e demanda. Como em Me Chame… Eu não sabia que iria escrever esse livro. Só aconteceu, e eu escrevi porque significou alguma coisa para mim. Eu estava certo de que ele nem seria publicado, que era uma coisa louca. Mas assim consegui escrever um livro que era genuíno e muito real para muitas pessoas. O livro tem que expressar algo de si sobre o que o público não deve deliberar.”

    Continua após a publicidade

     

    Publicidade
    Publicidade

    O evento

    A 16ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) acontece de 25 a 30 de julho em Paraty, litoral sul do Rio de Janeiro. Com curadoria de Joselia Aguiar, o evento conta neste ano com a participação de André Aciman, autor do livro Me Chame pelo Seu Nome (adaptado ao filme homônimo vencedor do Oscar 2018), o laureado pelo Prêmio Pulitzer Colson Whitehead e a ganhadora do Prêmio Goncourt Leïla Slimani. A escritora homenageada da edição é a polêmica paulista Hilda Hilst.

     

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.