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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Ulysses Guimarães será sempre o timoneiro, Bolsonaro

Trechos do discurso do líder da constituinte são sempre citados nas novas batalhas da democracia - com ou sem recuo, senhor  presidente

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 set 2021, 16h54 - Publicado em 24 set 2021, 16h49
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  • Durante o governo Bolsonaro, volta e meia alguém cita Ulysses Guimarães. Quando mais o presidente ameaça a democracia, mais o país volta ao timoneiro. O presidente da Constituinte não alcançou seu sonho de virar presidente da República. Ulysses Guimarães amargou um sexto lugar na disputa presidencial de 1989, mas suas palavras no histórico discurso de 1988 passaram a ser o mais popular pronunciamento político e o manancial ao qual o país sempre recorre cada vez que há alguma ameaça à Constituição.

    O procurador geral da República, Augusto Aras, citou Ulysses após o pior 7 de setembro dos últimos 199 anos no trecho que diz: “Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca”. O “ódio e nojo à ditadura” está sempre na boca do povo brasileiro democrata. Nos votos de ministros do Supremo, Ulysses é citação frequente.

    Em postagens na internet, em artigos jornalísticos e acadêmicos está lá o velho avisando “conhecemos o caminho maldito”. Na hora de atacar quem ameaça a Carta, há a frase perfeita: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria”. Se é para definir o lado certo da História, Ulysses nos aponta claramente o Norte: “A sociedade foi Rubens Paiva e não os fascínoras que o mataram”. Essa frase só entende quem tem alma, porque os desalmados que defendem o que fizeram com o ex-deputado não podem ser definidos de outra maneira.

    Nesta sexta-feira, 24, o presidente Jair Bolsonaro surpreendeu em parte o país com uma entrevista exclusiva para esta VEJA, negando o que repetidamente disse ao país desde o início do seu mandato. “A chance de um golpe é zero”. “Olha só: vai ter eleição, não vou melar, fique tranquilo, vai ter eleição”. Felizmente, a Constituição liderada por Ulysses não entregou ao presidente da República o poder de dizer se vai ou não ter eleição. A declaração é boa, mas ele não é o dono da bola, como pensa que é.

    Em alguns momentos, parecia uma pessoa normal, falando sobre a economia do país – sobre o que precisamos fazer para tirar o país da crise econômica. Em outros, mostrou alucinação: “não errei em nada”, disse, em relação a pandemia. Ou seja, fora da realidade de sempre, como quando disse que, uma das poucas satisfações que tem, “é saber que não tem um comunista sentado” na cadeira presidencial.

    É preciso esperar. Bolsonaro já atacou e recuou, atacou e recuou, atacou e recuou – inúmeras vezes. Semana que vem pode começar uma nova crise institucional, se resolver novamente virar as costas para o país e olhar apenas para seus radicais. É a sua forma de fazer política. E o jornalismo está e estará atento. Pelo tempo que temos à frente até o fim do atual governo caótico, já se pode prever que as frases de Ulysses continuarão a ajudar o país. “A Nação repudia a preguiça, a negligência e a inépcia”, disse também Ulysses naquele discurso. E outra frase memorável fala do amor à ordem constitucional que o país esperou tanto: “Chegamos. Esperamos a Constituição como um vigia espera a Aurora”.

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