A lua de mel entre a secretária especial da Cultura, Regina Duarte, e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, parece ter chegado ao fim. Segundo informações de integrantes da área de Cultura no governo federal, o estranhamento entre os dois gestores começou com os rumores de recriação do Ministério da Cultura.
Desde a primeira perda do status de ministério em 2016 – por decisão do então presidente Michel Temer -, a Secretaria Especial da Cultura já passou pelos ministérios da Educação e da Cidadania. Em novembro de 2019, foi transferida novamente, desta vez para o Ministério do Turismo.
Ao empossar a atriz Regina Duarte, em março, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que ela merecia mais do que uma secretaria. No entanto, segundo o presidente, ela teria de passar por um “momento probatório“.
De acordo com integrantes do governo, a retomada de um ministério exclusivo para o setor cultural é pouco provável porque a decisão iria na contramão do eleitorado de Bolsonaro. Ainda assim, uma alternativa para ampliar o status da secretaria gerida por Regina Duarte seria reimplantar, por decreto, o Ministério do Turismo como Ministério do Turismo e da Cultura. E é justamente aí que está o cerne do incômodo entre a secretária da Cultura e o ministro do Turismo. Quem seria o titular da pasta? Álvaro Antônio ou Regina Duarte?
Nos últimos dias, Marcelo Álvaro Antônio nomeou pessoas para cargos estratégicos no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sem consultar Regina Duarte. A indicação mais recente foi da blogueira Monique Batista Aguiar para a coordenação do Iphan no Rio de Janeiro.
O Iphan sempre esteve subordinado à Secretaria Especial da Cultura, mas Marcelo Antônio tem um projeto político que passa pelo Instituto. Especialmente no seu estado, Minas Gerais. A ideia do ministro do Turismo, segundo informado à coluna, é comandar tudo o que não diga respeito às artes cênicas e visuais.
Regina Duarte, em contrapartida, já tirou aliados de Marcelo Álvaro Antônio da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Um deles é Leônidas José de Oliveira, demitido por Regina da direção executiva da Fundação. Leônidas, que já foi secretário municipal em Belo Horizonte, é considerado pelo setor como um respeitado quadro técnico.
“Eu era o mais graduado na área e o que tinha maior bagagem de gestão, mas não guardo mesmo ressentimento [em relação à demissão] de Regina. Sou técnico”, afirmou Leônidas de Oliveira à coluna.
ASSINE VEJA
Clique e AssineRegina Duarte foi apoiadora de Jair Bolsonaro nas eleições e acabou convidada a assumir a Secretaria Especial da Cultura em janeiro, tomando posse em março, após um longo período de “namoro” e “noivado”, até chegar finalmente ao “casamento”, conforme o próprio presidente tratou o tema na época.
A área da cultura no governo Bolsonaro sempre foi recheada de polêmicas, passando por várias baixas até a chegada de Regina Duarte. O pior momento, contudo, foi a divulgação de um vídeo institucional do então secretário Roberto Alvim, que usou referências nazistas inspiradas no ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels. Alvim foi exonerado após pressão da opinião pública. Dias depois, Regina Duarte foi convidada a ocupar a secretaria.
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