Por décadas, Marina Silva tem sido uma defensora incansável do meio ambiente, mantendo uma coerência rara no meio político, sem ceder às conveniências que tantas vezes pautam as decisões governamentais. Aqui mesmo na coluna, tratamos inúmeras vezes de suas manifestações, alertas e previsões sobre as graves consequências das mudanças climáticas e a urgência de políticas ambientais efetivas.
Neste momento, em que parte do país é assolada por seca e queimadas, enquanto outra região tenta se recuperar das piores enchentes de sua história, setores da imprensa e da sociedade parecem querer colocar a culpa justamente em quem nunca cruzou os braços diante das ameaças ao meio ambiente.
A história e a ciência têm mostrado que Marina sempre esteve certa. Eventos extremos, como as queimadas intensificadas, a seca prolongada e as inundações catastróficas, validam suas previsões e sua incansável tentativa de mobilizar governos e a sociedade para mudar o modo de agir.
A questão persistente é: por que é tão difícil para os líderes e a população em geral ouvir e agir baseados nas recomendações de uma especialista dedicada, internacionalmente admirada e comprovadamente correta? Sem a influência de Marina, a situação ambiental no Brasil provavelmente estaria muito pior.
O país e o mundo fariam bem em não apenas ouvir, mas agir com base em suas palavras. A história nos mostrará que Marina não foi o problema, como alguns irresponsavelmente tentam acusá-la em meio à crise, mas sim uma voz fundamental que sempre indicou os caminhos para soluções que foram amplamente ignoradas.
Talvez lhe falte a picardia dos picaretas, sempre tão eloquentes na arte de iludir aqueles que preferem mentiras confortáveis à dura realidade.